Depois de uma terceira guerra mundial, há um consenso de que
o mundo não suportaria uma quarta – para tal, na cidade-estado de Libria (uma
selva distópica feita de concreto) é criado o Clero Tetragrammaton, responsável
pela eliminação do que torna os seres humanos destrutivos: os sentimentos.
Mas é claro que a simples imposição social não funcionaria
por si só, então algumas medidas são tomadas, sendo a principal delas o uso do
Prozium – uma espécie de droga que suprime qualquer emoção humana. A arte
também é considerada uma inimiga (afinal, não há maior gatilho em direção aos
sentimentos) e destruída pelo Clero, com cenas de sensibilidade ímpar
envolvendo o pouco de beleza restante no universo de Equilibrium: pinturas famosas queimam e gritam; poemas são
recitados por personagens à beira da morte e uma crise de choro é deflagrada
por alguns simples segundos de uma sinfonia de Beethoven.
John Preston é um
alto sacerdote do Tetragrammaton, aluno disciplinado e servidor leal ao Pai – o
governante de Libria, que possui uma enorme semelhança com o Grande Irmão de
1984. Um dia, Preston acidentalmente deixa sua dose de Prozium cair, fazendo
com que tudo se modifique: uma manhã sem a droga já é o suficiente para que ele
perceba que por mais alto que seja o preço a pagar pelos sentimentos, vale a
pena – “sem amor, sem raiva, sem
tristeza, a respiração é como um tictac de um relógio”.
A “descoberta” das emoções por parte de Preston se dá de uma
forma tão violenta, tão repentina que é quase como uma dor, que é passada ao
espectador nos mínimos detalhes. O mundo era a ele limitado mesmo nas menores
sensações do dia-a-dia, e agora ele as tem. Como conseqüência da recuperação de
seu coração metafórico, vem um enorme desejo por individualidade e uma
curiosidade não comum aos librianos – afinal, formigas não podem se desviar do
trabalho porque gostariam de saber de que cor são as flores.
Só há um problema que faz Equilibrium não merecer nota máxima: as cenas de ação. Embora elas
não atrapalhem muito o desenvolvimento ou funcionem como um deus ex machina, algumas delas soaram
bastante exageradas (ou até mesmo ridículas) para mim. É uma pena: como
mostraram Matrix, Jogos Vorazes e muitos outros, é sim
possível reunir reflexão e pancadaria.
Nota: 4/5