05 março 2014

Jogador número um e as desvantagens de não ser uma fã girl



Acho que meu maior problema é não ser uma fã girl.

Calma, eu explico: estou muito bem sem ataques cardíacos a cada lançamento de um teaser trailer da minha série preferida. Apesar de esperar bastante por sequencias de séries literárias, consigo dormir – sem grandes ansiedades aqui – e mesmo se a cena for emocionante, não tenho tanta vontade assim de gritar no cinema.

Mas eu sinto falta da obsessão, da obsessão que faz com que você decore cada fala de episódios de um seriado, assistindo-os milhares de vezes. Desde Harry Potter e Desventuras em série, nunca mais destruí um livro por tê-lo relido vezes demais, a lombada quebrada como um Keri Smith e as páginas quase derretendo entre meus dedos.

Não, eu aprecio cada obra que leio ou assisto, cada música que escuto. As que são boas ganharão um local no meu coração, e as extremamente perfeitas serão revisitadas ocasionalmente sempre que eu arrumar um tempinho para elas, ou quiser um porto seguro para me divertir. Mas existem coisas demais no mundo para que eu assista Pulp Fiction (um de meus favoritos) cem vezes; ouça Black Keys todas as manhãs indo para a escola ou releia Cloud Atlas até que eu precise comprar um exemplar novo. Sou uma fã de quantidade, que quer experimentar o máximo desse maravilhoso mundo de ficção, não uma de obsessões.

Vivo em paz comigo mesma nesse estado na maior parte do tempo, ficando feliz pelo meu enorme repertório e não ligando por não saber parágrafos inteiros de A arma escarlate, mas quando me deparo com um fã obsessivo de carteirinha, pontadas de inveja me atingem. Como é possível amar tanto uma coisa assim,meu Deus?

E ah, Wade. Você me deu uma inveja de doer. Inveja de ter que subir o Bonfim de joelhos pra pedir perdão.