Acho que meu maior problema é não ser
uma fã girl.
Calma, eu explico: estou muito bem sem
ataques cardíacos a cada lançamento de um teaser trailer da minha
série preferida. Apesar de esperar bastante por sequencias de séries
literárias, consigo dormir – sem grandes ansiedades aqui – e
mesmo se a cena for emocionante, não tenho tanta vontade assim de
gritar no cinema.
Mas eu sinto falta da obsessão, da
obsessão que faz com que você decore cada fala de episódios de um
seriado, assistindo-os milhares de vezes. Desde Harry Potter e
Desventuras em série, nunca mais destruí um livro por tê-lo
relido vezes demais, a lombada quebrada como um Keri Smith e as
páginas quase derretendo entre meus dedos.
Não, eu aprecio cada obra que leio ou
assisto, cada música que escuto. As que são boas ganharão um local
no meu coração, e as extremamente perfeitas serão revisitadas
ocasionalmente sempre que eu arrumar um tempinho para elas, ou quiser
um porto seguro para me divertir. Mas existem coisas demais no mundo
para que eu assista Pulp Fiction (um de meus favoritos) cem
vezes; ouça Black Keys todas as manhãs indo para a escola ou
releia Cloud Atlas até que eu precise comprar um exemplar
novo. Sou uma fã de quantidade, que quer experimentar o máximo
desse maravilhoso mundo de ficção, não uma de obsessões.
Vivo em paz comigo mesma nesse estado
na maior parte do tempo, ficando feliz pelo meu enorme repertório e
não ligando por não saber parágrafos inteiros de A arma
escarlate, mas quando me deparo com um fã obsessivo de
carteirinha, pontadas de inveja me atingem. Como é possível amar
tanto uma coisa assim,meu Deus?
E ah, Wade. Você me deu uma inveja de
doer. Inveja de ter que subir o Bonfim de joelhos pra pedir perdão.