Numa aula de espanhol, eu já havia assistido ao filme de Como água para chocolate – e gostado bastante. Como é tendência, o livro mostrou-se muito melhor.
Tita de La Garza cresceu na cozinha: por sua mãe, a temível Mamá Elena, não ter leite para dar a sua filha caçula, sua alimentação – além de qualquer vínculo emocional com o resto do mundo – ficou por conta de Nacha, empregada da família. Talvez seja por isto que Tita se tornou uma maravilhosa cozinheira, e também a razão pela qual os capítulos do livro sejam estruturados em torno de uma receita: a autora soube bem intercalar a forma de preparo de diversos quitutes com acontecimentos significativos pro enredo.
Por causa de uma velha tradição familiar – a de que a filha caçula deveria cuidar da mãe até que a mesma morresse – Tita é privada de casar-se com Pedro, a quem ama bastante. Pedro, a fim de ficar perto de sua amada, casa-se com sua irmã, Rousaura, iniciando-se assim uma série de intrigas na família de La Garza. Essas intrigas são literalmente alimentadas pelas reações causadas pela comida preparada por Tita, que carrega todas as emoções que a mesma sentiu durante o seu preparo.
Para alguém desacostumado – feito eu – o gênero realismo literário, ao qual o livro pertence, pode soar estúpido e infantil. Contudo, depois que me acostumei, dei boas risadas com os “exageros” presentes neste tipo de obra.
Os personagens são um ponto que divergiu minha opinião: enquanto adorei Tita, a heroína, por sua força e coragem, detestei Pedro por ele ser completamente diferente de sua amada. Mamãe Elena foi uma vilã maravilhosa: Laura Esquivel conseguiu fazê-la detestável, mas ao mesmo tempo humana.
Mais um ótimo livro para o Desafio Literário 2012. Que venham muitos mais nos próximos onze meses!
Nota: 4/5