Outro dia estava escutando o podcast Papo na Estante e, entre várias ótimas colocações, um dos
participantes falou algo como “o Brasil precisa mais dessa literatura arroz com
feijão”.
O termo ficou na minha cabeça por dias. Literatura arroz com
feijão, aparentemente, é aquela despretensiosa, feita para divertir e entreter
o leitor, não para suscitar discussões acadêmicas, embates filosóficos e crises
existenciais. Sim, eu leio livros mais densos como Os sofrimentos do jovem Werther ou Os irmãos Karamazov, mas não é o tipo de coisa que você quer depois
de um dia cheio e cansativo.
Partindo desse ponto, os convidados chegaram a outra
questão: a escola (onde a grande maioria, infelizmente, entra em contato pela
primeira vez com a leitura) não ajuda muito nessa formação leitora, inserindo
esses tais livros densos em fases inadequadas. Não só por uma questão de
linguagem – a de Machado de Assis, por exemplo, está longe de ser um bicho de
sete cabeças – mas de experiência de vida. Não que um aluno do ensino
fundamental não possa gostar Dom Casmurro
(eu amei!) mas mais provavelmente alguém mais velho relacionaria as situações
ali dissecadas com sua vida de forma mais eficiente, compreendendo porque essa
é, afinal, uma das obras mais respeitadas não só no Brasil, mas no mundo.

Blábláblá a parte, devo ser mais ou menos a última a
responder o selo de Incentivo a leitura – para o qual fui indicada umas cinco
vezes, mas só consegui achar meu nome no post da Dasty-Sama e no Alacaazam –
mas não por achar a ideia ruim, muito pelo contrário. Só achei o meme bem
complicadinho de se escrever, porque não consigo me lembrar de nenhuma época em
que a leitura não fizesse parte do meu dia-a-dia. Não existiu livro que me fez
começar a gostar de ler. Depois de matutar um pouco, porém, cheguei a essa
seleção – sim, sou rebelde, não escolhi um só.