28 dezembro 2011

F2 + F3: Geração Prozac


O que acontece quando você vai ao cinema assistir missão impossível e a sessão já lotou? Se você respodeu assistir um filme de ação idiota e se decepcionar, acertou.
OK, vamos lá: o problema é que eu realmente não gosto do gênero, mas, "Os especialistas" até que foi bem executado. Mas não é sobre ele que escrevi, e sim sobre "Geração Prozac".
Elizabeth “Lizzie” Wurtel, uma garota brilhante academicamente e uma ótima escritora – mas cheia de problemas com a mãe rígida e o pai ausente – inicia seu primeiro ano na Universidade Harvard. Tudo vai muito bem – ela tem uma colega de quarto legal, vida social, admiradores, amigos, ganhou um prêmio de jornalismo e até chegou a publicar um artigo na revista Rolling Stone – quando uma das suas constantes na vida deixa de existir: ela não consegue mais escrever.
A partir daí, tudo vai mal para Lizzie: ela começa a abusar das drogas (que antes só usava “recreativamente”, por assim se dizer) não dorme, come ou toma banho e briga com todos a sua volta.
O filme me divide. Sei que é bastante desesperador perder um "dom" que você teve sua vida toda (ou qualquer coisa com que já esteja acostumada) e graças a edição bem legal e a uma atuação razoável da atriz principal, a depressão da mesma passa uma veracidade muito boa – talvez comparável a de Justine, personagem principal de Melancolia, que também gostei. Porém, em certos momentos, Lizzie torna-se insuportável por mergulhar em um mar de lamentações e auto-piedade, e o filme tenta, mas falha em justificar o comportamento melodramático da sua mãe - porque é normal que uma mãe que criou sua filha sozinha se sinta sobrecarregada, mas não é normal que a mesma se lamente por isso pelo resto da vida e jogue isso em cima da supracitada prole.
Não sei se no livro no qual o filme foi baseado – que é uma auto-biografia dos anos depressivos da autora – o mesmo ocorre, porém, o título não parece ser tão justificável: Lizzie só começa a usar o famoso anti-depressivo já no finalzinho do filme, com algumas reflexões interessantes sobre o que o mesmo pode causar na personalidade dos que os usam – a informação de que 300 milhões de receitas para Prozac foram emitidas em apenas um ano (creio que a estatística deva ser dos anos 80, quando o filme se passa) é alarmante.
Intenso. Se fosse para descrever “Geração Prozac” com apenas uma palavra, é essa que eu escolheria. Intenso, intenso o suficiente para me incomodar levemente e me fazer pensar sobre todas as pessoas que sofrem desse mal – o mal do século XXI, alguns dizem. Mas ainda senti que faltou alguma coisa.

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