Acho que meu maior problema é não ser
uma fã girl.
Calma, eu explico: estou muito bem sem
ataques cardíacos a cada lançamento de um teaser trailer da minha
série preferida. Apesar de esperar bastante por sequencias de séries
literárias, consigo dormir – sem grandes ansiedades aqui – e
mesmo se a cena for emocionante, não tenho tanta vontade assim de
gritar no cinema.
Mas eu sinto falta da obsessão, da
obsessão que faz com que você decore cada fala de episódios de um
seriado, assistindo-os milhares de vezes. Desde Harry Potter e
Desventuras em série, nunca mais destruí um livro por tê-lo
relido vezes demais, a lombada quebrada como um Keri Smith e as
páginas quase derretendo entre meus dedos.
Não, eu aprecio cada obra que leio ou
assisto, cada música que escuto. As que são boas ganharão um local
no meu coração, e as extremamente perfeitas serão revisitadas
ocasionalmente sempre que eu arrumar um tempinho para elas, ou quiser
um porto seguro para me divertir. Mas existem coisas demais no mundo
para que eu assista Pulp Fiction (um de meus favoritos) cem
vezes; ouça Black Keys todas as manhãs indo para a escola ou
releia Cloud Atlas até que eu precise comprar um exemplar
novo. Sou uma fã de quantidade, que quer experimentar o máximo
desse maravilhoso mundo de ficção, não uma de obsessões.
Vivo em paz comigo mesma nesse estado
na maior parte do tempo, ficando feliz pelo meu enorme repertório e
não ligando por não saber parágrafos inteiros de A arma
escarlate, mas quando me deparo com um fã obsessivo de
carteirinha, pontadas de inveja me atingem. Como é possível amar
tanto uma coisa assim,meu Deus?
E ah, Wade. Você me deu uma inveja de
doer. Inveja de ter que subir o Bonfim de joelhos pra pedir perdão.
Quando o grande inventor e dono único
da simulação OASIS morre sem deixar herdeiros, lança-se uma
competição imaginada pelo próprio – os usuários que acharem
primeiro os “easter eggs” deixados pelo gênio recluso ganharão
todo o patrimônio do velho. Para tal, se subentende que os
competidores terão que passar por provas, onde os seus conhecimentos
sobre os anos 80 – a década da adolescência do criador – serão
testados.
Mesmo se não contarmos a enorme soma
financeira acumulada, a herança não é pouco: o OASIS domina o
mundo. Lá se estuda, se trabalha, diverte, assiste filmes, lê, paga
contas e tudo mais que se possa imaginar. Com uma vida de pobreza à
sua volta morando com uma pouco amorosa tia, Wade tem o OASIS como
seu único porto seguro, passando lá por vezes mais de doze horas
diárias. Ele e o resto da humanidade – o mundo vive em um enorme
caos, e a simulação é o único refúgio.
O grande objetivo dele é, é claro,
achar todos os easter eggs e arrebatar a fortuna, mas isso não tem
se provado fácil para nenhum (literalmente nenhum) dos chamados
“caça-ovos”: mesmo anos depois de lançado o desafio, nada foi
encontrado. Um dia, porém, durante suas aulas no OASIS, Wade
consegue desvendar a primeira pista, lançando finalmente luz no que
viria a ser uma das competições mais acirradas da história.
Antes de finalmente ler Jogador
número um, outros resenhistas haviam me dito em seus blogs e
vlogs que o livro não vale muito a pena se você não for um geek
frenético ou pelo menos tenha um bom conhecimento dos anos 80. Bom,
não gosto muito de me auto-denominar coissisima nenhuma, e toda
minha sabedoria sobre a época vem da Sessão da tarde, mas no caso
dessa que vos fala, nada além disso foi necessário: as referências
estão explicadas o suficiente para que qualquer um consiga pegá-las.
Não consigo imaginar, aliás, qual foi
o tamanho da pesquisa necessária para Jogador número um:
cada página transborda de citações de games, filmes, séries e
livros dos anos 80 (que, segundo os pesquisadores, nem foi um ano tão
bom para a arte assim). A maior parte do público deste blog não
passa dos vinte e poucos, mas se você viveu a época, a leitura deve
ser mais fascinante ainda.
Mesmo que Wade tenha feito achar os
ovos o único objetivo de sua vida há anos, é difícil acreditar
que ele tenha conseguido assistir tantas vezes filmes e séries
(algumas gigantescas como Doctor Who), zerar jogos até a perfeição
e compilar um diário com detalhes sobre a época. Fora isso, porém,
tudo sobre o personagem é bem crível: o autor não hesitou em
colocá-lo gordo e espinhento (como se espera de alguém que se
alimenta mal e passa o dia em frente a uma tela) e com algumas falhas
de personalidade próprias de quem não interage muito com outros
seres humanos. O melhor amigo e o interesse romântico de Wade, por
sua vez, nascem como personagens planos e simples, mas quando a
corrida vai avançando, ficam cada vez mais complexos e
surpreendentes. É: Jogador número um ainda não me fez virar
uma fã girl, mas ficou bem perto.
Acho que nunca me interessei muito por esse livro, se li uma resenha dele antes de seu post, foi muito. Mas lembro de ter lido sobre as referências dos anos 80 e isso realmente me interessa e muito. Não sou geek, mas acredito que a leitura seria muito boa comigo também ><
ResponderExcluirBeijos
http://mon-autre.blogspot.com.br
Fiquei interessada nesse livro pois acho essa ideia de realidade virtual muito interessante aí resolvi comprá-lo e com certeza foi uma ótima decisão. Eu não conheço na-da dos anos 80, mas isso não me fez ficar chateada e a cada página me via cada vez mais dentro do OASIS.
ResponderExcluirEnfim chei uma leitura super valida e amei o livro :)
Esse livro >>>>>>>
ResponderExcluirEu lembro que comecei ler sem nem dá bola pra ele, em dois dias já tinha ldo todo e tinha me apaixonado, simplesmente viciante. Amei, espero reler esse ano <3
Adoro vim aqui no blog :)
Beijos
Me recomendaram bem esse livro, mas sempre acaba ficando pra depois!
ResponderExcluirAhhhhh você leu esse livro! Gente, eu amei-o loucamente. Eu tenho anotada todas as referências para um dia eu assistir, ver, experimentar. Gosto muito dos anos 80, mas, assim como você, falta um pouco de fan girl feelings em mim.
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