Esse foi um top dez bem difícil para mim: como o nome do
blog indica, meu gênero preferido é distopia – e a maioria dos personagens
desse gênero não tem vidas que posso chamar de agradáveis. Mas como são só
vinte e quatro horinhas, vocês verão que minha lista não é feita só de algodão
doce e arco-íris – embora eu ainda prefira não ter meu nome na Colheita.
Tessa não tem uma boa surpresa de boas vindas: logo que
chega na Inglaterra vitoriana para morar com seu irmão em Londres, ela é seqüestrada
pelas Irmãs Sombrias, duas feiticeiras. Logo algo extraordinário lhe é
revelado: a pacata garota de Nova York tem o poder de assumir a forma de outros
humanos e até mesmo ler seus pensamentos, bastando somente um objeto da “vítima”
em questão. Tessa nem sempre é uma mocinha forte no melhor estilo Katniss Everdeen,
mas seu lado meio “mística” compensa esse defeito.
O mundo criado por Scott Westerfeld é assustador: graças
a uma operação que todos passam aos dezesseis anos, a “perfeição física” é
alcançada – acompanhada de uma boa redução no livre arbítrio, o que garante a
paz mundial. Mesmo sabendo o quão destrutivo era o sistema anterior, Shay
pretende fugir da operação – e a única maneira de fazer isso é fugindo para a
Fumaça, uma espécie de resistência para aqueles que querem continuar “Feios”.
Era ela, e não Tally (que é MUITO chata) que deveria ser a protagonista da
série (desejo semi-realizado na série de mangás que contam os livros a partir
do ponto de vista de Shay, que pretendo resenhar em breve) e seria fascinante
me indignar com esse estúpido mundo perfeito na pele dela.
8 – Artemis
Fowl, da série Artemis Fowl
Artemis Fowl é meu anti-herói preferido: herdeiro da
lendária família Fowl, o garoto é um gênio (do “mal”). Sua maneira de ganhar
dinheiro? Subornar o povo que mora no subterrâneo – fadas, elfos, goblins e
outras criaturas mais – e que vem se mantendo escondido há milênios. Preciso
dar mais razões?
7 – Tender
Branson, de Sobrevivente
É claro que um livro de Chuck Palahniuk não poderia
faltar por aqui.
Pense em choque cultural, pense na vida de Tender
Branson: depois de morar os seus primeiros dezessete anos em uma comunidade
religiosa isolada do resto do mundo (e sem coisas tipo eletricidade ou comida
enlatada) ele cumpre seu destino e vai para o mundo de fora. Tender tem as idiossincrasias
mais legais do universo, e seu status de “celebridade da auto-ajuda religiosa”
lhe coloca em situações inusitadas.
6 – Cersei
Lannister, da série Crônicas de gelo e
fogo (resenha do primeiro livro aqui)
OK, eu também odeio Cersei Lannister e acho que ela é
quase que o mal encarnado. Em A guerra
dos tronos, a rainha dos sete reinos mente, adultera, mata e comete todo
tipo de outras injúrias que se possa imaginar em nome do poder. É exatamente
essa falta de escrúpulos e excesso de sagacidade que a tornam uma personagem
fascinante, com pontos extras por não ser uma vilã plana – algumas características
“redentoras” (como amar incondicionalmente seus filhos e fazer tudo por eles)
garantem que isso não aconteça.
5 – Emma, de Emma
Emma é bonita, inteligente, rica, adorada e talentosa –
sem fazer nada para isso. Além da vida fácil, trocar de lugar com minha mocinha
preferida de Jane Austen seria ótimo pelo ambiente em si: a aristocracia
inglesa daquela época não é onde eu gostaria de passar uma vida (três palavras:
machismo, tédio e doenças) mas experimentar seus modos e costumes por vinte e
quatro horas seria fantástico.
4 – Jean
Baptiste Grenouille, de O perfume
Jean Baptiste tem um olfato único, conseguindo sentir
cheiros a quilômetros e quilômetros de distância. O livro de Patrick Suskind me
fez prestar mais atenção nesse subestimado sentido, e me frustrei por isso: o
meu é tão ruim (pelo menos em comparação ao de Grenouille) que a poesia do
livro não me pareceu tão real.
3 – Anna, de Anna e o beijo francês
PERGUNTA: O que é melhor na vida de Anna?
a) morar em um internato em Paris
b) saber tudo sobre cinema
c) seus amigos super estranholegais
d) Étienne St. Claire
e) todas as alternativas acima
2 – Qualquer
um em A bússola de ouro
A bússola de ouro,
minha última leitura, me deixou de queixo caído pelo seu clima steampunk. Mas
não é a mistura de clima antiguinho com tecnologia de ponta que me interessa
mais nesse caso, e sim os dimons: a alma humana em forma de um animal, que
acompanha seu dono do seu nascimento até a morte – servindo como companheiro,
conselheiro e, no caso dos adultos (cujos dimons têm forma fixa) maneira de
conhecer mais a si próprio.
1 – Harry Potter, da série Harry
Potter
Ao trocar de vida com o bruxinho eu desejaria para ele um
dia bom, no qual uma aventura maravilhosa qualquer em Hogwarts terminasse bem e
com louros, não em morte e destruição – embora isso faça parte. Harry Potter
(assim como quase todos os personagens acima) sofre bastante. E isso, do meu
ponto de vista de leitora, é bom: quem gosta de personagens com vidas
perfeitas?
Esse post é parte do Top Ten Tuesday, meme criado pelo blog The brook and the bookish. Mais sobre aqui.