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23 abril 2012

Anjo mecânico (série As Peças Infernais)


Depois da morte de sua tia (sua única parente viva nos Estados Unidos) a orfã de dezesseis anos Tessa parte para a Inglaterra de 1878 com a esperança de uma nova e melhor vida ao lado de seu amoroso e irresponsável irmão. A recepção que recebe, porém, não é como a esperada: ao invés de ter Nate a esperando no sujíssimo porto britânico, Tessa é recebida pelas Irmãs Sombrias – duas feiticeiras incumbidas de treiná-la para utilizar seu poder (cuja existência Tessa ignorava) a preparando para se casar com alguém desconhecido e bastante poderoso chamado apenas de Magister.

Ao ser resgatada por Will e James, dois Caçadores das Sombras (grupo de pessoas responsável por manter a Lei, evitando choques entre os Habitantes do Submundo e os humanos) Tessa vê que nada é como ela imaginava: todo um mundo sobrenatural se abre a sua frente. Ela não está sozinha ou é uma aberração, mas seu poder é único o suficiente para ser almejado por muitos. Acolhida pela boa Charlotte, diretora do Instituto de Londres (uma espécie de quartel general dos Caçadores das Sombras) ela começa a perceber que nunca reaverá sua vidinha antiga de volta.

Anjo Mecânico é o primeiro livro da série As Peças Infernais, pré-sequencia para  a mundialmente famosa Os Instrumentos Mortais. Confesso que ao começar a ler o primeiro livro desta última série, Cidade dos Ossos, quase desmaiava de sono – por isso, Anjo Mecânico foi uma surpresa muito boa.
A narrativa é frenética – cortes em pontos essenciais, passando de um foco de personagens a outro, fazem com que a leitura flua melhor e largar o livro seja uma tarefa ingrata. As referências a poemas e livros famosos na época não torna a leitura um hipertexto desagradável (como sempre temo ao ver muitas notas de rodapé) e sim enriquecedor.

Não entendo a fascinação que muitos parecem ter pela Inglaterra – na verdade, acho a Terra da Rainha bastante sem graça (salvo o sotaque) se comparada a outros lugares no mesmo continente – mas as descrições de Cassandra Clare da Londres vitoriana são fantasticamente elaboradas, dando um toque bastante especial ao livro. Os costumes também são abordados: Tessa fica bastante chocada com o comportamento de Charlotte – ela usa calças, luta e fala de igual para igual com seu marido Henry.

Faz bastante parte da evolução da protagonista, aliás: no início, Tessa é cheia de não-me-toques, dando demasiada importância ao que era (ou não) esperado de uma dama naquela época. Com o tempo, ela vê que tal comportamento não é adequado a sua nova vida, não servindo ao seu propósito de achar seu irmão.

De forma geral, os personagens são agradáveis, exceto por Will. Sei que arrogância e humor ácido em um par romântico para a mocinha em potencial podem ser transformados em um grande charme – mas Casssandra Clare passou da conta com Will. Usando como justificativa o seu passado desagradável, ele se torna irascível em alguns pontos. A insinuação de um complicadissimo triângulo amoroso entre ele, Tessa e James (que considera Will como seu irmão e é bem mais agradável que o mesmo) também não me agrada muito – talvez seja trauma de Crepúsculo e seus teams. Não gosto de gritinhos de fãs ao assistir adaptações para o cinema – mesmo que, em alguns casos, eu mesma tenha que me controlar para não da-los.