09 janeiro 2012

L5: A menina que brincava com fogo

Demorei um pouco para ler "A menina que brincava com fogo": ganhei-o de presente em um amigo secreto de 2010, e agora me arrependo de ter feito a leitura somente semana passada. Apesar de preferir "Os homens que não amavam as mulheres" o primeiro livro da série Millenium, escrita pelo sueco Stieg Larsson, o segundo volume também possui seus méritos. Aspectos positivos, tais quais os personagens interessantes e estória envolvente são mantidos, mas a linguagem por demais direta (ou também podemos dizer jornalística, profissão de Larsson) também prossegue.
Mas esta é uma das poucas críticas que posso fazer ao livro. Depois de ter sua vida salva por Lisbeth Salander, o jornalista Mikael Blomksvit tem a chance de retribuir: a perigosa hacker de nível internacional é indiciada por triplo assassinato. Uma de suas suposta vítimas é um velho conhecido: seu tutor, que a estupra no primeiro livro e, depois de cair em uma armadilha, é obrigado a obedecer as exigências feitas por Lisbeth. Os outros são figurinhas novas: um casal composto por uma criminologista, que pesquisa a prostituição na Suécia, e um jornalista, colaborador da Millenium, revista de Mikael.
Quando Lisbeth é apontada como principal suspeita e começa a ser procurada (em vão, já que a habilidosa hacker é cheia de truques) uma crítica ao sensacionalismo midiático é feita pelo autor: mesmo sem a certeza de que Lisbeth seria culpada, os detalhes mais íntimos da sua vida são expostos e manipulados, pintando-a como uma psicopata assasina. Neste meio, cabe a Mikael achar culpados alternativos, salvando então sua amiga da prisão.
Lisbeth Salander é, talvez, uma das minhas personagens preferidas de ficção: gosto de sua moral torta, sua inteligência e suas habilidades investigativas. Larsson consegue fazer com que a moça anti-social pareça uma heroína, uma heroína ligeiramente torta, mas uma heroína. Além disso, é uma delícia a história ser ambientada em Estocolmo: é bom fugir do eixão de grandes cidades/cidadezinhas americanas.
O feminismo contido em Millenium é um capítulo a parte. Algumas feministas criticaram a personagem Lisbeth Salander, contudo, creio que isso só se aplique ao filme.: ambos os livros que possuem personagens femininas fortes (Lisbeth e Erica Berger, diretora geral da Millenium e amante de Mikael) e criticam incessantemente a violência contra a mulher.. Mia Bergman, uma das supostas vítimas de Lisbeth, pretendia denunciar vários homens pelo uso de prostitutas (o que é crime na Suécia) inclusive policiais. Mikael, munido desta informação, começa a procurar culpados dentre os clientes sexuais, inserindo assim a discussão sobre a violência contra prostitutas. Na Suécia, onde todas as suas cidadãs têm garantidas as condições mínimas de vida, as prostitutas são, em sua maioria, adolescentes estrangeiras, que são atraídas por falsas promessas de emprego e vida melhor e acabam sendo exploradas e levando seqüelas (tais quais traumas e vícios) para toda a vida. Outro ponto aqui é creditado a Larsson: ele não só mostra os males e a organização da prostituição, mostra também as diferentes reações de membros da sociedade, muitas quais coniventes ou até mesmo favoráveis a exploração sexual de estrangeiras.
Ainda não assisti a versão sueca do filme do primeiro livro, mas procurarei logo que voltar à minha cidade. A versão americana me pareceu, pelos trailers, um pouco, hã, americanizada, mas não deixarei de assisti-la também.
O plano inicial de Larsson eram cinco livros, contudo, ele morreu após entregar o terceiro ao seu editor. É uma pena: Millenium é aquele tipo de saga que, pela amplitude do seu tema, poderia sempre se renovar.

1 comentários:

  1. Oii!
    Eu adoro suas resenhas! :)
    Ainda preciso ler essa trilogia, queria ler antes de ver o filme!
    Parece ser uma leitura bem interessante :)
    Um beijo!

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