2013 foi um ano longo, longuissimo – não consigo me lembrar tão bem quanto deveria das sensações oferecidas pelas leituras abaixo. Essa lista, porém, foi relativamente fácil de ser feita – foi esse ano que li os melhores livros da minha vida, alguns que mudaram a maneira com que a enxergo, e dessa maneira, não foi uma seleção tão difícil assim. Eis os meus melhores de 2013, em nenhuma ordem específica:
Eu já havia adorado a adaptação
cinematográfica – que apesar de um bom filme, como em geral
acontece, não chega aos pés da obra literária – mas esse livro
tirou o meu fôlego. Sabe aquele tipo de coisa que tira a sua
respiração e te deixa entregue às lágrimas como acaba? Foi assim
que The Children of Men (sabe lá Deus como, infelizmente
ainda não traduzido no Brasil) me deixou.
A premissa: o fim da fertilidade
humana. Nos quatro cantos do mundo, mulher alguma consegue
engravidar, e vinte e cinco anos depois, é óbvio que regimes
ditatoriais e nações caóticas emergem com mais frequência ainda
do que antes.
Na Inglaterra, tudo é controlado por
Xan, primo do nosso protagonista, Theo. Com medidas polêmicas como o
uso de imigrantes em regime de servidão, uma colônia penal cruel e
o suicídio indolor em público conseguido através do Quietus, não
são todos que gostam do que ele faz – e nosso melancólico
protagonista acaba, por acaso, se envolvendo com um desses grupos.
The Children of Men fala de
esperança, solidariedade e desespero, temas humanos e
maravilhosamente trabalhados. Ao contrário da maior parte dos
“livros que mudam a vida”, é uma leitura relativamente fácil,
embora assim como Norwegian Wood, seja exímio em transferir as
emoções negativas e positivas dos personagens para o leitor.
E foi com esse livro que eu disse adeus
à Jane Austen.
O único que me faltava dessa magnífica
escritora inglesa me surpreendeu – a obra é, com toda a certeza,
subestimada. Catherine, a nossa heróina, é uma garota comum, com
uma família gigantesca que por pouco ainda se inclui na
“aristocracia” inglesa. A convite de amigos da família, ela
parte para a sua primeira incursão sem os diversos irmãos e os
pais, onde as coisas acontecem diferente do esperado por sua
imaginação fértil – mas, ainda assim, não deixam de ser uma
aventura.
Qualquer leitor voraz se identificará
com a personagem: Catherine vive com a cabeça nas nuvens, sempre a
pensar como seriam as coisas caso os acontecimentos cotidianos de sua
vida fossem como nos livros, os romances góticos adorados na época.
Aliás, além de não poupar a crítica social como sempre, Jane
Austen também não economiza palavras na hora de falar de tais
romances e da percepção geral sobre a literatura na época.
Como eu disse em minha resenha “Não
é o melhor livro de Jane Austen (Emma ainda
ocupa este posto na minha opinião) mas com certeza é o mais
divertido e encantador. Uma ótima e não muito dolorosa forma de me
despedir da minha escritora favorita.
'
Não confio em mim mesma para falar
muito bem sobre esse livro, não agora. Na resenha que fiz, pouco
depois da leitura, eu ainda não havia digerido e aprendido com esse
maravilhoso livro o suficiente. Este é um daqueles livros que
(parafraseando Hazel Grace) me dá vontade de não descansar até que
todos o leiam, me enche de uma fúria e amor religiosos tão, mas tão
devotos que prejudica minha capacidade de dizer o que for sobre ele.
E ah, se eu tivesse o atlas das
nuvens...
Para mim, são poucas as coisas que
merecem um fandom.
Isso porque a tal fúria e amor
religiosos que falei sobre em um dos últimos parágrafos é
abundante em tais ambientes: fangirls e fanboys choram e se
desesperam em um nível tão alto que é, ao mesmo tempo, estranho e
encantador para quem o vê de fora. Sinto esse tal amor com pouca
frequência, por isso a tal colocação: ao meu ver, são poucas
coisas que merecem um fandom.
A arma escarlate, porém, merece o
tumblr inteiro.
Ele é um dos poucos livros brasileiros
contemporâneos que li que reforça de fato as suas origens e raízes,
preocupadissimo em usar tudo que seja nosso em suas páginas. Sim, é
de fato estranho que a autora se use de uma ideia estrangeira
(desculpem-me por não dizer antes: assim como Harry Potter, A
arma escarlate conta a história de uma escola de magia, porém
no Rio de Janeiro) para combater o “colonialismo cultural” e
mostrar diversos aspectos de nossa cultura e história que são,
muitas vezes, esquecidos, mas funciona. Cheio de questionamentos
morais e com críticas politicas muito bem feitas, A arma escarlate é
a cara do Brasil, e uma daquelas leituras que dão saudade do tempo
passado entre suas páginas.
O último livro da lista também é
nacional, e do meu gênero favorito – distopia. Pois é, esse
mundo-contrário-ao-ideal tem como seu cenário a cidade maravilhosa,
que só de fato honra o adjetivo na parte alfa, habitada pelos ricos
e chamada muito adequadamente de Luzes. Os mais pobres habitam a Rio
Beta, apelidada de Escombros.
Se o aparthaid hoje é só na prática,
em Rio 2054 o temos oficializado: depois de uma guerra separatista e
da detonação de uma bomba atômica no centro da cidade, a não
mistura entre ricos e pobres virou lei.
Jorge Lourenço seguiu o conselho de
ouro da literatura e escreveu sobre o que conhece, e o cenário
futurístico de Rio 2054 parece uma realidade que, apesar de
alternativa, existe.
Bom, esses foram os meus melhores do
ano. Feliz ano novo para todos vocês!
Que legal que duas de suas leituras favoritas foram nacionais! Eu não leria A Arma Escarlate por se tratar de uma escola de bruxaria, mas ainda acho super legal o fato de ser brasileiro. Uma das minhas metas deste ano era ler todos os livros da Jane, mas não deu, então espero que dê certo no ano que vem! Só li Orgulho e Preconceito, Razão e Sensibilidade e Persuasão, então quero ler todos os outros. Não sei se consigo tirar P&P do lugar de "favorito", awn <3
ResponderExcluirClara
@mmundodetinta
maravilhosomundodetinta.blogspot.com.br
Não conhecia a maioria dos livros! Achei ótimo o Could Atlas ter sido um dos melhores de 2013 pra você, por que só assisti o filme e estou confusa até agora '-' haushaus' Sobre sua despedida de Jane: <3 Ainda preciso ler todos os livros dela e espero que em 2014 eu consiga fazer isso *_*
ResponderExcluirÓtima lista \o
Beijos
Cloud Atlas*
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