Quarta-feira aleatória: sete personagens que eu gostaria de conhecer

Já escrevi uma coisa ou outra sobre personagens aqui, como os mais frustrantes ou aqueles com quem eu trocaria de lugar por um tempinho. Mas nada em relação a parar um pouco tomar um chá, bater um papinho ou até mesmo questionar os erros que eles cometeram em seus respectivos erros. Como toda lista, esta é bastante difícil, afinal toda boa obra tem uma ou outra figura fascinante, em diferentes níveis e intensidades.

Sem mais delongas, a muito incompleta relação dos personagens que eu gostaria de conhecer.

7. Lisbeth Salander, da série Millenium (resenhas: livro dois, livro três, filme um americano, filme um sueco)

A hacker anti-social da trilogia Millenium provavelmente não trocaria uma palavra sequer comigo, uma possivelmente perigosa desconhecida, mas provavelmente seria interessante observar seu jeito mais do que singular. Um ícone de algumas feministas, Lisbeth não hesita em resolver seus problemas (imensos e constantes – a garota parece ser um imã de agressores) sozinha, não recorrendo as autoridades que tanto a maltrataram no passado. Mesmo com tudo isso, Lisbeth é uma gênia, sendo a melhor funcionária da Milton Security, firma onde trabalha e é constantemente rejeitada pelos colegas.

6. Doutora Cable, da série Feios (resenha do terceiro livro aqui e do quarto aqui)

A maior vilã de toda a série, a Dra.Cable fascina os leitores de Feios não só por sua aparência, mas também por ter sido a criadora dos Especiais. Explico: no mundo da amada e odiada série de Scott Westerfeld, todos passam por uma cirurgia aos dezesseis anos, deixando-os com saúde de ferro e uma aparência teoricamente perfeita – ainda que o bonito seja questão pessoal.

Quem já passou pela cirurgia é chamado de Perfeito, condição que não se aplica muito bem aos seus cérebros – farrear é a única preocupação dos recém operados. Os mais sagazes, no entanto, são escolhidos pelos líderes da cidade para se juntar a força de segurança, os chamados Especiais, que só são chamados em casos muito graves de transgressões – a maior parte dos habitantes da cidade nem crê de fato na sua existência, acreditando que eles sejam uma lenda urbana. Com cada centímetro de seu corpo projetado para ser letal, essa fascinante vilã é sua criadora, e mesmo que ela me dê um pouco de medo, não seria tão ruim assim batermos um papinho...

5. Franklin, de Precisamos falar sobre o Kevin (resenha do filme e do livro)

Eva Khatchadourian é uma mulher independente, dona de sua própria editora de livros de viagem e viajante assídua. Por insistência do marido, ela tem um filho, Kevin, que se mostra um pequeno diabinho desde a primeira infância.

E não, Kevin não é um caso comum de mau comportamento – o menino é simplesmente uma peste, levantando suspeitas de psicopatia na mãe desde sempre. E porque ela não fez algo antes que a doença do filho culminasse no assassinato brutal de vários de seus colegas?

Por causa do pai, é claro.

Babão eterno do filho, Franklin recusava-se a acreditar na mulher nas narrações de seus malfeitos. Mesmo quando Kevin fazia coisas completamente absurdas, a culpa nunca era do garoto, e sim das más companias e da idade. Não, Franklin está longe de ser um exemplo de pai, e mais longe ainda de ser um marido minimamente decente. Queria conhecer Franklin sim, mas só para lhe dar uns sopapos por ter transformado a vida de Eva em um inferno (com direito a quase obrigá-la a deixar seu emprego e sua amada vida na cidade) e um dos reais culpados por todos os desastres envolvendo o filho sobre quem ele nunca queria falar...

4. Lemony Snicket, de Desventuras em série

O narrador personagem de uma das minhas séries favoritas não faz um papel muito importante até o décimo ou décimo primeiro livro, mas sua proeza em contar as desventuras dos órfãos Baudelaire (sempre perseguidos pelo terrível vilão conde Olaf) me faz ter uma vontade louca de pedir umas dicas – caro Lemony, como você consegue?

3. Brimstone, de Feita de fumaça e osso

Se essa lista não tivesse requerido uma breve olhadela na minha estante, dificilmente este personagem teria passado pela minha cabeça – mas aqui ele está. Apesar de tê-lo somente uma vez e quase nunca pensar nele, adorei Feita de fumaça e osso, não só por se passar na cidade onde viverei por dez meses a partir de agosto (Praga) mas por ter um universo próprio fascinante.

Brimstone é uma quimera, que, juntamente com os outros funcionários de sua estranha loja, criou a garota humana Karou, para quem quase nunca dá respostas. Tudo isso já é bastante curioso, mas sua profissão é mais: comprador de dentes, dá missões a Karou ao redor do mundo, fazendo de sua vida uma volta ao mundo diária.

Não sei, Brimstone é daquele tipo de personagem sábio, a figura bastante comum na ficção, que guia o herói e faz com que ele não caia em armadilhas. Só a sua espécie já o faz fascinante, os seus segredos – desconhecidos até mesmo por Karou – mais ainda. Quem sabe não topo com ele em Praga? ;)

2 e 1. Alvo Dumbledore, de Harry Potter e Tyrion Lannister, de As crônicas de gelo e fogo

Coloquei dois personagens tão diferentes juntos pelo fato de que ambos dispensam explicações – como não querer bater um papinho com o bruxo mais sábio já existente? E como não querer aprender um pouquinho da sagacidade do anão da poderosa casa de Westeros?