24 agosto 2013

Sábado + livro = < 3: O grande Gatsby



Jane Austen já havia me ensinado, e agora F. Scott Fitzgerald reafirma: a humanidade mudou muito pouco.

Evidentemente os costumes não são os mesmos, ou a linguagem, ou as metas, mas bem lá no fundo, naquelas questões que mostram como nos relacionamos com os outros e com nós mesmos, a essência infelizmente permanece a mesma.

Vejamos um exemplo retirado de O grande Gatsby: “A ideia geral é a de que, se não tivermos cuidado, a raça branca vai ser... ora, vai ser totalmente subjugada. Tudo isso é uma questão científica, foi tudo provado.”

Feliciano, estou olhando para você.

Mas é o personagem principal e que dá nome ao livro, Gatsby (que pode ser de fato grande, dependendo do ângulo em que se olha) que prova essa minha impressão. Nick, o narrador, acaba de se mudar para um bairro chique nos arredores da Nova York dos anos 20. O rapaz trabalha na bolsa de valores, e foge de uma pseudo-noiva que deixou na sua casa lá no oeste.

Como qualquer jovem solteiro com uma carreira recém-iniciada, Nick não tem muito dinheiro, ao contrário de seu vizinho, Gatsby, que vive em uma das casas mais suntuosas da região. Um pouco tímido e preso as convenções sociais da época, Nick não chegaria nem a ver o interior da casa ao lado se não fosse pelo hábito de Gatbsy dar festas. Gigantescas festas, freqüentadas quase sempre por pessoas desconhecidas, que vão do final da tarde até os primeiros raios do sol. Bebidas à vontade, jantares dignos dos melhores restaurantes, fogos de artifício, orquestras completas – tudo para entreter seus convidados, convidados que não tem problema nenhum em maldizer o anfitrião.

Gatsby é tão misterioso quanto gastador: ninguém sabe de onde veio a sua fortuna, quais suas origens familiares e porque ele é tão hospitaleiro, dando abertura para as especulações mais absurdas serem levantadas.
Diante de tanto esplendor, soa até estúpido que a história, na verdade, gire em torno de uma mulher transformada em sonho inalcançável: Daisy Buchanan, prima de Nick e ex-namorada de Gatsby. Mas O grande Gatsby não é uma história de amor, e sim de obsessão, contada de forma tão maravilhosa que só lendo para saber.

As páginas do livro transpiram mudança, a mudança que a sociedade sofria na época, que Nick via com seus olhos destreinados de menino interiorano. Aliás, seus hábitos – assim como os de Daisy e de seu marido, Tom Buchanan – são pouco afetados pela vida na cidade grande, o que faz a conclusão de Fitzgerald ser verdadeira.


O grande Gatsby é um clássico, mas não é o nosso conceito de clássico interminável e complicado. Nas suas duzentas páginas, sucita bem mais de duzentos questionamentos, que muitas vezes são passadas na sua leitura voraz e veloz. Me pergunto porque nas escolas brasileiras não começamos pelos mais recente clássicos tupiniquins, como se faz em terras estadunidenses – há, com certeza, algo como O grande Gatsby por aí.

1 comentários:

  1. Oie Isa
    esse livro é muito amor!!! Sou chegada em clássicos da literatura inglesa, e este só veio provar o quão atemporal pode ser um clássico, e indico veemente a todos os leitores que possuem um certo preconceito com clássicos.

    Bjos

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