06 fevereiro 2015

5 dicas de escrita de Scott Westerfeld


Vários dos meus leitores daqui do blog são escritores, e meus posts sobre a minha própria escrita vem tido um retorno bastante interessante. Mas assim como o Jon Snow, eu não sei de nada, e por isso hoje inauguro uma categoria nova: dicas de escrita de (…), na qual compilarei dicas de alguns autores que admiro e têm uma ou trinta coisas a nos ensinar. Começo hoje com Scott Westerfeld, que me apresentou a distopia com sua série Feios e também escreveu o bastante esperado e meio metalinguistico Afterworlds. Preferi explicar o que entendi das dicas com minhas próprias palavras, uma citação ou outra inclusa. As fontes estarão no final do post.

1. Desenvolva suas ideias através de diálogo

Acontece com frequência: eu tenho uma ideia, mas não faço ideia nenhuma de como desenvolve-la. Como boa escritora distopica que sou, a minha musa sempre me dá ideias de mundos e personagens, nunca de conflito, e isso é um problema gigantesco: como escrever uma história sem conflito?
Scott tem para isso uma solução: faça um brainstorming, mas só com diálogo entre seus personagens. Diálogo dá bastante espaço para explicações sobre a história (o que nem sempre é tão necessário assim no começo do planejamento de um livro) mas dá mais espaço ainda para o desenvolvimento de um conflito interpersonagens. A partir daí, é só escrever a história em sim. Mas lembrando: só diálogo. Não caia em tentações descritivas.

2. Escreva cenas alternativas

Olá, muito prazer. Eu sou especialista mundial em quebrar esta dica, e acho que todos aspirantes a escritor são – mas fazer o quê, certo?
Pintores e desenhistas de forma geral podem fazer dezenas de testes antes de desenharem ou pintarem a sua obra final – e por que nós escritores não fazemos o mesmo? Já me deparei muitas vezes em dúvida sobre o melhor final para a história X ou Y, ou nem mesmo isso – vários desenvolvimentos importantes já me fizeram perder o sono – e escrever cenas alternativas mostrando esse tal desenvolvimento poderia ter me poupado dores de cabeça enormes. Vamos lá, sem preguiça, pessoal.

3. A janela de quatro horas

Certo, quatro horas é meio irreal... Mas a dica de Westerfeld (que na verdade, foi meio que copiada de um escritor chamado Chandler) para desenvolver disciplina de escrita é fabulosa: separe, de acordo com sua disponibilidade, um tempo de seu dia (sim, é difícil fazer isso diariamente, porém não se desenvolve nas artes sem disciplina e um certo sacrifício) para escrever. Durante aquele tempo, você pode até não escrever caso não esteja muito a fim – mas também você não pode fazer nada mais de produtivo. Tudo bem olhar pro teto ou pela janela, mas nada de ler, assistir séries na netflix ou adiantar aquele trabalho que está esperando. Você provavelmente vai ser tão consumido pelo tédio que sua criatividade vai se aflorar e aquele documento em branco parecerá bem convidativo.

4. E para disciplina também, é importante criar rituais

É, talvez não seja a melhor coisa do mundo eu ter escolhido, de várias dicas de Scott Westerfeld, duas falando sobre disciplina de escrita – mas é por que não dá para falar o bastante sobre como isso é importante, importantíssimo, principalmente pra quem quer ser escritor profissional. Depois de separar esse tempinho diário que falamos acima e fazer um acordo com você mesmo de usar aquela horinha SÓ e somente SÓ para escrever (sendo incêndios e idas ao hospital as únicas razões pelas quais você deveria quebrar essa regra) também é legal criar rituais, pequenas ações que mostrem ao seu cérebro que é hora de escrever. No meu caso, eu arrumo minha mesa e encho minha garrafinha d'água, mas tomar um café, checar rapidamente os seus e-mails ou ler algumas páginas de um livro “inspiracional” (dica: esse clássico aqui ou talvez esse) são opções válidas. Só não escolha um ritual que seja um poço de procrastinação e desafie o seu auto-controle, como Tumblr, Facebook ou assistir TV.

5. Termine tudo

Eu ainda tenho que ensinar a mim mesma o valor dessa dica. Recentemente, tenho levado todos os meus projetos de escrita até o fim, mas Scott Westerfeld me deixou um tiquinho culpada por ter abandonado alguns anos atrás. O fato é que todo escritor (inclusive o Neil Gaiman, como ele disse nessa Pep Talk aqui) acha o seu livro uma porcaria por pelo menos metade do tempo de produção. E isso é OK. Isso é normal, e é bem possível que o livro seja de fato uma porcaria. Mas a maioria dos defeitos provavelmente têm conserto (olá, revisão!) e mesmo se não, a escrita daquela obra em especial vai te fazer aprender alguma coisa que você não aprenderia com outro projeto.

Desistir não é uma opção, pequeno Padawan.

1 comentários: