Vários dos meus
leitores daqui do blog são escritores, e meus posts sobre a minha
própria escrita vem tido um retorno bastante interessante. Mas assim
como o Jon Snow, eu não sei de nada, e por isso hoje inauguro uma
categoria nova: dicas de escrita de (…), na qual compilarei dicas
de alguns autores que admiro e têm uma ou trinta coisas a nos
ensinar. Começo hoje com Scott Westerfeld, que me apresentou a
distopia com sua série Feios e também escreveu o bastante
esperado e meio metalinguistico Afterworlds. Preferi explicar
o que entendi das dicas com minhas próprias palavras, uma citação
ou outra inclusa. As fontes estarão no final do post.
1. Desenvolva suas
ideias através de diálogo
Acontece com
frequência: eu tenho uma ideia, mas não faço ideia nenhuma de como
desenvolve-la. Como boa escritora distopica que sou, a minha musa
sempre me dá ideias de mundos e personagens, nunca de conflito, e
isso é um problema gigantesco: como escrever uma história sem
conflito?
Scott tem para isso uma
solução: faça um brainstorming, mas só com diálogo entre seus
personagens. Diálogo dá bastante espaço para explicações sobre a
história (o que nem sempre é tão necessário assim no começo do
planejamento de um livro) mas dá mais espaço ainda para o
desenvolvimento de um conflito interpersonagens. A partir daí, é só
escrever a história em sim. Mas lembrando: só diálogo. Não caia
em tentações descritivas.
2. Escreva cenas
alternativas
Olá, muito prazer. Eu
sou especialista mundial em quebrar esta dica, e acho que todos
aspirantes a escritor são – mas fazer o quê, certo?
Pintores e desenhistas
de forma geral podem fazer dezenas de testes antes de desenharem ou
pintarem a sua obra final – e por que nós escritores não fazemos
o mesmo? Já me deparei muitas vezes em dúvida sobre o melhor final
para a história X ou Y, ou nem mesmo isso – vários
desenvolvimentos importantes já me fizeram perder o sono – e
escrever cenas alternativas mostrando esse tal desenvolvimento
poderia ter me poupado dores de cabeça enormes. Vamos lá, sem
preguiça, pessoal.
3. A janela de quatro
horas
Certo, quatro horas é
meio irreal... Mas a dica de Westerfeld (que na verdade, foi meio que
copiada de um escritor chamado Chandler) para desenvolver disciplina
de escrita é fabulosa: separe, de acordo com sua disponibilidade, um
tempo de seu dia (sim, é difícil fazer isso diariamente, porém não
se desenvolve nas artes sem disciplina e um certo sacrifício) para
escrever. Durante aquele tempo, você pode até não escrever caso
não esteja muito a fim – mas também você não pode fazer nada
mais de produtivo. Tudo bem olhar pro teto ou pela janela, mas nada
de ler, assistir séries na netflix ou adiantar aquele trabalho que
está esperando. Você provavelmente vai ser tão consumido pelo
tédio que sua criatividade vai se aflorar e aquele documento em
branco parecerá bem convidativo.
4. E para disciplina
também, é importante criar rituais
É, talvez não seja a
melhor coisa do mundo eu ter escolhido, de várias dicas de Scott
Westerfeld, duas falando sobre disciplina de escrita – mas é por
que não dá para falar o bastante sobre como isso é importante,
importantíssimo, principalmente pra quem quer ser escritor
profissional. Depois de separar esse tempinho diário que falamos
acima e fazer um acordo com você mesmo de usar aquela horinha SÓ e
somente SÓ para escrever (sendo incêndios e idas ao hospital as
únicas razões pelas quais você deveria quebrar essa regra) também
é legal criar rituais, pequenas ações que mostrem ao seu cérebro
que é hora de escrever. No meu caso, eu arrumo minha mesa e encho
minha garrafinha d'água, mas tomar um café, checar rapidamente os
seus e-mails ou ler algumas páginas de um livro “inspiracional” (dica: esse clássico aqui ou talvez esse) são opções válidas. Só não escolha um ritual que seja um poço
de procrastinação e desafie o seu auto-controle, como Tumblr,
Facebook ou assistir TV.
5. Termine tudo
Eu ainda tenho que
ensinar a mim mesma o valor dessa dica. Recentemente, tenho levado
todos os meus projetos de escrita até o fim, mas Scott Westerfeld me
deixou um tiquinho culpada por ter abandonado alguns anos atrás. O
fato é que todo escritor (inclusive o Neil Gaiman, como ele disse
nessa Pep Talk aqui) acha o seu livro uma porcaria por pelo menos
metade do tempo de produção. E isso é OK. Isso é normal, e é bem
possível que o livro seja de fato uma porcaria. Mas a maioria dos
defeitos provavelmente têm conserto (olá, revisão!) e mesmo se
não, a escrita daquela obra em especial vai te fazer aprender alguma
coisa que você não aprenderia com outro projeto.
Desistir não é uma
opção, pequeno Padawan.
Westerfeld <3
ResponderExcluir