Gostar de um livro e
reconhecer suas qualidades são coisas bastante diferentes – eu não
gostei muito da leitura de O processo, por exemplo, mas sei
que é uma grande obra. Até então também vinha fazendo isso com o
queridinho de dez entre dez loucos por fantasia, Tolkien, mas talvez
eu precise mudar um pouquinho esse status.
Comprei a coleção
completa de O senhor dos anéis há alguns anos: graças a uma
conhecida no Orkut (!!!) fiquei sabendo do maravilhoso mundo de
promoções do Submarino e arrebatando a trilogia, O hobbit e
o Silmarillion por um preço que antes me pareceria
impossível. Desde então, foram várias a tentativas de leitura da
história que eu conhecia vagamente graças aos filmes (assistidos
com minha mãe na não tão saudosa época dos videocassetes –
tente “rebobinar” três horas de película), nenhuma levada até
o fim.
Excesso de descrição
e passagens enfadonhas – aquelas nas quais os hobbits cantam e
declamam poesia – estavam dentre os defeitos por mim detectados.
Agora, alguns anos depois, mudo de ideia, mas não completamente.
A sociedade do anel
é a história de Frodo Bolseiro – recém-saído da
adolescência, o hobbit vive debaixo das asas de seu tio, Bilbo,
excêntrico e podre de rico. As descrições do início do livro me
deram vontade de ser uma hobbit: as criaturinhas vivem para comer,
jardinar, beber e depois comer um pouquinho mais.
Na sua magnífica festa
de aniversário, Bilbo, porém, desaparece para sempre, deixando tudo
que tem para Frodo. A maior parte da herança (que inclui uma casa
bem grande e atulhada de coisas em uma parte bem agradável do
Condado, onde vivem hobbits) é bem-vinda, mas um pequeno objeto faz
uma diferença imensa: um anel, ou melhor, o anel.
Ignorado durante anos,
ele não trouxe muito mais do que um leve desconforto para Frodo.
Sauron, o senhor das trevas e terror de toda a Terra Média (e que
para os hobbits não passa de uma lenda distante) está acordando, e
quer o anel para poder governar com ainda mais força. Isto obriga
Frodo a sair do Condado o mais rápido possível – afinal, ele não
quer ver seu amado e tranquilo lar destruído pelos asseclas de
Sauron.
Depois do jeito com que
Tolkien escreve (descrevendo sempre mais do que é realmente
necessário) esse conceito abstrato de mal foi o que mais me
incomodou. Eu entendo a necessidade de existir uma dualidade e
maniqueísmo em alguns tipos de história como A sociedade do anel
– só não curto lê-las. Me agradam os tons de cinza.
Isso se manifesta
também nos personagens: embora alguns lutem contra a sede de poder,
ela é sempre causada pelo anel e sua influência maléfica, e nunca
por falha de caráter ou defeito. É bem fácil definir lados, dizer
quem é bom e quem é mau. Eu gosto dos personagens imperfeitos de
George Martin, por exemplo, que demonstram virtudes leves e defeitos
mortais ao mesmo tempo, com meios que justificam os fins e humanidade
a flor da pele.
Com isso dito, não
posso negar: A sociedade do anel é uma história fascinante.
Começando com um gostinho de aventura inocente – principalmente
por causa das companhias de Frodo, os fieis hobbits Sam, Merry e
Pippin – Tolkien vai nos levando mais e mais para dentro da Terra
Média, descrições inúteis à parte ou não. As criaturas e lendas
apresentadas em O senhor dos anéis já eram vagamente minhas
conhecidas graças a referências na cultura pop, e revisitá-las foi
ótimo.
Não incluo A
sociedade do anel em minha lista de favoritos, mas sua
continuação, As duas torres, está na minha lista de
leituras em um futuro próximo: quero visitar a Terra Média de novo
o mais rápido possível.
Oi! Tudo bem?
ResponderExcluirAcompanho seu blog tem um tempinho, gosto bastante!
Li o Senhor dos Anéis quando era novinha e achei que as descrições eram excessivas, enquanto as cenas de batalha (minhas favoritas) eram super curtas. Acho que preciso ler de novo =P
Tô lendo a versão integral dos Miseráveis já tem um bom tempo, achei bem difícil de ler, sem ritmo. Se vc já leu, eu adoraria ler algo a respeito no blog, se não, super recomendo a leitura!