26 janeiro 2015

Temporário 12


Grace tem o que deve ser um dos empregos mais complicados do mundo – ela supervisiona crianças em situações de risco em uma espécie de orfanato. Ao invés de pais mortos, porém, a maior parte deles foi abusado ou surrado em casa.


Digo mais complicados por uma razão bem simples: a maior parte dessas crianças não tem razão alguma para confiar em adultos, que ao invés de ajudá-los e protege-los, fizeram justamente o contrário em suas curtas vidas. Grace, felizmente, consegue fazer um trabalho muito bom, juntamente com seus colegas Mason (também namorado de longa data), Jessica e o novato Nate.

Algumas das crianças são mais complicadas do que outras – há, por exemplo, Marcus, garoto cuja única linguagem que conhece é a violência, e Sammy, menino retraído e dependente de suas bonecas, com frequentes crises de pânico. Jayden chega logo depois para se juntar a trupe: com um longo currículo de dentenções juvenis e grupos de apoio, a garota se corta e não é muito receptiva a ajuda.


Temporário 12 oferece muito mais do que a sua premissa – que pode parecer que já foi feita vezes demais – demonstra. Eu dificilmente o chamaria de um filme cult – não há o ritmo lento – mas muito menos é um filme comercial com uma grande história de superação. Por que sim, todos os personagens do filme, dos cuidadores as crianças da casa de apoio, tem feridas para curar e demônios com os quais lutar. Temporário 12 acerta em investir, primeiramente, no desenvolvimento de seus personagens – ele é focado em Grace e Jayden, mas nenhuma das crianças é esquecida e temos até mesmo pequenas demonstrações do que Jessica, Nate e Mason são feitos. Grandes sacrifícios e curas milagrosas são atraentes para a ficção, mas extremamente iverossímeis: o diabo está nos detalhes, e as dificuldades da vida nas pequenas batalhas. Temporário 12 é tocante em todos os aspectos, com diálogos bem construídos e cenas poderosas – enfim, todas as razões pelas quais o bom cinema ainda é feito.




Temporário 12 é um daqueles filmes que mostram que não, nem sempre o final é feliz e traz consigo a resolução de todos os problemas – mas dá para continuar vivendo.

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