Grace tem o que deve
ser um dos empregos mais complicados do mundo – ela supervisiona
crianças em situações de risco em uma espécie de orfanato. Ao
invés de pais mortos, porém, a maior parte deles foi abusado ou
surrado em casa.
Digo mais complicados
por uma razão bem simples: a maior parte dessas crianças não tem
razão alguma para confiar em adultos, que ao invés de ajudá-los e
protege-los, fizeram justamente o contrário em suas curtas vidas.
Grace, felizmente, consegue fazer um trabalho muito bom, juntamente
com seus colegas Mason (também namorado de longa data), Jessica e o
novato Nate.
Algumas das crianças
são mais complicadas do que outras – há, por exemplo, Marcus,
garoto cuja única linguagem que conhece é a violência, e Sammy,
menino retraído e dependente de suas bonecas, com frequentes crises
de pânico. Jayden chega logo depois para se juntar a trupe: com um
longo currículo de dentenções juvenis e grupos de apoio, a garota
se corta e não é muito receptiva a ajuda.
Temporário 12
oferece muito mais do que a sua premissa – que pode parecer que já
foi feita vezes demais – demonstra. Eu dificilmente o chamaria de
um filme cult – não há o ritmo lento – mas muito menos é um
filme comercial com uma grande história de superação. Por que sim,
todos os personagens do filme, dos cuidadores as crianças da casa de
apoio, tem feridas para curar e demônios com os quais lutar.
Temporário 12 acerta em investir, primeiramente, no
desenvolvimento de seus personagens – ele é focado em Grace e
Jayden, mas nenhuma das crianças é esquecida e temos até mesmo
pequenas demonstrações do que Jessica, Nate e Mason são feitos.
Grandes sacrifícios e curas milagrosas são atraentes para a ficção,
mas extremamente iverossímeis: o diabo está nos detalhes, e as
dificuldades da vida nas pequenas batalhas. Temporário 12 é
tocante em todos os aspectos, com diálogos bem construídos e cenas
poderosas – enfim, todas as razões pelas quais o bom cinema ainda é
feito.
Temporário 12 é
um daqueles filmes que mostram que não, nem sempre o final é feliz
e traz consigo a resolução de todos os problemas – mas dá para
continuar vivendo.