Assim como os nacionais
Eduardo Spohr e Raphael Draccon, a minha atenção inicial por Amanda
Hocking não se deveu ao conteúdo de seus livros – e sim a sua
trajetória no mundo literário.
A jovem de seus vinte e
poucos anos foi manchete em sites de notícias no mundo inteiro por
ter sido uma das primeiras “milionárias do Kindle”, depois de
vender milhares de seus eBooks publicados de forma independente pela
Amazon. A ex-lavadora de pratos era uma escritora frenética, virando
noites (seu único tempo livre graças ao trabalho) acompanhadas de
Redbull a fim de escrever. Ouviu, como qualquer autor, incontáveis
nãos de editoras, mas não deixou de criar histórias por causa
disso: quando começou a publicar independentemente, já possuía cerca de uma dezena de manuscritos na manga.
Trocada,
primeiro livro da trilogia Trylle (fear not, meus amigos fãs
de livros de papel: aqui ele foi publicado pela Rocco) foi um desses
livros, e apresenta um mundo de fantasia deveras interessante: ao
invés de vampiros, lobisomens, fadas ou bruxas, temos aqui trolls.
Mas não os trolls tradicionais, enormes e feios, e sim de aparência
bem similar a dos humanos, uma conexão especial com a terra (que os
impede de comer carne, por exemplo) e alguns poderes especiais, que
preferem a palavra “trylle” graças ao estigma de seus nomes
originais.
Wendy sempre soube que
era diferente de alguma maneira – além de uma rebeldia
incontestável, a garota nascida em berço de ouro sofreu uma
tentativa de assassinato por parte de sua mãe aos cinco anos, com a
mulher afirmando que ela não era a sua filha de verdade, e sim algum
tipo de criatura monstruosa. Com o pai morto e a mãe no hospício,
ela foi criada pelo irmão e pela tia, que lhe dispensavam inúmeros
cuidados, mas nunca o suficiente para domar o instinto atrai-confusão
da menina.
Tudo isso fica
explicado quando um rapaz atraente (é, tem que ter um desses)
chamado Finn entra na sua vida: ela é uma Trylle, e das importantes.
Como todos de sua raça, sofreu “changeling”, prática antiga dos
Trylle de trocar seus bebês por bebês humanos de famílias ricas,
garantindo assim fundos fiduciários sem fim necessários para a
manutenção do estilo de vida confortável de todos eles em
Forening, uma espécie de condomínio de luxo gigantesco isolado para
a proteção dos Trylle. Isso explica tudo para Wendy e lhe enche com
um certo alívio – ainda que ela esteja relutante em deixar o irmão
e a tia, anseia por um lugar que sinta que pertença.
Mesmo com todos esses
nomes curiosos e conceitos que o leitor desconhece, Trocada é
bastante interessante. Com aquele gostinho de livro inicial de uma
trilogia, ocupa-se principalmente em mostrar os costumes e história
dos nossos inovadores trolls, mas Amanda Hocking felizmente não
deixa para introduzir o conflito só no final: ele vai escalando aos
poucos.
Infelizmente, como
muitos autores de Young Adult, a jovem americana não conseguiu não
cair nos clichês, com algumas linhas de diálogos saídas de filmes
da Sessão da Tarde e referências fora de lugar. O romance, ao
contrário do esperado, não me irritou tanto – não é tão
meloso, e não rouba a cena do que deve ser o foco da história: a
adaptação de Wendy em sua nova casa, com seus novos deveres.
A surpresa não foi tão
boa como a dos supracitados autores brasileiros, mas os milhões de
Amanda Hocking no Kindle foram conquistado bem justamente: Trocada
é uma joia da literatura de entretenimento.
Não faz muito meu estilo de leitura, mas fico feliz que tenha gostado =)
ResponderExcluirBeijinhos
Rizia - Livroterapias