21 setembro 2013

O guia do mochileiro das galáxias



Dez entre dez manuais de escrita dizem que na hora de escrever ficção, menos é mais, e parece que o genial Douglas Adams seguiu isso a risca: o primeiro livro da série O guia do mochileiro das galáxias, que atende pelo mesmo nome, tem muita história mas muita pouca enrolação.

Nas menos de duzentas páginas que passam voando, conhecemos a história de Arthur Dent, um inglês que se vê em uma situação levemente desconfortável: a sua casa será destruída para uma construção pública. Avisado somente alguns dias antes de ter que desocupá-la, ele se vê estranhamente tendo que deixar a sua zona de conforto e a sua amada casinha.

Pois bem, mas eis que chega Ford Prefect, um dos amigos de Arthur, ator desempregado cujo nome não é a coisa mais estranha. Depois de muito insistir, Ford consegue levar Arthur para uma cerveja, revelando para ele que na verdade um alienígena na terra em processo de pesquisa para famosossimo Guia do mochileiro das galáxias, de nome auto-explicativo. O problema é que agora não é a casa de Arthur que será destruída para uma obra pública, e sim a terra inteira, que será um ponto na estrada construída pelos brutais Vogons.

Nunca é ruim quando livros combinam com momentos que você está vivendo, e dessa vez O guia do mochileiro das galáxias caiu feito uma luva: ao contrário de Arthur, não tenho o espírito de querer me acomodar e passar a vida inteira no mesmo lugar, mas justamente quando lia suas aventuras deixava minha zona de conforto a caminho de uma nova casa em um novo país (a razão, aliás, pelo qual esse blog tinha sido tão pouco atualizado, mas a coisa se normalizará em algumas semanas).

Confesso que nunca imaginaria que sentiria TANTA falta assim do Brasil. Amo o meu país e tudo mais, mas ao contrário das saudades dos amigos e da família (que é dolorida e aperta, mas em intervalos regulares) a falta do seu próprio povo e cultura está SEMPRE lá. Até o ar aqui é diferente, como se eu fosse Arthur e estivesse agora presa no meio do espaço com gravidade zero. Seja dentro de casa (por estar em um ambiente aquecido e com carpetes) ou do lado de fora vendo as pessoas sem sorrisos passar (e como misigenação racial faz falta!), sou atingida com a noção de que aqui não é o Brasil. As vezes é algo suave, as vezes é um tapa na cara, mas está sempre lá.

Esse homesickness blue expressa de forma linda por Douglas Adams, foi a coisa que mais gostei em O guia do mochileiro das galáxias. As piadas são de fato fabulosas, e o tom de sátira a vários aspectos da sociedade ocidental é multiplicado por mil quando Arthur e Ford tornam-se passageiros da Coração de Ouro, primeira nave a abrigar o Gerador de Improbabilidade Infinita (também de nome auto explicativo) mas nada supera a conexão entre livro e vida.

É, Arthur, acho que não estamos mais no Kansas....


OBS.: Eu sei que isso não é bem uma resenha, mas depois de mais de um mês (os últimos posts eram programados) acho que perdi a prática. Só queria fazer esse post para dizer que estou viva e, como já disse acima, voltarei a ativa em breve.

11 comentários:

  1. Uma sertaneja pelos espaços, na guia da tropa encantada ela desvenda os recantos do mundo, o peito aperta mas as muitas zoadas do sertão vão alimentar a memória e conduzirão os passos, sempre no giro certo, para os pousos seguros. Nascida de família de tropeiros e vaqueiros saberá ouvir o canto da sururina, na boca da noite, como indicação para deslocar-se para o tranquilo abrigo noturno.
    Beijos,
    Clóvis.

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  2. Oie Isa
    morro de curiosidade em ler essa série. Sempre perco as promos do livro, mas depois dessa resenha (pra mim está ótima, no mesmo estilo das outras), eu preciso colocar como prioridade máxima!!
    bjos

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  3. Essa provavelmente é a minha série favorita, adoro a sátira, o humor negro, o nonsense, é tudo bom demais, o segundo e o terceiro livros são os meus favoritos. Espero que goste também. E boa sorte nessa nova etapa da sua vida.

    bjs

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  4. "O guia do mochileiro das galáxias" é uma das séries literárias mais legais que existe. Sei que posso estar soando exagerada, mas é o que acho! As piadas são ótimas e o livros não possuem aquela enrolação, tudo acontece rapidamente, sem nos dar tempo pra nos acomodarmos. É uma pena que o filme não faça justiça ao quão maravilho é esse livro. :D

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  5. Esse livro é ótimo mesmo, o li há alguns anos e lembro que gostei bastante.

    thoughts-little-princess.blogspot.com

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  6. Eu não gostei muito de Os Mochileiros da Galaxia
    li os três primeiros mas não me interessou muito
    sei lá
    tava com saudades dos seus posts, mas como assim você tá fora do Brasil???? CONTA TUDO ISSO PRA GENTE JÁ!
    Boa sorte aí..

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  7. acabei conhecendo muita coisa vindo ver seu blog,ótimo trabalho o seu.

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  8. Oi Isabel! Comprei esse livro há um tempinho e estou bem curiosa para ler. Já ouvi muita gente falar super bem e sua resenha está muito boa! Gosto muito de autores que vão direto ao ponto, sem muita enrolação e isso é, com certeza um ponto mais que positivo!
    Também andei um pouco afastada do meu blog e quando voltamos, parece que estamos desacostumadas, né? Sinto isso também. Espero poder voltar melhor que antes, assim como você! :)

    Beijinhos! www.primeiro-livro.com

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  9. Tem como não gostar dessa série? Apesar de ser de ficção científica, me lembro de ter caído tão leve, enfim. Gosto mesmo é do Marvin, lembro que ficava rindo horrores com as aparições dele no desenrolar da estória. Mas gente, sobre o seu desabafo: eu adoro viajar e se pudesse estaria louca numa volta ao mundo, mas acho que também sentiria muita falta de tudo isso aqui, sou muito nostálgica então você consegue imaginar o drama, e adoro esse lugar, até acho que conseguiria viver noutro país, mas com uma dor no coração que só vendo. Boa sortee, moça. T_T

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  10. Onde você está?! Estou vivendo a mesma experiência de estar longe da sua cultura, mas fora isso, estou me adaptando até melhor do que eu esperava.

    Gostei muito da tua resenha por causa dessa incursão pessoal :)

    Nunca li O Guia, mas acredite, tenho os cinco livros lá no Brasil guardadinhos na minha estante (e sim, são livros tão pequenos que eu deveria me envergonhar de nunca ter lido).

    Um abraço,
    oepitafio.blogspot.com.br

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  11. Hey,
    comprei essa série de livros completa ano passado e até hoje só consegui ler o primeiro. O humor do livro é super bem construído, mas não conseguiu me cativar muito. Acho que é porque não faz meu estilo preferido mesmo. Ainda assim, acho o escritor um gênio.

    Bye,
    Iasmin Guimarães - Febre Literária

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