30 março 2013

[LIVRO] O processo

                                               


Como blogueira, meço pessoalmente a qualidade de um livro, série ou filme só por um aspecto: o quanto eu me diverti.

Acredito que não sou a única – afinal, qual seria o sentido dos blogs se não fosse esse? Ainda que se fale sobre desenvolvimento de personagens, o conhecimento que se ganhou e a riqueza ou inovação da trama, diversão é o melhor termômetro. Para quê ver a opinião de um leigo, então, se existe a opinião de vários profissionais por aí? Pela existência dessa óbvia diferença entre um blogueiro e um crítico cultural que expõe o que acha em um jornal ou revista, nunca consegui compreender muito bem a opinião desse cara aqui sobre os blogs literários.

28 março 2013

[FILME] A outra história americana


                                       


Passei mais ou menos metade do filme A outra história americana com um gosto amargo na boca, a vontade de matar ou morrer, soltando suspiros de ódio contido. Sei que o ódio não cura o ódio, mas é meio complicado amar (ou sequer tolerar) neonazistas. Se tenho problemas com homofóbicos (abundantes na nossa sociedade), machistas (todos nós, em um grau ou outro) e racistas enrustidos (produto em excesso número dois) alguém que professa sua visão de mundo distorcida de forma tão intensa e perigosa não poderia me inspirar lá muitos sentimentos positivos.

Graças a deus existe a arte para mudar isso.

26 março 2013

[SÉRIE] The Borgias


                                     


Hesito um pouco ao escrever sobre The Borgias. Não que este drama seja uma série ruim, mas porque os requintes da crueldade dos personagens é tamanho que é impossível não se chocar um pouco. Assim como qualquer pessoa que está no poder (e quer se manter nele) os Bórgias mentem, roubam e matam pessoas como quem mata formigas ao pisar no chão – e tudo isso tendo o Vaticano como pano de fundo.

Sim, é meio desagradável – mas continua sendo uma série fantástica.



Em 1492, o cardeal Rodrigo Bórgia é escolhido como papa. Mas é óbvio que toda a audiência de The Borgias não se deve as infinitas demonstrações de amor do santo padre em questão, e sim justamente pelo contrário – sua eleição, completamente forjada no primeiro, dá uma ideia bem clara do que vem por aí.

23 março 2013

[LIVRO] A abadia de Northanger



Folheando o meu módulo da escola (atividade bem mais interessante do que estudar nele, devo sinalizar) me deparo com um texto sobre devaneios. Este assunto muito me interessa: eu e eles somos bons amigos, companheiros de todas as horas. Qualquer acontecimento é um gatilho para, em um segundo, um sonho acordada de mil possibilidades, felizes e fatais, banais ou transformadoras. É um mal de romancistas em geral, creio eu: a realidade é o mármore, e nossos devaneios o cinzel – alguns resultando em um bom trabalho, outros em refugo ou pó perdido para sempre.

Qual não é minha surpresa quando descubro, afinal, que esse mal coletivo está sendo patologizado: já existem remédios para devaneios excessivos.

Espero que não aconteça com isto a medicação e diagnósticos desnecessários que já ocorrem com outros males, mas é fato que nada em excesso faz bem. Catherine Morland, uma das heroínas mais desmioladas de toda a literatura, bem sabe disso.

19 março 2013

[LISTA] 4 séries recentes que me decepcionaram


Como alguns devem ter percebido pelos posts do blog, ando meio viciada em séries. Sempre tive com elas uma relação de amor e ódio: adoro a maneira com que os personagens podem se desenvolve plenamente (afinal, ficamos com eles por mais tempo do que em um filme) mas a enrolação e falta de enredo de algumas (ou puro enjôo mesmo) podem me garantir um lugar no pódio de “abandonadoras de séries”.

Ando acompanhando muitas estréias e descobrindo boas séries antigas graças a blog Temporadas (única parte da revista Veja que serve para alguma coisa) e a maravilhosa rede social Banco de séries. E é óbvio que tive algumas decepções...

16 março 2013

[LIVRO] Uma questão de confiança + sorteio + booktour




Ah, as capas! Por mais vezes que o método de julgar o conteúdo por elas se mostre falho, é um hábito muito difícil – impossível até, eu diria – de se abandonar. Na vida, na leitura, nos filmes, é bem difícil desvencilhar a primeira imagem do conteúdo, e só surpresas muito grandes (e muito boas ou muito ruins) conseguem fazê-lo.

Pela arte e sinopse de Uma questão de confiança, eu esperava um chick-lit um pouco mais tenso, com conflitos comuns entre mulheres recheados com o desaparecimento da filha de uma delas. Grande, grande engano.

13 março 2013

[FILME] Serenity




No universo de Serenity, a tecnologia permitiu o desenvolvimento do processo de terraformação, ou seja, transformar um planeta inóspito qualquer em compatível com a vida humana. Os mais proeminentes desses planetas formaram a Aliança, governando todo o universo através de um parlamento. Alguns povos, porém, não queriam manter-se sob o julgo de tais tiranos (sua missão civilizadora se dava mais ou menos da mesma maneira que os colonizadores nas Américas), declarando independência e começando guerras – todas elas vencidas pela Aliança.

09 março 2013

[LIVRO] Cloud Atlas




Você já viu uma Matrioshka? São essas bonequinhas russas, de diferentes tamanhos, que se encaixam uma nas outras. A externa é sempre a maior, e conforme vamos retirando as peças, obtemos uma bonequinha igual, porém menor, até chegarmos a última, a única que não é oca.

Não sei se dá para entender o que quero dizer com a explicação acima, mas talvez dê agora: foi assim que me senti lendo o livro Cloud Atlas (cuja adaptação cinematográfica no Brasil foi traduzida como A viagem). São seis histórias, entrelaçando das maneiras mais loucas porém lógicas possíveis, dando sensações inexplicáveis de Deja vu – não no próprio livro, mas nas nossas próprias vidas.

06 março 2013

[SÉRIE] My mad fat diary

                 

É difícil falar sobre as coisas que você gosta muito. Por maior que seja o seu vocabulário, a única coisa que se consegue pensar é: “porra, isso é muito bom!”.

OK, mas eu vou tentar.

Assisti a primeira temporada (composta de seis episódios de 45 minutos) de My mad fat diary em dois dias. Não sou muito de fazer maratonas de seriados, mas eu queria saber o que iria acontecer com Rae – a protagonista apaixonada por música e (de uma maneira meio estranha) pela vida me encantou, alçando aquele patamar de que me preocupei com seu futuro não como um personagem ficcional, mas como uma pessoa de verdade, uma amiga. É cômico, mas é verdade – e um dos maiores elogios que se pode fazer a ficção.

02 março 2013

[LIVRO] Cinema Pirata


Toda vez que baixo um arquivo, chego a conclusão de que combater a pirataria é inviável.

Nomes falsos, torrents divididos em milhares de pedacinhos, servidores aéreos – são incontáveis os estratagemas para que possamos assistir filmes e seriados de graça. Embora milhões ainda sejam gastos com o combate, a indústria já percebeu: é necessária outra maneira de ganhar dinheiro que não na venda de ingressos, CDs e DVDs.

Em Cinema Pirata essa alternativa não foi levada a sério: o lobby da indústria de entretenimento levou a aprovação de uma lei quase global com punições severas para downloads ilegais. No caso da Inglaterra, a terceira infração é punida com a expulsão de todo o domicílio da internet.

Considerando que somente 7% da população brasileira tem acesso regular à internet, pode até parecer dramático chamar isto de severo. Mas para Trent isso tem conseqüências catastróficas: seu pai (um operador de telemarketing que trabalha em casa, o único tipo de emprego abundante na cidadezinha onde moram) perde sua renda, sua irmã tem dificuldades para estudar para os exames e sua mãe (aposentada por invalidez) não consegue mais solicitar a sua pensão nem marcar consultas médicas necessárias.

E tudo isso graças a sua obsessão por Seth Watson, uma estrela de cinema há muito morta.