31 outubro 2012

O herói perdido


Algo comum a todo aspirante a [insira coisa aqui]:

demorar para perceber que você só aprende a fazer fazendo.

perceber que a prática, jovem Padawan, não leva a perfeição, mas te deixa mais longe da completa inabilidade.

Enfim, me toquei há pouquíssimo tempo que o próximo bestseller não ia somente se materializar em um arquivo Word de duzentas páginas com espaço duplo em Times New Roman 12 – mas isso é outra história. O ponto principal (do qual, como sempre, me distraio) é que a escrita, como qualquer outra coisa, evolui com o tempo caso você continue praticando.

Percebi isso como nunca lendo O herói perdido. Rick Riordan, seu autor, também é o papai de Percy Jackson e os olimpianos, série literária de sucesso tão grande que com certeza foi fator motivador para essa nova empreitada.

29 outubro 2012

The art of getting by




Pais e professores devem passar por um mau bocado. Não falo só sobre a responsabilidade geral de ambas as categorias de educar, mas também de perceber alguns sinais – difíceis de se detectar quando se trata de um adolescente. Como saber quem só está passando por uma fase difícil ou quem é uma futura Amanda Todd? As fotos de pulsos cortados no Tumblr são frescura ou um grito de socorro? É bullying ou brincadeiras entre amigos? A diferença pode parecer gritante, mas a supracitada garota (menina canadense de 15 anos que se suicidou graças ao que sofria na escola – com o detalhe que ela havia postado um vídeo-ajuda algum tempo antes, zoado pela maioria e só levado a sério por alguns) é uma das muitas que prova que não.

27 outubro 2012

Aprisionada


Capas de livros são importantes para mim. Mais do que algo que somente protege o miolo, capas são uma amostra grátis uma ideia geral do livro e (porque não?) uma espécie de objeto decorativo.

Já comprei e deixei de comprar uma quantidade ridiculamente grande de livros graças a sua arte de capa. Algumas editoras (muitas grandes, aliás, anulando a desculpa da falta de dinheiro para capistas decentes) escorregam feio nesse aspecto, me fazendo crer num problema de visão coletivo dos envolvidos com a produção; outras me deixam boquiaberta, admirando suas capas por minutos e minutos como uma obra de arte em um museu.

Comprei Aprisionada pela capa (que é ainda melhor ao vivo graças a textura) e apesar deste ter me oferecido uma leitura mediana, servirá muito bem para enfeitar minha estante.

23 outubro 2012

Matadouro cinco




Matadouro cinco despertou minha atenção graças ao site de tatuagens literárias Contrariwise: não é raro encontrar lá tatuagens de pessoas que se inspiraram na que é considerada maior obra de Kurt Vonnegut e o melhor livro anti guerra feito por um americano.



No capítulo inicial, conta-se a história do próprio escritor, um veterano de guerra que se vê há anos tentando escrever um livro sobre o terrível bombardeio de Dresden (135 mil mortos)  na segunda guerra mundial, o qual presenciou por ser prisioneiro dos alemães. Ao ir a casa de um ex colega de regimento para trocar lembranças, o autor vê a esposa de seu amigo inquieta. Eis a razão:

“Vocês eram só bebês na guerra – como os que estão lá em cima[os filhos dela]! (...) Mas você não vai escrever assim, vai? (...) Você vai fingir que vocês eram homens ao invés de bebês, e vocês vão ser interpretado em filmes por Frank Sinatra e John Wayne ou um desses homens glamorosos, sujos e amantes da guerra. E a guerra vai parecer somente maravilhosa, então nós teremos mais um monte delas. E elas vão ser lutadas por bebês como os bebês lá em cima.”

20 outubro 2012

Todas as coisas que eu já fiz



Depois que abri o blog, o número de livros que comprei aumentou substancialmente – até chegar no atual absurdo de cinqüenta e uma obras na estante não-lidas.

Mas com o aumento no número de livros veio um aumento de experiência: agora raramente compro ou começo a ler livros que me desagradam por completo – é só ver a média das notas que dou para os mesmos em minhas resenhas, raramente mais baixa do que B+. Não é porque sou pouco crítica (acho que o caso é até o contrário); só escolho bem o que vou ler.

De vez em quando, acontece desse meu “olho clínico” falhar e algum livro em especial me oferecer uma experiência totalmente o contrário do esperado – não da forma fascinante e maravilhosa, e sim negativa. Foi assim com Todas as coisas que eu já fiz.

Nova Iorque, 2083. O mundo está um caos (existe uma perspectiva de futuro no qual ele não esteja?), dominado por catástrofes ambientais e guerras. Como é comum em situações como esta, símbolos são escolhidos como inimigos públicos, culpados por todo aquele desespero – nesse caso, não os judeus, negros ou homossexuais, e sim o café e o chocolate.

15 outubro 2012

Selvagens + resultado do sorteio




Essa coisa de ficção que fala de gente rica demais me irrita um pouquinho. É algo tão fora da realidade que as vezes é preferível ler um livro de fantasia bem viajado, como As crônicas de Nárnia, a algo cujo protagonistas, contrariando a tendência de quase todos os mortais, não precisam perder seu sono graças ao vil metal.

Esse foi o único defeito que encontrei em Selvagens, porque, de resto, o livro é basicamente impecável. Chon, Ben e Ophelia (doravante chamada de O. – ela detesta o fato de ser xará de uma personagem que se matou afogada) são amigos de vinte e poucos anos curtindo a vida no sul da Califórnia. Chon é ex-fuzileiro naval e uma máquina de matar; Ben é formado em botânica e administração por Berkeley e tem mais projetos sociais que Angelina Jolie e O., bem, ela é muito boa em fazer compras.

Além da grana de família, Ben e Chon sobrevivem com um negócio bem pouco ortodoxo entreos bem-nascidos: venda de maconha. Graças ao maravilhoso “paladar” de ambos e a habilidade de Ben com as plantas, a combinação das espécies sativa e indica de Ben&Chonny’s faz um sucesso estrondoso entre a nata dos mauricinhos, artistas e festeiros do sul da Califórnia.

10 outubro 2012

Precisamos falar sobre o Kevin (livro)



“É sempre culpa da mãe, não é verdade?”, disse ela, bem baixinho, pegando o casaco. “Aquele menino deu errado porque a mãe dele bebia, ou se drogava. Ela deixava o garoto solto na rua; ela não ensinou a ele o que é certo e o que é errado. Nunca estava em casa quando ele voltava da escola. Ninguém nunca diz que o pai era um bêbado, ou que o pai nunca estava em casa quando o garoto voltava da escola. E ninguém jamais diz que alguns desses garotos não prestam e pronto. Não vá você acreditar nessa balela. Não deixe que eles ponham nas suas costas essa matança toda. (...) É duro ser mãe. Ninguém nunca aprovou uma lei que diz que para alguém ficar grávida tem que ser perfeita. Tenho certeza de que você tentou ao máximo. Você não está aqui, nesse fim de mundo, numa bela tarde de sábado? Você continua tentando. Se cuide, meu bem.”

Eva Khatchadourian tinha somente dois desejos quando era criança: sair da cidade onde nasceu (onde sua mãe agorafóbica fazia a casa da família de sarcófago) e ter um homem que a amasse. O primeiro desejo foi logo realizado e bem ao pé da letra – difícil encontrar um país que a destemida escritora de guias de viagem de sucesso não tenha visitado – assim como o segundo, resumido no seu casamento feliz com Franklin Plaskett.

Franklin era a antítese do homem que Eva imaginara que casaria: um americano patriota típico, era estranho para a mulher de origens armênias que odiava tudo que lembrasse a brega, ignorante e doente terra do tio Sam. Mas o fato era que Franklin e Eva eram tão felizes que chegou a sufocar. Eles precisavam de responsabilidade, de desafio, de algo novo.

Eles precisavam de um filho.

08 outubro 2012

Cosmópolis





Tem gente que vê o “preconceito” contra livros Young Adult e Chick-lit como algo injustificável.

Eu não vou tão longe. Não, eu não concordo com as afirmações de que os supracitados gêneros são lixo e não ensinam nada a seus leitores. Mas há de se admitir que livros nesse estilo são mais comerciáveis, e o sendo, tem de ser feitos com linguagem mais acessível e trama mais simples.

O que não quer dizer que eles tenham pouco a oferecer em termos de reflexões aos seus leitores. As vantagens de ser invisível, por exemplo: como abordar temas complicados tipo relações familiares, drogas e preconceito atingindo tão bem o público jovem?

Mas ao contrário dos livros tido como “sérios”, infelizmente há como dissociar a parte reflexiva do enredo, compreendendo mesmo sem precisar pensar muito. Deixe-me pegar um exemplo recente: no lançamento da adaptação cinematográfica do sucesso Jogos Vorazes, vários fãs se mostraram revoltadissimos quanto a mesma. A razão? O fato dos tributos do distrito 11, Rue e Thresh, serem encarnados por atores negros.

É.

05 outubro 2012

Feita de fumaça e osso + sorteio!


Tive dois motivos especiais (e extremamente pessoais) para passar Feita de fumaça e osso na frente das minhas listas de leituras e de resenhas. Os dois deles foram relacionados a protagonista Karou, porque ela:

a) tem cabelo azul e
b) mora em Praga.
O primeiro é bestinha, mas fez com que eu me identificasse já que tive cabelo azul, acho lindo e provavelmente voltarei a ter em breve. O segundo justifica-se não só porque Praga é uma cidade de sonho, mas também porque é a capital da República Tcheca (oooh), país que escolhi para fazer meu intercâmbio – um ano letivo de ensino médio, iniciando-se em agosto do ano que vem. Como uma típica pré-intercambista, anseio bastante pelo dia de deixar o ninho e por enquanto vou me resumindo a procurar o máximo possível sobre o país que chamarei de casa por dez meses.

02 outubro 2012

Cães de aluguel








O background do blog dá uma ideia de o quanto gosto da obra de Quentin Tarantino. Como mera espectadora que assiste filmes por pura diversão, não sou muito de analisar seus aspectos mais técnicos, como a direção, mas eu assistiria com prazer até um vídeo caseiro bobinho do natal de Tarantino.

Ele é como o Chuck Palahniuk (resenhas de livros dele aqui e aqui) do cinema: seus personagens são ao mesmo tempo únicos e reais, sem aquela coisa meio forçada estilo Clementine. Os diálogos versam sobre coisas banais como a influência do sistema métrico no nome dos sanduíches do McDonald’s ou o significado da música Like a virgin, mas são essas banalidades pontuais que o tornam genial ao ponto de você se perguntar “como eu vivi sem assistir isso?”.