10 dezembro 2013

Não morri, juro


Tava sem clima pra escrever.

Essa é uma desculpa bem idiota quando se tem um blog que é seu amorzinho e é recheado de textos (alguns dos quais você se orgulha, uns razoáveis e outros nem tanto, mas que serviram pra aquela tal coisa que vivem dizendo que é necessária chamada treino) mas é a única que eu posso dizer. E se fosse minimante decente colocar smileys em um texto desse estilo, colocaria aquele de ombrinhos levantados e meio-não-sorriso torto.
 
Mas vamos lá, com os dedos enferrujados, abrir um arquivo do LibreOffice (o meu computador novo que trouxe pr'essas terras frias não tem Microsoft Word) e começar a digitar sem rumo, o cansaço bem único de ouvir (e tentar falar) uma língua completamente diferente daquela que se chama de mãe o dia inteiro se acumulando debaixo dos meus olhos.

Certo, então, o que eu ando fazendo?

a) ~Explorando – assim, quando dá.
 
Como os antigos leitores do blog devem saber, estou em um intercâmbio (de ensino médio) de um ano na República Tcheca, tendo chegado no finalzinho de Agosto e indo embora em Junho. O sentimento de estar aqui é um dos mais agridoces do mundo: é tão frustrante e desafiador ter que começar uma vida completamente nova em um lugar diferente.

A coisa é mais ou menos assim: eles me arrumam uma família. Eles me arrumam uma escola. No meu caso, ambas são em Praga, a capital do país, fato que fico dividida entre classificar como imensa sorte ou azar em pele de cordeiro. Aí vai toda a parte mais complicada: se adaptar a uma cultura completamente diferente, fazer amigos e se integrar a família.

Eu lhes garanto, amigos: fácil não tem nada. Não é somente a língua tcheca (do temido grupo das eslavas, completamente diferente do português) que me deixa cansada, mas o desafio diário de tentar fazer todas essas coisas e manter o mínimo da normalidade.

Durante a semana, vou para a escola. Embora alguns intercambistas não sejam as figuras mais frequentes na sala as vezes, no caso da minha organização daqui da República Tcheca eles levam bastante a sério: mate aula (sem justificativas plausíveis) e pode dizer tchauzinho. Exceto por inglês e espanhol, todas as aulas são em tcheco, o que me dá passe livre para fazer mais ou menos o que eu queira no meu canto.


Esse o “que eu queira” não foi muito “estudar tcheco” no primeiro par de meses, mas no último mês tenho me esforçado bastante – as lições do livro que a organização nos emprestou tem passado mais rápido do que eu esperava. Não falar tcheco é, na verdade, o meu inimigo número um no momento: embora a maior parte dos meus colegas fale inglês muito bem e minha família consiga se comunicar, é um grande empecilho estar em qualquer país e não falar a língua local.

Isso, somado com a timidez dos tchecos, não me dá uma grande quantidade de amigos locais, o que não é exatamente a melhor coisa do mundo e conta como empecilho número dois na minha listinha. Felizmente, fiz uma grande quantidade de amigos intercambistas de uma diversidade incrivel de países ao redor do mundo, e nos fins de semana vem a “exploração” literal: não raro nos encontramos em Praga (fui também a Brno, a segunda maior cidade) uma vez e andamos por aí, nos perdendo pelo cenário vivo de Feita de fumaça e osso que muitas vezes parece me transportar duzentos anos no tempo.

b) Lendo.


No início a tal da coisa de estar em um ambiente novo não foi exatamente muito boa para meu ritmo de leitura, e tive uma quantidade mais ou menos razoável de livros abandonados, mas depois do primeiro mês consegui voltar ao normal. Norwegian Wood foi uma má escolha para uma fase de mudança e adaptação (nunca subestime a melancolia de um artista japonês, mesmo) mas meu Kindle (o melhor amigo daqueles com espaço limitadissimo e prazo pra voltar pra casa) me acompanhou no ótimo Garota Exemplar (eu sabia que tinha que ter lido antes!) e nas boas distopias Unwinded e Reboot, mais um número bastante razoável – alguns que, espero, serão resenhados aqui no futuro.

c) Revisando meu livro.


Pois é, Desconectada, produto do Camp NaNoWriMo de Julho (leia mais sobre aqui) acabou dando frutos. Embora o meu bebêzinho de sessenta mil palavras tenha mais defeitos do que possa contar em um post de tamanho decente, estou conseguindo identificar esses tais problemas na revisão para corrigí-los nas inúmeras reescritas que serão necessárias.

Enfim, todos esses três “o que ando fazendo” serão mostrados em posts futuros, que acontecerão, como no início do blog, as terças, quintas e sábados. Até lá!

OBS.: Como dá pra perceber pela ilustração desse post, ando curtindo bastante o Instagram.

7 comentários:

  1. Intercâmbio = <3
    Um dos meus maiores sonhos é fazer um, embora eu saiba que não são só flores. Apesar de tudo (e esse tudo é muito amplo), a experiência que uma viagem assim proporciona é ímpar e vale para o resto da vida.

    Abraços e boa sorte com o tcheco hahahaha :)

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    1. Siim, fácil não é, mas vale a pena, em certos modos. Obrigada!

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  2. Legal você falar um pouco sobre o intercâmbio. Acho super legal e às vezes fico pensando "nossa, como queria", mas eu sei que pode ser uma experiência bem... agridoce, como você descreveu. Eu não sou a pessoa mais sociável do mundo, então acho que seria bem complicado estar completamente sozinha em um lugar completamente novo. Embora eu goste de acreditar que conseguiria me virar.

    Mas eu te acho muito corajosa por fazer um intercâmbio assim. Pra um país tão... diferente? Quer dizer, eu não conheço, mas o desafio do idioma já é um baita desafio, né? Pra isso eu posso garantir que não teria coragem. Nesse ponto da vida só me arriscaria em um país onde a primeira língua fosse inglês (ok, a graça também é menor), italiano e no máximo espanhol. Mas eu acho super bacana que você tenha tido essa coragem, imagino que esteja sendo uma experiência e tanto.

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    1. As vezes eu me pego pensando exatamente isso ahahha "que merda me deu na cabeça pra vir pra REPÚBLICA TCHECA?" De tantos países para escolher... De qualquer forma, o desafio é maior, mas ele continuaria lá mesmo em um país latino ou que falasse inglês. Se for pra infligir o mal que venha logo de vez, né?

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  3. Pode fazer um vídeo contando sobre como é a escola lá, as matérias que você estuda, como os seus colegas te receberam, como foi seu primeiro dia de aula, como você é avaliada na escola e como é sua host family? Tenho muita curiosidade sobre a República Tcheca e gostaria muito de saber mais sobre aquele país! Obrigado :)

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    1. Vou fazer sim! Tava fazendo um vlog sobre intercâmbio (O grande talvez (no intercâmbio) - não consigo colar o link aqui) mas acabei parando. Podexá que em breve falo sobre isso :)

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  4. Achei seu vlog e gostei bastante! :) Vai fazer mais vídeos?

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