31 janeiro 2013

[SÉRIE] The inbetweeners



O filme As melhores coisas do mundo foi o estopim que modificou meu conceito de filme para adolescentes. Primeiro porque é nacional, algo raríssimo no gênero. Segundo porque foge bastante aos clichês, tanto no enredo quanto no elenco – é bom ver personagens adolescentes sendo feitos por atores adolescentes, e não por aqueles que há muito passaram desta fase.

Conversando com uma amiga sobre isso, porém, ela apontou algo estranho: o tanto de coisas que acontecem a Mano, o protagonista, ao mesmo tempo. Isso chamou minha atenção para uma tendência nessas obras que retratam o crescer de forma sensível. Sim, um de nós pode eventualmente descobrir que o pai é gay, que o irmão tem depressão, a irmã está grávida, a namorada tem câncer, perder um amigo tragicamente – e provavelmente uma dessas coisas vai acontecer, além de milhares de outras variantes não tão adequadas ou artisticamente interessantes – mas vários desses itens ao mesmo tempo? É mais do que um ser humano pode agüentar.

Isso sem falar daqueles que são mais irreais ainda – a maior parte de nós não é rico feito a Gossip girl e seus temas de fofoca, desregrado feito os personagens de Skins muito menos possui poderes sobrenaturais. Não é que eu não goste dessas histórias, mas de vez em quando é bom uma dose cavalar de realidade, um trabalho de ficção que não se baseie em um ou mais eventos ruins, e sim aquelas situações cotidianas de quem cresce.

Aí eu achei The inbetweeners.

29 janeiro 2013

9 personagens mais frustrantes + resultado da promoção!




Provavelmente por minha falta de costume, listas são os posts que mais me dão trabalho – mas não deixam de ser divertidíssimas de fazer. Ao ver esse tema proposto pelo meme Top Ten Tuesday (ignorem o fato de que só tem nove itens aqui) eu não poderia deixar de fazê-lo, mas tive um probleminha: qual das definições de frustrante usar? No final, acabei me decidindo por aqueles com potencial, mas que de uma maneira ou de outra, acabaram com minhas expectativas.
É isso.

26 janeiro 2013

Dezesseis luas




“Oi, meu nome é Isabel e eu já estou há cinco anos sem pensar que me mudar seria a resolução para meus problemas.”

Acho que todo mundo – até quem mora em megalopoles e nem sabe o nome dos vizinhos – já pensou que mudar de cidade, emprego ou escola seria a solução mágica para todos os seus problemas.

É uma lógica bastante infantil, por pressupor que a fonte principal de nossos problemas repousam nos outros não (perdoem-me o clichê – brincadeira, podem me bater por isso) em nós mesmos. Não que mudar de ares de vez em quando não seja ruim, até mesmo necessário, mas esperar algo desse tipo para se mexer pode ser uma enorme perda de tempo.

É nesse erro que cai Ethan Wate, protagonista e narrador de Dezesseis luas. As primeiras páginas do livro são quase que completamente dedicadas a descrição de Gatlin, cidade onde sua família mora há séculos – e de onde ele quer urgentemente sair – e o mimimi excessivo sobre como o lugar é insuportável e seus habitantes estúpidos me irritou profundamente.

24 janeiro 2013

Dogville




Cidadezinhas americanas no período da Grande Depressão são terreno fértil para histórias que, embora boas, revelam de forma assustadora o espírito humano. 

Dogville e seus pacatos habitantes parecem ser uma dessas sociedades exclusivas. A minúscula vila entre montanhas tem como seus únicos moradores razoavelmente abastados Tom Edison e seu pai, um médico aposentado. Essa pequena quantia mensal é a desculpa de Tom para não fazer nada – ou ser um escritor que não escreve: toda a sua obra se resume a duas palavras.


Tom também promove reuniões semanais na cidade, fazendo as vezes de pastor e filósofo ao dar sermões sobre fibra moral. Sedento por um exemplo, ele tem um quase que vindo do céu: Grace, uma jovem de roupas caras e boa aparência, que necessita de abrigo – ela foge de gangsteres e Dogville e sua montanha são final da linha.

22 janeiro 2013

ESTRÉIA: The Following




Já experimentei aquela tal sensação religiosa quanto a um livro ou filme algumas vezes. Não raro uma obra nos preenche, fala por nós de maneira tão eficiente comparando-se ao “ver a face de Deus” (o tal do amor pela definição do musical Les miserables). Minhas habilidades me impedem de descrever isso de maneira realmente eficiente, mas você provavelmente sabe do que eu estou falando.

É claro que essa sensação muitas vezes ultrapassa a mera satisfação e evolução pessoal – como tudo na arte, os sentimentos fortes causados por ela são passíveis de interpretação. Segundo Edgar Allan Poe, a morte é a forma mais pura de beleza e a insanidade da arte deve ser sentida, não somente apreciada – dois postulados que juntos inspiraram o professor universitário Joe Carroll a cometer catorze mortes cruéis anos trás.

17 janeiro 2013

Noite infeliz + sorteio!




Uma das primeiras coisas que escrevi foram releituras. Fiz chapeuzinho vermelho de todas as cores, três porquinhos sem porquinho da casa de tijolos, lobo mau bonzinho... Recontar as historinhas que eu ouvia desde o berço atiçavam a minha imaginação de forma inimaginável, me fazendo ultrapassar (e muito) as duas laudas dadas pela pró para a produção textual do semestre.

Atualmente, essas “recontagens” de histórias em domínio público estão na ordem do dia -  e foi em cima disso que Seth Grahame-Smith construiu a sua carreira. Depois do sucesso de Orgulho, preconceito e zumbis e de Abraham Lincoln, caçador de vampiros, o escritor nos traz Noite infeliz, uma interessante versão das primeiras semanas do homem que mudou o curso da história ocidental.

15 janeiro 2013

Overdose: produções de época – parte um


Provavelmente Jane Austen é a culpada.

Começou com algumas mini-séries com enredos baseados nos livros da autora; agora sou uma completa viciada em produções de época. Meu padrão (graças as novelas da globo que embora previsíveis, tem uma ótima produção e quase sempre precisão histórica) nesses termos é bem alto, o que já me faz excluir alguns filmes (como, por exemplo, essa versão de Emma ou essa de Razão e sensibilidade). Não só por isso, na verdade: toda a ironia usada por Jane Austen se perde, tornando os filmes pouco mais do que comédias românticas (ou dramas românticos, como a versão de Orgulho e preconceito com Keira Knighley).

Mini-séries da BBC são justamente o contrário: raramente me desagradam. Talvez seja por isso que sejam parte componente de quase toda minha lista de favoritos, que, por ter ficado meio grandinha, será dividida em três terças. Espero que gostem!

12 janeiro 2013

O sol é para todos


Sinceramente, eu estranho um pouco esse saudosismo da infância a moda antiga, com brincadeiras na rua, pés descalços e gritos de mãe após o escurecer.

Sim, é de fato triste que isso seja principalmente causado pela violência e pelo asfalto, mas acredito que cada geração tem seus modos, dores e costumes, e não cabe a ninguém rotular um de “infância de verdade”. Infância “de mentira” é aquela onde há dor, trabalho ou descaso – o resto são variações. Isso não se trata de pena altruísta daqueles que nunca conhecerão um joelho ralado, e sim saudade de um tempo que não volta mais.

Provavelmente por morar em um bairro periférico tranquilo de uma cidade de médio porte minha vida inteira, tive um misto dessas “duas infâncias”: brincava na rua, mas também passava cinco, seis horas na internet discada nos finais de semana, quando a taxa absurda baixava bastante. Algumas das melhores leituras da minha infância retratavam esse primeiro tipo – os livros de Monteiro Lobato, Cazuza, Meu pé de laranja lima... Talvez tenha sido por isso que foi uma delícia tão grande ler O sol é para todos.

10 janeiro 2013

Across the universe




Jude é um jovem operário inglês que, querendo conhecer seu pai (um dos inúmeros soldados americanos que deixou prole no velho mundo durante a segunda guerra) vai aos Estados Unidos.



O encontro não é tão bom assim, mas em Princeton Jude faz uma amizade valiosa – Max, um rapaz rico de inocente irresponsabilidade e que leva bem a sério o Carpe Diem. Cansado da faculdade, Max se muda para Nova Iorque levando seu novo amigo britânico, logo depois seguido por Lucy, sua irmã mais nova – que andava necessitada de uma mudança de ares depois da partida do namorado para o Vietnã.



Como é de se esperar em um musical que fale dessa época, jogue no caldeirão movimentos pacifistas, drogas e importantes figuras do meio artístico (ou, aparentemente, suas sósias) – temos aí Across the universe.

08 janeiro 2013

Dez metas literárias para 2013

Essa sou eu, voltando aos doze anos.


Não estabeleci metas propriamente numéricas esse ano para nada – números não mudam hábitos. Com a leitura não foi diferente: os livros já fazem parte de minha vida, não preciso dizer que lerei 10 ou 100 para provar isto a mim mesma.

Contudo, existem algumas coisas em relação a literatura que quero fazer. Geralmente, listas nesse estilo são difíceis de escrever, mas não essa – talvez porque inclui ambas metas como leitora e escritora. No final, as duas coisas acabam dando na mesma. {Sem ordem de prioridade.}

05 janeiro 2013

O pesadelo




Não lembro de ter tido um (eu sempre perdia as pecinhas) mas sempre achei quebra-cabeças interessantes. Qual é o apelo que um negócio complicado e demorado tem, ao ponto de que meus colegas de primário se reuniam no recreio a fim de montá-los? Só agora entendo: é ótimo ver a figura final, sabendo que ela foi montada com suas próprias mãos – ou, no presente caso, de uma turma inteira.

Thrillers são como um quebra cabeça: intrincado e difícil, há uma sensação de alívio quando suas partes são reveladas. Um bom thriller tem inúmeras pecinhas pequenas e de encaixe difícil, um ruim é como os que vêm de brinde em restaurantes de fast-food – peças grandes e fáceis de montar, com uma figura final geralmente não muito interessante e pouco detalhada.

O pesadelo, infelizmente, pertence à segunda categoria.

03 janeiro 2013

Thelma e Louise




Momento encarando a realidade: se uma mulher é estuprada em condições diferentes do imaginário estranho-louco-na-esquina, muitos erguerão a voz para culpá-la. As desculpas estapafúrdias vão de bebidas a roupas curtas, revelando uma mentalidade machista medieval que faz com que centenas convivam com algo bastante estranho– a culpa por ter sido vítima de uma violação física e psicológica para qual a maioria fecha os olhos sem sequer sabê-lo. Faz sentido? Não muito. {Sobre isso, recomendo muito a leitura desse texto, que é curtinho e bastante informativo.}



Duas décadas atrás não era muito diferente – e é nessa linha que Thelma e Louise caminha.  Thelma é uma dona de casa bonita, casada desde os dezoito anos com Darryl, um homem grosso e controlador; já Louise, uma garçonete 
migrante do Texas e de espírito independente, vive um relacionamento indefinido com um músico. Depois de muita insistência – Thelma não sai da cidade sem o marido desde sempre, pedindo sua permissão para qualquer coisinha como uma criancinha faz ao pai – elas partem para uma viagem de final de semana, um pequeno retiro entre amigas na cabana do gerente de Louise. Na bagagem todas as roupas possíveis, equipamento de pesca e uma arma de calibre 38 – presente de Daryl (que aparentemente crê na utilidade de uma arma para auto-defesa) para Thelma.