31 janeiro 2014

It's kind of a funny story (livro)

Vou falar por experiência própria, mas acho que esse é um problema de toda uma geração – pelo menos daqueles que, claro, tem um padrão de vida de classe média e acesso aos principais meios de comunicação (posso parecer uma babaca de vez em quando ao falar sobre essas coisas “gerais” que na verdade não são acessíveis para boa parte da população, mas como falarei de uma vida e de um mundo que não conheço de perto?).

Temos escolhas demais.

24 janeiro 2014

9 planejamentos de autores famosos



Sou uma grande fã de planejamentos, ou, no inglês, outlines - aquele resuminho básico dos acontecimentos que vários escritores fazem com o objetivo de traçar uma linha dos acontecimentos em suas obras. Achei nesse post aqui alguns planejamentos de livros razoavelmente famosos, indo de Harry Potter e a Ordem da Fênix até algumas outras que nunca ouvi falar. Eis então a bagunça da mente de um escritor em produção:

22 janeiro 2014

Maratona literária 2.0



Pois é, meio que ~voltei~ com os vídeos. Nesse,comento a minha participação na Maratona Literária 2.0, que rolou semana passada. O que acharam?

16 janeiro 2014

Unwind (livro)



Unwind tem uma premissa estranha, mas que ao mesmo tempo gira em torno de algo que divide muita gente. Anos antes da história (uma distopia em um futuro distante, mas não tanto) houve a chamada “heartland war”, ocorrida graças ao conflito entre os “pró vida”* e “pró escolha” - os dois lados na briga sobre a legalização do aborto – que atingiu níveis de tensão máximos.

Aí há um problema que me fez franzir um pouquinho a testa no começo da leitura. Sim, sei que a legalização do aborto é uma questão importante (essencial, levando em conta o número de mulheres mortas em abortos ilegais) mas mesmo em um país como os Estados Unidos (em que religiosos radicais e progressistas brigam feroz e nem sempre honestamente) uma guerra civil completamente dedicada à isto me parece um pouco exagerado.

Mas distopias nem sempre são feitas para serem críveis; então continuemos. Como forma de terminar a guerra – e satisfazer ambos os exércitos pró vida e pró escolha – foi assinada a Bill of Life (algo como Constituição da Vida), que estabelece que a vida humana é intocável do momento de concepção até os treze anos de idade. A partir daí, porém, os pais podem escolher “abortar retroativamente” uma criança, mandando para ser Unwinded, ou seja: todas as partes de seu corpo (exceto por aquelas como o apêndice, que você não usaria de qualquer jeito) serão enviadas para pessoas que necessitam de uma doação, cada vez mais comuns uma vez que a ciência parou de procurar curas após a legalização de Unwinding.

Prática que, aliás, não é só legal: é aceita por toda a sociedade. Problemas número dois e três vem aí: como pró-escolha ferrenha eu mesma, tenho minhas dúvidas de se qualquer um dos lados acharia que Unwind é uma boa solução para a sua briga. Toda a briga pró-escolha não é sobre ter a responsabilidade sob uma criança ou não, e sim sobre os direitos da mulher sobre o próprio corpo. Unwinded seria uma solução pobre, e duvido que os exércitos da Heartland War discordassem de mim.

O problema – ou na verdade a solução – é que Neal Schurman é tão perfeito na caracterização e descrição de seu mundo que, mesmo com esses dois buracos históricos gigantescos, é difícil não acreditar que ele é real. O mundo de Unwind parece ter exigido um nível de planejamento e detalhe tão grande que é impossível não admirar.

Entre toda essa coisa, temos três personagens que vão ser Unwinded por motivos bem distintos. Primeiro há Connor, um garoto bastante rebelde cujos pais não conseguem controlar. Risa cresceu em um orfanato do estado, e aparentemente sua vida – e sua possível brilhante carreira como música – não é valiosa o suficiente para lhe garantir um lugar por lá – Unwind é então colocado como solução. Por último ficamos com o mais estranho, Levi, um garoto de uma família religiosa riquissima que, pela velha regra bíblica dos dez por cento como dízimo, tem que dar um de seus dez filhos ao mundo, filho este que vai feliz e satisfeito por cumprir o seu dever como religioso.
Os caminhos dos três se cruzam em um estranho acidente de carro. A fuga de Unwinds, algo obviamente comum, é tratada seriamente, com policiais eficientes trabalhando contra isto e população atenta a jovenzinhos vagando sozinhos por aí. O nosso estranho grupo, porém, é extremamente inteligente, e sobrevive de uma maneira ou de outra, em uma corrida aparentemente interminável.

Já li Unwind faz um tempinho, e o livro ainda me deixa um pouquinho confusa sobre o que pensar dele. Como já disse, a construção é boa, salvando a premissa de mundo semi-absurda. Os personagens, obviamente, crescem bastante no caminho, em um arco bem traçado e crível.

As resenhas que li discutem se o livro seria contra ou a favor da legalização do aborto, mas não creio que isso seja necessariamente relevante – com a sua solução absurda achada para essa discussão, o autor a colocou em segundo plano, discutindo, na verdade, o valor da vida. Não da vida de um feto, mas da vida dos Unwind que existem, em maneiras diferentes, na nossa realidade; da vida de mães que abandonam os seus filhos nas portas de casas exubertantes por não terem o mínimo de estrutura para cuidar dos mesmos e, obviamente, na individualidade de cada um, construída através dos anos, preciosa demais para ser jogada fora por mais marginal, rebelde ou sem expectativas que seja.


09 janeiro 2014

3 coisas para amar em Revolution - e duas que nem tanto...



Tenho épocas que fico extremamente “enjoada” para obras de ficção: simplesmente nada me agrada. Não consigo levar um mero filme até o final ou passar de um episódio piloto de uma série, não achando nada bom o suficiente para que eu use o meu tempo.

É mais do que uma “ressaca literária”: é uma estúpidafalta de concentração que, infelizmente, me ataca com mais frequência do que o desejado, talvez após periodos extremamente intensos de leitura ou escrita, talvez por simplesmente férias serem necessárias para o meu cérebro. Depois de algum tempo, finalmente aprendi que nada adianta forçar mais e mais coisas – a única solução é pegar leve, e recorrer a obras de gêneros que sei que raramente falham para mim.

Foi por isso que voltei a Revolution.

Pois é – reclamei de ter me decepcionado com o seriado nesse post (após ter aplaudido o piloto neste) mas depois de alguns episódios, me vi completamente viciada, maratonando um após o outro. Como nem tudo são rosas, vai aí os três pontos positivos e os dois negativos de Revolution – sem spoilers. No final? Eu assistiria – não existem muitas séries distópicas com o mínimo de qualidade por aí.

07 janeiro 2014

3 podcasts literários + maratona



Os podcasts para mim foram uma descoberta bastante grata – embora eu goste bastante de ler na minha hora e vinte minutos diária de locomoção para e da escola, às vezes as condições espaciais (ainda não me treinei a ler em pé) impedem que isso seja possível.

Mas não só nessas situações – os podcasts são uma maneira extremamente dinâmica de ouvir discussões entre autores e blogueiros, agregando em cada minuto milhares de informações. Assim como no YouTube, temos no Brasil algumas joías de podcasts, e aqui estão os literários que acompanho, sem ordem de preferência. Peguem os fones de ouvido e usem bem as horas no trânsito:

04 janeiro 2014

Garota Exemplar (livro)



Garota Exemplar foi um aqueles livros que causou um burburinho na blogosfera literária à época de seu lançamento – a mistura de qualidade da obra em si com a sempre ótima divulgação da Intrínseca tornam isso um caminho óbvio.

Demorei um pouquinho, mas finalmente li o livro de que tanto falaram – um suspense policial com pitadas de drama familiar que vale muito a pena.
Começamos com Amy e Nick, um casal americano que poderia estar em uma série moderninha qualquer em Nova Iorque – ambos jornalistas, mantém um estilo de vida bastante high society graças aos pais de Amy, autores de uma série de livros infantis de muito sucesso chamada Amy Exemplar.

Ou poderiam todos os verbos no paragrafo acima estar no passado? Porque quando o livro começa, Amy Exemplar não vende mais tão bem assim, o casal perdeu seus empregos na cidade e agora vivem na pequena terra natal de Nick, onde até um pouco de tempo antes ele cuidava da mãe adoentada. Com um estilo de vida mediocre comparado o que estão acostumados e as comuns rupturas que surgem em um casamento, o relacionamento dos dois está em decadência – até que algo chacoalha e muda a tediosa vida de Nick na cidadezinha: o desaparecimento de Amy.

02 janeiro 2014

Diário da revisão, parte I



Depois de muito bravamente cuspir um texto de sessenta mil palavras em um mês e meio (mais detalhes sobre aqui), a saga de Desconectada, o meu livro, continuou: eu precisava partir para a revisão.

O problema é que nunca revisei e não tinha muita ideia do que fazer – eu sabia que era burro começar por “line editing”, ou seja, o processo de polir a linguagem, em um livro que com certeza seria mais cortado e remendado do que uma celebridade de Holywood. Depois de uma leitura frustrada, fui à web procurar alguma solução, esbarrando com o razoavelmente célebre curso de revisão de Holly Lisle.

Tive que passar sem pringles e biscoitinhos pelo mês para pagar a primeira taxa, mas valeu a pena – o curso tirou um pouquinho do peso de revisar pela primeira vez um de seus manuscritos dos ombros. Não posso reproduzir literalmente nada do curso aqui por motivos de copyright, mas eis o que ando fazendo e aprendendo: