Aprendi cedo o valor de
um escritor que confia em seus leitores. A primeira dica foi a série
Desventuras em Série, na qual Lemony Snicket não hesita em
criar um mundo cheio de referências bem escondidas e informações
que muitos considerariam complexas demais para crianças. Depois,
ganhei de presente Harry Potter e a filosofia, que como muitos
manuais quase oportunistas, mostra como o pensamento de vários
filósofos está presente nas histórias do bruxinho.
Por que é um fato que
leitores (mesmo queda mesma faixa etária) tenham vários níveis de
compreensão diferentes sobre a mesma obra. Um livro sozinho é só
um calhamaço de papel e tinta (ou algo ainda mais insignificante:
bytes na nuvem) e só se torna uma coisa de fato fantástica quando
misturado as várias experiências de seus leitores.
A série Fronteiras
do universo, iniciada por A bússola de ouro (resenha
aqui) é um expoente fantástico disso. Phillip Pulmann não despreza
seu provável público (crianças e adolescentes) e insere questões
complexas sobre religião, o bem e o mal, não tão visíveis assim
no primeiro livro da série, mas essenciais em A faca sutil,
sua continuação.
[A partir daqui,
teremos spoilers de A bússola de ouro.]