31 julho 2013

Quarta-feira aleatória: Camp NaNoWriMo, julho de 2013



Cerca de três vezes por ano algumas dezenas de pessoas com pouco tempo livre e bastante disposição se junta online para participar dos programas do Office of Letters and Lights, conhecido por incentivar novos e velhos autores a fazer o seu ofício: escrever.

Para alguém que não escreve é estranho que muitos de nós precisem de incentivo, mas escrever um romance se prova uma tarefa ingrata. No começo é divertido como uma viagem de férias, mas assim como nossos pés criam bolhas e a cama do hotel nunca é igual a de casa, os personagens se rebelam, o enredo se prova idiota e qualquer relida atraí magneticamente nossos dedos a tecla Delete. Para mim, a coisa é mais ou menos como disse Dorothy Parker: eu odeio escrever, mas amo ter escrito.


Pois é, aí vem esses loucos do primeiro parágrafo e se propõem a escrever um livro. Em um mês.

Inicialmente a “brincadeira” começou como um evento no mêsde novembro – basta você se registrar no site de graça e atualizar diariamente sua contagem de palavras, que deverá somar 50 mil (um bom tamanho para um livro, embora a maioria dos gêneros tenha mais) no dia trinta. Não é necessário escrever em inglês, ninguém lê o que você escreveu para comprovar autenticidade e, no final do mês, acredite: você ficará feliz com essa privacidade.


Nas outras duas vezes, os chamados Camp NaNoWriMo, a coisa é mais permissiva: você poderá escolher qualquer meta, de dez mil até um milhão de palavras. Basta se comprometer e querer seguir o velho conselho de absolutamente todos o escritores de sucesso: escrever todos os dias.

Muito pouco sabiamente, coloquei a minha meta no Camp NaNoWriMo desse mês de Julho para oitenta mil palavras, um número que acreditei que bastasse para o livro de fantasia que eu pretendia escrever no mesmo. A criatividade é uma mestra  bem pouco constante, porém, e acabei tendo uma ideia durante uma espera em um aeroporto no final do mês de junho, a pouco menos de dez dias do início do Camp.

Completamente diferente do meu plano inicial, não envolvia poderes mágicos, criaturas mitológicas nem um mundo alternativo, e sim a distopia pura e simples, gênero do qual não consigo fugir. Como muitos escritores, sou movida a planejamentos, e nunca consigo terminar projetos que não estejam com (pelo menos!) começo, meio e fim definidos. Isso aumentou um pouquinho meu receio de escrever Desconectada (título provisório) mas depois de discutir um pouquinho com o pessoal do Clube de Escrita, resolvi que seria bom dar uma chance. Fiz um planejamento bem capenga capítulo por capítulo no Scrivener (software próprio para a escrita de ficção que é MUITO AMOR) e, no dia primeiro, comecei a escrever.

Como eu já disse, no início tudo são flores, e eu conseguia escrever rapidamente sem nenhum problema e sem detestar demais a minha história – afinal, é para melhorar que servem as revisões, não é?

Não. Pelo menos não segundo a minha cabeça, depois da segunda semana.
Comecei a detestar a minha personagem, o meu vocabulário e achar a história besta demais. Alguns compromissos e dias de preguiça me deixaram MUITO atrás na minha ambiciosa meta o que seria recuperável, se eu tivesse feito as pazes com minha história a tempo...

Pois é, ganhar o Camp não foi dessa vez. Mas tenho um livro Young Adult distópico com quase cinqüenta mil palavras (umas cento e cinqüenta páginas) e quatro capítulos faltando, e resolvi que, pela primeira vez, vou realmente investir nele. É, eu tenho diversos primeiros rascunhos na memória do meu computador, abandonados, que foram terminados mas não passaram por uma leitura, crítica ou revisão sequer. Mal eu os terminava e já declarava que aquilo dali fora um mero treino, um exercício, não algo para ser apresentado ao mundo – seja a uma editora ou no Wattpad.


Por que dessa vez foi diferente? Não sei, mas me sinto ligada a história, e sei que ela está uma porcaria agora, mas tem potencial para melhorar. Quem sabe Desconectada será um dia encontrado nas livrarias? Depois de quinhentas revisões, claro. Os manterei atualizados.

9 comentários:

  1. Preciso criar vergonha nessa minha cara e botar minhas ideias no papel direito, mas meu crítico interno é quase uma entidade com vida própria e censura minhas coisas antes mesmo de eu sentar a bunda pra escrever. Invejo sua disciplina, no último NaNo que tentei (ano passado) eu tinha umas 5000 palavras mais ou menos e larguei mão. Shame on me.

    Insista em Desconectada. Nós merecemos ler seu livro um dia!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Awn, obrigada! Enfim, não sou exemplo de disciplina HDUASD Sério, para cada hora de escrita mesmo eu procrastinava umas dez...
      Deixar o crítico interno ir é realmente um enorme desafio, mas vale a pena quando você se liberta - mesmo que seja um pouquinho :)

      Excluir
  2. Ah, eu queria muito participar do Nanowrimo! Eu tenho até conta lá, mas nunca escrevi nada. O que eu escrevo lá todo mundo pode ver? Porque gosto de privacidade haha. Estou na mesma que você, necessito escrever mais, mas parece que algo me impede disso. Chamo-me às vezes de "A escritora que não escreve", porque sonho em ser escritora, mas atualmente são poucas as vezes que me dedico a isso.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não, ninguém pode ver :) Tenta participar, vale muito a pena! Mesmo que você não ganhe voc~e aumenta muito a produtividade e ganha o hábito de trabalhar naquilo sempre que pode :)

      Excluir
  3. Eu simplesmente ADOREI seu post, sério!
    Eu já escrevi dois livros quando criança e até publiquei eles, hoje eles estão na minha estante junto dos outros, mas não mostro a ninguém, por pura vergonha de serem infantis demais e não serem o que eu escreveria hoje e por outras coisas tbm, quando vc é criança as coisas são diferentes... mas enfim, hoje eu tenho uma ideia na cabeça e quatro capítulos escritos mas o que me aborrece mesmo é eu não ter o planejamento de meio e fim e isso me entristece e me faz parar de escrever... mas como vc disse, quem sabe um dia depois de várias revisões, pois é, vou tentar!

    ótimo post
    beijos
    www.lisz-tomania.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  4. Isabel, tenho outra dúvida, no NanoWrimo, a época para começar a escrever é em novembro, certo? E no Camp NaNoWriMo? É todo começo de mês (exatamente no começo do mês) ou posso participar agora?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Então, você pode fazer Camp NaNo quando quiser, mas os ~oficiais~ desse ano já foram (abril e julho). Mas lá nos fóruns do NaNo tem sempre gente que coloca desafio de outros meses do ano, se for melhor pra vc em outro :)

      Excluir
  5. Olá Isabel! Eu tenho baixa visão e gosto muito de escrever, mas eu nunca consigo concluir nada que eu começo e esse fato me deixa muito triste, pois eu não planejo tanto, mesmo que a história esteja só na minha cabeça e eu só sento e escrevo. Vi alguns vídeos de pessoas falando do nano e fiquei muito curiosa para participar, criei uma conta lá, mas eu fico meio perdida na hora de mexer. Quero muito concluir uma história, pois pretendo publicar para que outras pessoas a conheça. Procurei tutoriais explicando, mas poucas pessoas do Brasil publicam vídeos explicando Como funciona o site na prática.

    ResponderExcluir