04 fevereiro 2015

A sociedade do anel (livro)


Gostar de um livro e reconhecer suas qualidades são coisas bastante diferentes – eu não gostei muito da leitura de O processo, por exemplo, mas sei que é uma grande obra. Até então também vinha fazendo isso com o queridinho de dez entre dez loucos por fantasia, Tolkien, mas talvez eu precise mudar um pouquinho esse status.

Comprei a coleção completa de O senhor dos anéis há alguns anos: graças a uma conhecida no Orkut (!!!) fiquei sabendo do maravilhoso mundo de promoções do Submarino e arrebatando a trilogia, O hobbit e o Silmarillion por um preço que antes me pareceria impossível. Desde então, foram várias a tentativas de leitura da história que eu conhecia vagamente graças aos filmes (assistidos com minha mãe na não tão saudosa época dos videocassetes – tente “rebobinar” três horas de película), nenhuma levada até o fim.

Excesso de descrição e passagens enfadonhas – aquelas nas quais os hobbits cantam e declamam poesia – estavam dentre os defeitos por mim detectados. Agora, alguns anos depois, mudo de ideia, mas não completamente.

A sociedade do anel é a história de Frodo Bolseiro – recém-saído da adolescência, o hobbit vive debaixo das asas de seu tio, Bilbo, excêntrico e podre de rico. As descrições do início do livro me deram vontade de ser uma hobbit: as criaturinhas vivem para comer, jardinar, beber e depois comer um pouquinho mais.

Na sua magnífica festa de aniversário, Bilbo, porém, desaparece para sempre, deixando tudo que tem para Frodo. A maior parte da herança (que inclui uma casa bem grande e atulhada de coisas em uma parte bem agradável do Condado, onde vivem hobbits) é bem-vinda, mas um pequeno objeto faz uma diferença imensa: um anel, ou melhor, o anel.

Ignorado durante anos, ele não trouxe muito mais do que um leve desconforto para Frodo. Sauron, o senhor das trevas e terror de toda a Terra Média (e que para os hobbits não passa de uma lenda distante) está acordando, e quer o anel para poder governar com ainda mais força. Isto obriga Frodo a sair do Condado o mais rápido possível – afinal, ele não quer ver seu amado e tranquilo lar destruído pelos asseclas de Sauron.

Depois do jeito com que Tolkien escreve (descrevendo sempre mais do que é realmente necessário) esse conceito abstrato de mal foi o que mais me incomodou. Eu entendo a necessidade de existir uma dualidade e maniqueísmo em alguns tipos de história como A sociedade do anel – só não curto lê-las. Me agradam os tons de cinza.

Isso se manifesta também nos personagens: embora alguns lutem contra a sede de poder, ela é sempre causada pelo anel e sua influência maléfica, e nunca por falha de caráter ou defeito. É bem fácil definir lados, dizer quem é bom e quem é mau. Eu gosto dos personagens imperfeitos de George Martin, por exemplo, que demonstram virtudes leves e defeitos mortais ao mesmo tempo, com meios que justificam os fins e humanidade a flor da pele.

Com isso dito, não posso negar: A sociedade do anel é uma história fascinante. Começando com um gostinho de aventura inocente – principalmente por causa das companhias de Frodo, os fieis hobbits Sam, Merry e Pippin – Tolkien vai nos levando mais e mais para dentro da Terra Média, descrições inúteis à parte ou não. As criaturas e lendas apresentadas em O senhor dos anéis já eram vagamente minhas conhecidas graças a referências na cultura pop, e revisitá-las foi ótimo.


Não incluo A sociedade do anel em minha lista de favoritos, mas sua continuação, As duas torres, está na minha lista de leituras em um futuro próximo: quero visitar a Terra Média de novo o mais rápido possível.

1 comentários:

  1. Oi! Tudo bem?
    Acompanho seu blog tem um tempinho, gosto bastante!

    Li o Senhor dos Anéis quando era novinha e achei que as descrições eram excessivas, enquanto as cenas de batalha (minhas favoritas) eram super curtas. Acho que preciso ler de novo =P

    Tô lendo a versão integral dos Miseráveis já tem um bom tempo, achei bem difícil de ler, sem ritmo. Se vc já leu, eu adoraria ler algo a respeito no blog, se não, super recomendo a leitura!

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