Maria tem dezessete anos. Maria é colombiana, pobre e
precisa trabalhar para ajudar no sustento da família.
Maria está grávida.
Este fato, juntamente com ter perdido seu emprego (por não agüentar
ser humilhada por seu patrão), terminado com o namorado (pela recusa em casar
com alguém que não ama – mesmo que esteja grávida deste alguém) e as brigas
constantes em casa fazem com que a garota sinta o peso inteiro do mundo sob
seus ombros. Com a família precisando do dinheiro, Maria só tem duas opções:
pedir desculpas a seu chefe e recuperar seu trabalho ou ir a uma cidade maior –
porque o seu povoado não possui nada além da fábrica de flores para uma jovem
sem formação ou experiência – e conseguir alguma coisa por lá.
O orgulho e a teimosia – corretos, aliás, embora imprudentes
– lhe fazem optar pela segunda opção – ainda que se pôr rumo a Bogotá, batendo
de porta em porta, seja mais difícil do que duas frases murmuradas para o seu
supervisor. Maria, contudo, não chega a precisar disso tudo – no caminho, ela
encontra Franklin (rapaz que conhecera dias antes em uma festa) que lhe oferece
algo mais rentável e rápido: trabalhar como mula de drogas.
Não sei se isso é devido a algum tipo de ultra sensibilidade
minha, mas senti as emoções de Maria em cada pedacinho do filme: o medo de ter
que criar um filho diante de condições tão desanimadoras (para dizer o mínimo),
a ansiedade para arrumar um trabalho e, finalmente, a tensão, a terrível tensão
derivada do fato de que ela, indo rumo ao país mais obsessivo do mundo, tem
sessenta cápsulas de cocaína no seu estômago.
Maria cheia de graça
é magnífico: sutil, com diálogos bem simples e coloquiais, mas isso – aliado a
qualidade do elenco – transmite a mensagem de forma perfeita. Os cenários – na maior
parte do tempo, vizinhanças pobres colombianas na própria Colômbia – são simples,
mas, ainda assim, perfeitos para o que se propõe. O filme mostra que não é só o
desespero que leva a atos desesperados e impensados e sim uma vida inteira de
privações e “pequenas torturas” acumuladas – uma hora se cansa, se perde a
capacidade de pensar nas conseqüências do que se faz e só se pensa em mudar um
pouco aquilo.
No pôster de divulgação, lê-se: “baseado em mil histórias
reais”. Real, real, real. Canso-me de usar essa palavra para os filmes que
assisto e livros que leio – corro o risco dela se tornar, para mim, tão vazia
quanto “bom” ou “legal” – mas essas quatro letras valem mais do que mil outros
adjetivos elogiosos.
Nota: 5/5
Este filme realmente é muito bom! E realista, como vc bem contou! Eu adorei a ideia do poster e toda a ideia subentendida nela!
ResponderExcluirAssisti esse filme em uma aula de biologia no colégio (não sei bem por que, já que a gente nem trabalhou em cima dele) e lembro que era no meio de um feriadão e todos os meus colegas ficaram chateados por ter que ver esse filme ~chato~.
ResponderExcluirOk, agora passando o comentário aleatório. Até hoje não sei como termina :( Queria saber, mas não sei se me animo a ver de novo (e o negócio todo de engolir as cápsulas é muito incomodativo de assistir). Acho que a parte de ser tão real é o que mais incomoda. Porque tem tanta gente vivendo essa vida e eventualmente se submetendo a esse tipo de coisa e isso é horrível de se pensar.
Isabel!
ResponderExcluirEu também uso muito esse adjetivo "real" e tenho o mesmo medo de se tornar vazio nas minhas resenhas, mas às vezes esse é o único que cabe para descrever um livro/filme. :)
Nunca tinha ouvido falar desse filme, mas confesso que — apesar de gostar de ler sobre histórias REAIS, ver já são outros 500 para mim — fiquei muito interessada no filme, apesar de saber que eu vou ficar incomodada como a Fê disse aí em cima. Mas adorei a dica, vou guardá-la para quando quiser assistir algo assim. :)
ADOREI a frase do pôster, muito boa!
Beijos!
Oi Isa
ResponderExcluirNão conhecia o filme, mas enredos que trazem assuntos condizentes com a realidade sempre me chamam atenção. Criar um filho com marido e toda uma estabilidade já é assustador (Experiência própria), imagina arcar com tudo isso sozinha? nem imagino.
Como estou grávida e fragilizada, tenho certeza que se assistir irei chorar horrores...
vai pra listinha
bjos
Oie...
ResponderExcluirParabéns pela resenha!
Achei a estória muito realista e muito interessante, dica anotada !=]
Tem resenha nova lá no blog, quer ler?
http://falleninme.blogspot.com/ Desde já obrigada!
Bj
Rê
Já vi o trailer deste filme. O que você escreveu ficou muito bom, mas este filme não é bem minha praia... De vez em quando vejo estes filmes mais realistas, mas depende da história e de se estou no clima:)
ResponderExcluirEssa estoria me pareceu bem tensa
ResponderExcluirE da muito pano para manda
Fiquei curiosa
Beijos
@pocketlibro
http://pocketlibro.blogspot.com.br
Parece ser bom mesmo...
ResponderExcluirFoi indicado pro festival de Cannes? Porque normalmente esses filmes são.
Está na minha lista de "pra assistir".
Estou em semana de provas e estou morrendo. ~~tenho 20 matérias, saca só. Acho que vai ficar pra semana que vem. X.X
Lembro até hoje de uma novela da globo que mostrou as pessoas entrando nos EUA clandestinamente e uma das mulheres ficava treinando com uvas enormes para engolir sem morder e então levar as drogas e no meio do caminho alguma deve ter estourado e ela morreu. É muita coragem, não? Na verdade é como você disse: é desespero.
ResponderExcluirFico triste com essas histórias justamente por elas serem tão reais e faço questão de assistir! Vou anotar aqui junto dos outros filmes que você já falou e eu senti vontade de ver também heheheh
Hey
ResponderExcluirAh já assisti esse filme, mas nem inteiro.
Mas lembro que é um filme forte e a atriz se sai muito bem
Pena que depois foram colocá-la logo em Eclipse 'Crepúsculo', num papel tão pequeno onde nem lembrava nada o grande talento desse filme :(
bjs
Nana - Obsession Valley
Olá!
ResponderExcluirEu já tinha ouvido falar do filme meio tortamente (?), mas não sabia detalhes. Ao primeiro momento, quando a gente lê o título e vê o cartaz, pensa logo que se trata de um filme baseado em passagens da Bíblia ou que, pelo menos, é uma releitura moderna dela. Mas aí a gente se engana, né? É completamente diferente!
O enredo me lembrou vagamente de um outro filme que assisti uma vez, mas que não me recordo o nome. Só lembro que era de uma mulher de alguns país latino, que trabalhava e sofria horrores para tentar se manter.
Gostei da sua análise do filme, muito bem feita!
Bjins
www.dicasoutravessuras.blogspot.com