“Não escreva poemas de amor, evite a princípio
aquelas formas que são muito usuais e muito comuns: são elas as mais difíceis,
pois é necessária uma força grande e amadurecida para manifestar algo de
próprio onde há uma profusão de tradições boas, algumas brilhantes. Por isso,
resguarde-se dos temas gerais para acolher aqueles que se próprio cotidiano lhe
oferece; descreva suas tristezas e desejos, os pensamentos passageiros e a
crença em alguma beleza – descreva isso com sinceridade íntima, serena, paciente,
e utilize, para se expressar, as coisas de seu ambiente, as imagens de seus
sonhos e os objetos de sua lembrança”.
Se eu fosse colocar aqui todos os trechos que considero
brilhantes nessa pequena obra – uma coletânea de cartas escritas por Rainer
Maria Rilke a um jovem poeta chamado Frank Kappus, que lhe pede conselhos sobre
arte e vida em geral – eu a transcreveria inteira. Os conselhos dados por Rilke
são geniais, são preciosos. Já abri um documento do Word milhares de vezes para
tentar falar deste livro, mas minhas palavras nunca parecem honrá-lo.
Mas não estamos em outra tentativa de resenhar Cartas a um jovem poeta, e Espere a primavera, Bandini. Cronologicamente,
esse é o primeiro livro de quatro da Saga de Arturo Bandini – como os livros do
autor com seu mais conhecido e auto biográfico personagem ficaram conhecidos
após a sua morte – relatando parte de sua infância no Colorado e o início dos
conflitos de identidade que me fizeram detestá-lo em Pergunte ao pó.
Arturo Bandini é o mais velho de uma família pobre de
imigrantes italianos, composta pelo pai bruto, Svevo; a mãe fanática pelo
catolicismo, Maria e os dois irmãos, Federico e August. Os Bandini têm dívidas
que sabem que nunca vão conseguir honrar. Svevo detesta o inverno – nessa época,
é difícil conseguir trabalhos (ele é pedreiro). Maria encontra em rezar seu
rosário sua única diversão e consolo. Federico alimenta a esperança de ganhar
um barquinho no natal, mas sabe que esta é vã. August quer ser padre – não só
pela batina em si, mas pelo conforto e pela comida. Arturo só quer roupas novas
para impressionar Rosa, sua colega.
Antes que você possa dizer “mas eu já vi isso!” lhe respondo
“não, não viu”. O domínio que Fante tem sob a linguagem é único. As ditas “emoções
universais” são colocadas de um jeito tão próximo, tão claro, tão cru que é
impossível não se envolver. Jonh Fante escreveu, em geral, romances
auto-biográficos, relatando suas frustrações, desejos e paixões. Seus temas
preferidos (a construção da identidade de imigrantes, a pobreza e a vida como
escritor) eram todos tão profundamente pessoais que é difícil saber quem era
Bandini e quem era Fante.
Ainda que inconscientemente, o autor seguiu o conselho de
Rilke. E não poderia ter dado mais certo.
Nota: 5/5
Oi Isabel!
ResponderExcluirNão conhecia o livro nem o autor, mas pelo que você contou este é um daqueles livros que a gente tem vontade de sair sublinhando todas as linhas. Gostei da dica.
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Eu realmente não conhecia esse livro. Não conhecia nem o autor. Mas acho fantásticas todas as dicas que você põe aqui - sejam de livros ou filmes.
ResponderExcluirEsse aí me pareceu bem legal.
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Não conhecia o livro também, achei bem interessante mesmo, além do mais, se trata sobre cartas, já me interessei de cara em ler isso ><
ResponderExcluirBeijos
Meu outro lado
A forma fervorosa como você explanou sobre a obra, assim como o modo que usou para indica-la, é de contagiar qualquer um. Achei interessantíssimo, e mesmo não tendo um maior conhecimento sobre o autor, senti-me instigada de verdade. Muito bom!
ResponderExcluirUm abraço!
http://universoliterario.blogspot.com.br
Nunca li nada desse autor, mas o que foi colocado na resenha me deixou curiosa, confesso! rs.
ResponderExcluirÉ sempre bom conhecer autores e histórias novas.
Resenha - Amores Infernais, passa lá!
manuscritodecabeceira.blogspot.com
Bjs.
Gostei do nome do livro, e parece ser bom pelo que você diz. Quem me dera eu fosse uma boa leitora. :c
ResponderExcluirHey Isa
ResponderExcluirNão li nada do autor, apesar que já ouvi falar dele.
Tenho curiosidade.. ele é autor do livro Pergunte ao Pó, né?
Aquele que teve filme?
Mas o filme não me interessou muito, não sou muito fã do Colin Farrell.
O nome do rapaz é Svevo? Fiquei imaginando se a pronúncia é como se lê haha
Mais uma dica ótima por aqui!
bjs
Nana - Obsession Valley
Oi Isabel!
ResponderExcluirNão conhecia esse autor, mas fiquei curiosa a respeito do livro.
E como sempre amo as suas dicas.
Beijão.