Em todas as cenas que Elena aparece no filme Maus Hábitos eu
tive a nauseante impressão de que a qualquer segundo ela poderia se
desintegrar. Seu corpo é tão frágil e magro que até mesmo um cigarro parecia-me
pesado demais para seus braços finos.
O motivo é bem simples: Elena é anoréxica.
E como geralmente acontece nesses casos, a sua doença acaba
não dizendo respeito somente a ela mesma – toda sua família é atingida. Seu
marido, Gustavo, é menos do que um colega de casa: as obsessões da mulher a
preenchem e ocupam de tal maneira que até mesmo suas conversas e desejos são permeados
pela privação de comida e excesso de exercícios. Elena não é mais Elena, ela é
a sua doença, ela é preenchida e comandada pela anorexia.
Linda, sua filha, é quem mais sofre: Linda é gordinha – mas
só daquela maneira na qual crianças às vezes são. Elena, contudo, não aceita
nem mesmo um vestígio de gordura infantil: a fim de deixá-la o “melhor possível”
para sua primeira comunhão, ela a insulta, forçando a filha tomar remédios,
fazer dietas malucas e exercitar-se.
Matilde, a prima de Linda, também não come, mas por razões
diferentes: quando era criança, desenvolveu uma forte religiosidade – a lembrança
de “curar” um engasgo do pai com orações a marcou. Portanto, depois de se
formar em medicina – atendendo ao desejo dos pais – Matilde vira freira,
abraçando com bom gosto as privações de sua nova vida.
Nas suas primeiras semanas no convento, uma tia de Matilde
adoece. A noviça faz de tudo para ajudar sua convalesça – inclusive sacrificar-se,
jejuando, comendo lixo e bebendo vinagre a fim de reafirmar sua crença de
estarem ela e sua tia nas mãos de Deus. Aparentemente seus sacrifícios
funcionam, fazendo Matilde usá-los para um bem maior: parar com as chuvas que
assolavam o México na época e matavam e desabrigavam milhares de pessoas.
Comida, além de sobrevivência, significa prazer, História,
coletividade. Nós dividimos nossos dias baseado nos horários das refeições, nos
reunimos em torno de pratos, remetemos épocas de nossas vidas a certos gostos. Ao mostrar o quão alterada pode ficar uma
relação tão simples e necessária, Maus Hábitos foi profundo e tocante.
Não consigo apontar defeitos no filme: a fotografia é linda,
o roteiro maravilhoso e o elenco (apesar de desconhecido) idem. O mais impressionante
é que o diretor e roteirista, Simon Ross, só desempenhou esses dois papéis em
Maus Hábitos: todos seus outros trabalhos na indústria cinematográfica foram na
produção. Quem diria – ao menos se você acreditar na máxima de que a prática
leva a perfeição – que um filme tão bom é obra de um quase estreante?
Nota: 5/5
Nossa, achei o filme super interessante.
ResponderExcluirGosto de filmes que abordam alguma doença, ou problemas familiares.
Adorei!
Tem Resenha do livro Luminoso. 2º vol. da serie Riley Bloom.
Passa lá!
manuscritodecabeceira.blogspot.com
Bjs.
Escolheu um ótimo filme para assistir, Isabel: um filme top de linha, com certeza!
ResponderExcluirAdmito que não conhecia o filme, mas a proposta me interessou muito. Essa questão dos distúrbios alimentares e suas conseqüências está bem evidente na atualidade. Ainda mais com a definição de novos padrões de beleza.
ResponderExcluirÓtima dica.
Bjs ;)
Que interessante!
ResponderExcluirAmei a dica desse filme vou procurar assisti-lo logo!
Beijos.
Oi Isabel!
ResponderExcluirSempre que eu venho aqui, sempre encontro dicas cinematográficas ótimas!
Esse filme por exemplo, eu não o conhecia. Mas ele deve ser um ótimo filme, pois para se tratar de um assunto tão polemizado e você ainda não conseguir encontrar defeitos, ele tem que ser muito bom.
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Não conhecia o filme, nunca tinha ouvido ninguém comentar sobre ele. Porém, achei-o bastante interessante, principalmente por abordar algo que parece tão simples: alimentação.
ResponderExcluirFiquei com muita vontade de assistir!
Alguma coisa do que você escreveu acendeu minha memória, já havia ouvido sobre esse filme mas não o assistido. Não é bem o tipo de filme que eu procure pra assistir, mas sei o quanto é importante o debate sobre a anorexia. Como você mesma disse, essa doença fala não somente da pessoa doente, mas como de toda a família. Na verdade, todo tipo de doença reflete em seus familiares a dor que causa, acho que de uma forma ou de outra, eles definham juntos. Sinto mais pelas crianças mesmo, imagine o que Linda não deve ter passado por causa da obsessão da mãe? Enfim, ótima resenha - como sempre. ^^
ResponderExcluirAdorei o tema do filme!
ResponderExcluirDeveriam fazer mais filmes sobre anorexia, essa doença geralmente é tratada como uma simples frescura.
Adorei mesmo a dica! Vou procurar já na net pra ver!
Tem post novo lá no blog, quer ler?
http://falleninme.blogspot.com/ Desde já obrigada!
-PatyScarcella
Hey Isa
ResponderExcluirÓtimas dicas como sempre
Eu acho que tenho medo de pessoas magérrimas em filmes rs
Sempre fico com uma aflição terrível quando vejo
Mas esse é um assunto polêmico que merece ser assistido.. ao meu ver.
Vou procurar depois.
beijos e uma ótima sexta
Nana - Obsession Valley