27 junho 2012

Sobrevivente





A vida de Tender Branson não foi exatamente o sonho americano: depois de sair da colônia da Igreja da Crendice (onde cresceu submisso a milhões de regras sem muito sentido) seus dias se resumem a limpar as casas dos outros de dia e atender ligações de suicidas à noite. Sim: Tender espalhou adesivos com seu número pela cidade, oferecendo um serviço bem peculiar – incentivo ao suicídio.

Afinal, viver para quê? É o que indaga nosso anti-herói, o protagonista de Sobrevivente, do autor Chuck Palahniuk – o mesmo do livro que inspirou o filme Clube da Luta. Esse pessimismo extremo perante a vida é o que guia Sobrevivente: a obra inteira é a narração feita por Tender a uma caixa preta nos seus últimos momentos– o avião que ele seqüestrou para seu suicídio está prestes a cair.

Minha impressão inicial do livro, confesso, não foi tão boa assim: o autor parecia se esforçar demais para tornar seus personagens peculiares. Provei-me errada: sim, as idiossincrasias dos habitantes do fantástico mundo de Chuck Palahniuk são inúmeras, mas impressionantemente se encaixam. Aliás, essa é a principal marca do autor: desde Tender (que, além do supracitado, também alimenta seu peixinho com Vallium e “planta” flores de plástico no jardim dos patrões) até Tyler Durden de Clube da Luta (que faz sabonetes de banha humana dentre outras ocupações não ortodoxas) as figuras fascinantes são recorrentes em seus livros.

Isso por si só já carregaria Sobrevivente nas costas, mas não: o enredo também não deixa nada a desejar. Tão especial quanto os personagens, a história de Tender é um pano de fundo perfeito para críticas ao consumismo e a religião – sendo esta última extremamente inteligente e bem-acabada. A monetarização da crença religiosa – aproveitando-se do desespero e vontade de conforto alheios – é bem satirizada por Palahniuk, primeiramente de uma maneira quase distópica – mas depois de um tempo é quase impossível não identificar: as semelhanças com a realidade não são mera coincidência.

Nota: 5/5

10 comentários:

  1. Gosto bastante de livros que criticam religiões. Eu sou católica e, como catequista, tenho uma grande convivência nela. Porém não aceito muitas coisas que ela nos impõe e, não tenho com quem dividir essas minhas opiniões, pois sei que irão me julgar. Então leio. Leio cada vez mais e abro meus olhos. Acho que nós temos de formar nossas próprias opiniões, sejam elas a favor, ou contra as coisas, né?
    Não adianta se fazer de bobo e ser submisso pra sempre de algo que não se acredita.
    Enfim, fiquei curiosa para ler esse livro. Confesso que ainda não o conhecia, mas parece ser bem bacana! :) Já adicionei na minha lista de desejados...

    ResponderExcluir
  2. Ele livro não me chamou muita atenção
    E como estou com tanta coisa para ler, acho que não valeria a pena tirar um tempo para ele

    Beijos
    @pocketlibro
    http://pocketlibro.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  3. A capa nunca me chamaria a atenção, confesso, e a capa pode ser muito importante, se eu estiver numa biblioteca, com a intenção de comprar algum livro novo, por exemplo (mas isso quase nunca acontece). Mas da estória eu gostei, quero dizer, me parece bastante diferente (como a maioria dos livros que você resenha aqui, caramba onde é que tu os acha, Isabel????) e pela nota que você deu, deve ser das boas mesmo. :*

    ResponderExcluir
  4. Quando li o nome do livro eu lembrei daquele filme que o cara fica numa ilha sozinho, sabe? Ou será que estou confundindo? hahahah
    Eu não sei se seria bom eu ler um livro onde um cara é pessimista e ainda incentiva os suicidas, já que eu sou super pessimista também. Complicado. Mas achei legal saber que tem critica a religião heuhauhe
    Não li o livro Clube da luta, só assisti ao filme e a parte que o personagem fala que os sabonetes são feitos de gordura me deu muito nojo, lembro da cena dele roubando de um lugar que fazia cirurgia plástica, eca! hahahah

    Nossa, concordo com você, acho que a Galera Record é a editora que mais me deprime, que livros caros do caramba! hhahahaahh Pior é que são os livros que mais sinto vontade de ler =(( Até que encontrei algumas promoções dos livros da Meg Cabot (só de alguns livros, mas já é alguma coisa né...)
    Muito bem lembrado do Book Depository, os livros tem um preço bom e frete grátis! Os sebos são uma ótima opção, mas nunca encontro nada que me interessa neles e os virtuais eu tenho receio pois os livros que quero nunca tem foto para ver a condição na qual se encontra o dito cujo e acabo desistindo :/
    O submarino é onde mais compro, mas estou muito com o pé atrás... li muitas reclamações dele e inclusive eles ficaram proibidos de vender por uns 2 ou 3 dias por conta de tantas reclamações e o último caso que soube foi do meu namorado que comprou um livro pra mim e até hoje não chegou e não vão enviar, falaram que acabou, e nem devolveram o dinheiro! =s Eu arrisco porque é barato, mas no dia que eu tiver azar não comprarei mais lá, não! hahahahah

    ResponderExcluir
  5. Lembrei do Clube da Luta por causa do nome do escritor. Ainda não li o livro e sou louca para ler desde que assisti o filme. Pelo visto na sua resenha, em Sobrevivente, Chuck Palahniuk escreve outra história incrível!

    ResponderExcluir
  6. Primeiro olhei a nota: "porra!", pensei. Tinha ouvido muuuuuito mal desse livro. O problema é que confio no teu gosto e acho isso uma sacanagem. +1 na listinha. Inferno, isso. Tô falando sério, cê tá me matando. Até porque, tô pensando em resenhar também, no começo de cada mês, o que li no anterior. Assim não mantenho rotina chata e dou espaço pra EU respirar, já que tenho faculdade, sapateado, canto, literatura e, talvez, estágio. As viagens de ônibus servem pra dormir, agora. Não dá pra ler :( Só que estamos chegando em julho! As livrarias do Rio que se cuidem: vou me aproveitar de todas. De-gra-ça. Beijo.

    Sobre teu comentário lá no post "ódio à rotina!", cara, que looouca você! hahahaha! Não gosto de pressão porque eu já me pressiono o suficiente pra tudo. Quando sou espontâneo - o que deixei de tentar quando entendi que não faz parte de mim, que sempre dá merda - sou milimetricamente calculado. E sem querer! O tesão me motiva por si só. A tristeza, nossa, é combustível pra tudo relacionado a arte, isso é indiscutível. Pra mim, digo. Com pressão, sem tesão.

    ResponderExcluir
  7. Qualquer livro que proporcione não apenas momentos de reflexão, mas sim de discussões acerca de assuntos que se divergem em meio à sociedade são interessantes de serem lidos. Adorei!

    Um abraço!
    http://universoliterario.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  8. Não conhecia o livro, achei bem interessante ele trazer críticas em sua estória e ter personagens tão peculiares, não sei se leria ele só de ver a capa, não é muito atraente, mas lendo sua resenha já sei o que esperar dele e acho que o compraria sim se tivesse logo uma oportunidade disso.

    Beijos
    Meu outro lado

    ResponderExcluir
  9. Parece um livro bem interessante. Gosto de livros que nos fazem pensar e criticam de maneira inteligente a sociedade que vivemos.

    Ótima resenha!

    Beijos,

    Carissa
    Arte Around the World

    ResponderExcluir
  10. Não conhecia o livro e achei bem interessante.
    Vou deixar anotado.


    ótima resenha.

    Bjos!
    Cida
    http://www.moonlightbooks.net/

    ResponderExcluir