Ao meu ver, boa parte da oposição ao politicamente correto
(leia-se a ideia de alterar linguagens e costumes para que as mesmos não
ofendam minorias, e não a cartilha) é feita por pessoas no mínimo preguiçosas,
no máximo de fato preconceituosas, que em qualquer caso se recusam a admitir
que os tempos mudaram e que o respeito é para todos, com pequenas coisas como
palavrinhas e expressões sendo essenciais para quebrar um enorme e longo legado
de opressão.
Em algumas (poucas!) coisas, porém, o politicamente correto
cerceia a liberdade do individuo. A cruzada contra fumantes, bebedores (aliás,
qual a palavra para quem bebe ocasionalmente, ou seja, não é alcoólatra?) e
gordos, por exemplo, é algo que me irrita muito. Nos foquemos nos fumantes.
No século passado, fumar era chique, cool, ousado – a propaganda
e as estrelas de cinema garantiam que isso ocorresse. Esse é o apelo que Nick, lobista
da indústria do cigarro que protagoniza o filme Obrigado por fumar quer resgatar, ganhando de volta para o seu
produto a glória de outros tempos.
É claro que a mídia, as associações de médicos e alguns
políticos não exatamente o ajudam: assim como na vida real, a oposição é forte.
Não me compreendam mal: sim, acho que o máximo de
conscientização possível quanto aos males do cigarro deve ser dado, para que
ninguém entre nessa sem saber com o que está lidando. Mas e aqueles (adultos)
que já fizeram a sua escolha? Eles devem ser hostilizados e criticados
duramente como se fumar fosse algo criminoso, como se os não fumantes não possuíssem
os seus próprios venenos pessoais (quem não tem?)? Até mascar chicletes sem
açúcar ou tomar suco demais podem fazer mal. Essa é uma das palavras que menos
gosto no mundo pela freqüência de sua aplicação leviana, mas condenar fumantes
é uma atitude bastante hipócrita. Cuidar da própria vida, que tal?
Voltando a Nick: com argumentos habilidosos, ele consegue muitas
vezes livrar a indústria que representa de sanções e ainda mais impopularidade.
No melhor estilo O senhor das armas,
ele não vê o que faz como algo ruim – afinal, é um trabalho, alguém tem de que
fazê-lo: Nick tem aluguel, hipoteca e a escola do filho para pagar.
Entra aí um dilema moral que não foi muito explorado: como
criar um filho se o que você faz para viver demanda uma “flexibilidade moral”? Obrigado por fumar foi raso nesse
aspecto – para minha felicidade, já que seria complicado abordar isso sem cair no
maniqueísmo chato que os filmes americanos que abordam família geralmente têm
aos montes.
A mensagem é bastante democrática, exaltando um direito de
escolha que nunca tivemos realmente e nos arriscamos cada vez mais a perder.
Leve sem perder a capacidade de fazer refletir, gargalhei muito com Obrigado por fumar, sobretudo nas cenas
em que Nick se encontra com seus melhores amigos, lobista das indústrias das
armas e do álcool. Minha reserva quanto ao filme é leve: detestei o estereótipo
de político bobão colocado no inimigo número um do cigarro, um senador de Iowa.
Fora isso, Obrigado que fumar é mais
do que recomendado.
Irei assistir!! Arrasou no post!!
ResponderExcluirAhhh, este filme é tão legal. Está entre meus favoritos. Gosto muito do Aaron e ele é o novo Frankenstein! Acho que será lançado em 2013.
ResponderExcluirEu adoro a história deste filme, o roteiro é muito esperto e os diálogos muito bons.
"Cuidar da própria vida, que tal?" (Eu deveria por isso numa camiseta e sair por aí:)
Não conhecia este filme, mas agora que li a resenha gostei e me interessei.
ResponderExcluirVou procurar ele para ver amanhã.
Adorei o blog e já estou seguindo, se puder, confere o meu e segue lá também.
http://livronasmaos.blogspot.com.br/
Bjão!
Assisti a esse filme em uma aula de ética na faculdade, quando ainda cursava comunicação (foi a única boa escolha da professora em todo o semestre). Infelizmente não rendeu a discussão que podia ter rendido; acho que esse filme tem uma temática muito boa para futuros profissionais do meio.
ResponderExcluirQuanto a hostilizar fumantes: não hostilizo o fumante pela escolha de fumar (como você disse, cada um tem seu próprio veneno e, mesmo que eu não entenda, não tenho nada a ver com isso), mas por tornar o ambiente extremamente desagradável para as dezenas de não-fumantes, sim. É um ~delícia quando tu está na parada de ônibus e a pessoa da frente, que não quer perder o lugarzinho na fila, fica fumando na tua cara, com o ventinho trazendo o fedor todo pra ti
Oi Isabel!
ResponderExcluirEu adoro esse filme! E também gosto bastante desse ator (Aaron Eckhart). O dilema do personagem é bem interessante.
Eu não fumo, nunca fumei e nunca tive vontade, mas não gosto de gente fumando do meu lado. Detesto cheiro de cigarro. Não hostilizo os fumantes, mas dei graças quando foi criada a lei anti-fumo. Não é porque uma pessoa escolheu fazer mal a ela mesma que ela tem direito de fazer mal à saúde dos outros - o que não acontece quando alguém mastiga um Trident :P
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
OIi Isabel!!
ResponderExcluirNunca assisti a esse filme, mas deve ser bem interessante. Vou dar uma conferida nele, pois quero saber que argumentos tão habilidosos foram esses, rs. Sem contar que um B+ é algo que vale a pena conferir, haha
Beijo!
Realmente este filme, Isabel, é muito bom e gera as várias reflexões que vc abordou. Vale a pena assisti-lo por este motivo.
ResponderExcluirJá viu " O lenhador"? Também é um filme muito reflexivo (o melhor que já vi sobre pedofilia)
BOA SEMANA!
Oi Isabel!
ResponderExcluirVocê sempre indicando filmes que eu não conhecia. Até acho que vi esse filme por aí, mas não tive muita curiosidade em ver.
Eu estou um momento só "filmes de comédia romântica", mas é um filme que eu veria sim.
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Adoro quando fala desses filmes, eu sempre salvo os nomes pra depois assisti. Gostei muito desse
ResponderExcluirE olha que estou atrasado em todas minhas séries e só vejo filme. Já assistiu Branca de Neve e o Caçador? Não é perfeito, mas cumpre o papel de diverti, eu gostei.
Beijos
A coisa com fumantes é que eles são tratados como uns pseudo-criminosos sem cadeia, como se fumar fosse igual a estupro ou coisa pior, o vício é tratado com o mesmo asco como se fosse crack. É coisa de gente extremada que se joga num movimento sem nem saber qual é a ideia - teremos uma nova e, dessa vez não declarada, Inquisição?
ResponderExcluirMinha namorada fuma, eu não, e isso nunca foi um problema. Acho que tá na hora de cada um cuidar da própria vida - e vigiar o próprio pulmão.
http://quemprecisaviver.blogspot.com.br/
Não conhecia o filme, obrigada por indicar.
ResponderExcluirBeijos
cocacolaecupcake.blogspot.com.br
Nunca tinha ouvido falar desse filme, mas achei muito interessante porque em Publicidade sempre falamos muito do tema cigarro. Teve até uma exposição na minha faculdade de propagandas de cigarro ao longo do tempo e até na série Mad Men fala um pouco sobre isso.
ResponderExcluirNão tenho preconceito com quem fuma, acho até cool haha, mas desde que não seja na minha cara. Não sou obrigada.
Bel, vi esse filme faz alguns anos... ler seus comentários me fez relembrar de coisas que no momento eu não recordava. Achei-o bacana, interessante e que merece ser assistido, apesar dos esteriótipos, como você bem citou. Adorei!
ResponderExcluirUm abraço!
http://universoliterario.blogspot.com.br