Vincent queria ser astronauta.
No seu tempo, a tecnologia já está tão avançada que explorar
outros planetas e lá estabelecer missões não é um sonho distante, e sim uma
realidade diária. Os anos passam e a vontade de Vincent não. Na sua
candidatura, entre notas perfeitas nos testes e uma determinação sem igual, há um problema:
Vincent é um filho do acaso.
Além de conseguir explorar outros planetas, a tecnologia também levou a possibilidade de melhorias genéticas inacreditáveis. O jeito comum de
se nascer na época de Vincent é por proveta, com genes escolhidos para saúde
perfeita, inteligência e até mesmo talentos específicos – futuros pianistas,
por exemplo, são gerados com doze dedos.
Por ter sido concebido “naturalmente”, Vincent é a escória,
os inválidos, para quem são reservados os trabalhos mais duros e nenhum avanço
ou oportunidade. Vivendo assim durante anos (uma sombra do irmão gerado na
proveta e depois um invisível na empresa que gostaria de trabalhar um dia) ele
finalmente consegue um jeito de burlar o sistema: um traficante de material
genético, um negociante de sangue, cabelo, urina e identidade dos geneticamente
perfeitos que, por alguma razão, caíram em desgraça.
Vincent passa a viver com Jerome, um ex-nadador alcoólatra,
amargo e paraplégico considerado nível 9.3 – ou seja, tão próximo da perfeição
física e intelectual quanto se pode estar. Com um “currículo” desses, como
Gattaca, a empresa que realiza as missões espaciais, recusaria Vincent?
O empregado-modelo, em pouco tempo Vincent já está escalado
para uma missão de um ano em outra galáxia, sobrevivendo às verificações
diárias de saúde física e autenticidade genética. A morte do diretor, porém,
muda um pouco as coisas: Gattaca se enche de policiais, tornando a tarefa de
fingidor de Vincent cada vez mais difícil.
Gattaca é
assustador, por representar uma questão que divide tanto as pessoas. A aflição
de pais com propensão a doenças crônicas em seus genes deve ser sem igual, na
vontade de saber se seus rebentos terão a mesma sina mortal de seus parentes, mas como
estabelecer um limite? Se não há um problema em excluir doenças que perseguem a humanidade desde a sua origem não seria hipócrita negar aos futuramente nascidos pele perfeita, concentração sem igual ou excelente resistência física? O pianista de doze dedos só é um mínimo exemplo: em Gattaca, homens e mulheres escolhem seus
parceiros baseados em suas propensões genéticas – isso sem falar na falta de
perspectivas dos “filhos do acaso”. Discriminação por raça, gênero ou
identidade sexual é coisa do passado nesse filme – como Vincent falou, o
preconceito é elevado a um nível científico.
Foi feita em Gattaca
uma ótima escolha de cenário: embora o filme tenha sido filmado no final dos
anos noventa, toda a estética (carros, locais, roupas) é anterior aos anos
sessenta, algo retrô com grandes toques tecnológicos, indicando um certo
saudosismo e fazendo com que o mostrado no filme dificilmente pareça obsoleto.
A mensagem final puxa bem mais para a típica auto-ajuda
americana – você pode ser o que quiser – do que para os danos de tentar uma
experiência tão eugenista, mas não liguei muito desta vez – correndo o risco de
reproduzir esse tal discurso que acabei de condenar, refletir ou não sobre o
tema só depende do espectador.
Isabel, não conhecia esse filme. Gosto muito quando as obras de ficção científica abordam questões éticas/sociais/filosóficas, que, mesmo falando de um futuro muitas vezes distante, faz com que repensemos o nosso hoje. É mesmo aflitivo pensar que, em um futuro próximo, pessoas serão discriminadas por suas aptidões.
ResponderExcluirExcelente post, como sempre ;)
Hey!!
ResponderExcluirAssisti a esse filme na escola, rs. Meu professor de biologia o passou para nós, e eu achei super interessante e concordo com o A+, haha
Beijo!!
Achei esse filme sensacional quando assisti, adorei a criatividade e também a distopia apresentada. Sem falar que é um tema delicado, mexe com as pessoas.
ResponderExcluirAinda não assisti esse filme, mas fiquei bem curiosa, parece ser bem interessante ;)
ResponderExcluirBeijos,
Marinah | Blog Marinah Gattuso - @blogmarinah_g - INSTAGRAM: marinahgattuso
Esse filme é SENSACIONAL. Incrível, maravilhoso. Sem mais.
ResponderExcluirUm beijo,
Luara - Estante Vertical
uau, não conhecia o filme, mas por tratar de um assunto tão delicado, super fiquei om vontade de assistir.
ResponderExcluirbjos
OI Isabel ^^
ResponderExcluirFiquei com um duplo sentimento, eu não o vi, mas pelo que vc falou, parte de mim ficou curiosa em ver pela parte que descreve o Vicent, mas por outro lado, parece-me uma história intensa. Ultimamente estou recorrendo aos mais leves e até mesmo bobinhos..NO momento eu passo, mas claro que se tivesse passando eu sentaria pra ver.
Beijos :D
Oi Isabel!
ResponderExcluirNunca vi esse filme, mas adorei a estória, ou como a sua resenha retratou ela. Parece ser um ótimo filme! Meio louco isso né... e essa coisa das roupas, da época, em se tratando de uma coisa que imaginamos como 'futuro'... rs
Beijos,
Marcelle
bestherapy.blogspot.com
Genteeeeeeeeeeee! Eu nunca ouvi falar desse filme, juro pra você, mas me interessei imensamente, ainda mais com todos os elogios e com a sua notinha ali no final pra matar a gente de vontade de ver :) Adorei!
ResponderExcluirBeijos. Tudo Tem Refrão
Mais um que nunca ouviu falar desse filme e se sente um bicho por isso! Ainda mais com esse elenco e a estética toda lindona. A+? Valeu, vou baixar AGORA.
ResponderExcluir@enriquecoimbra (Enrique-Sem-H), da Terra do Nunca.
www.discipulosdepeterpan.com.br
Bel, acho que já ouvi falar desse filme... na verdade, não estou bem certa, mas adoro demais a temática e acho super válido conferir produções que tratem essa temática. Vou pesquisar mais e ver se consigo assistir, hein!
ResponderExcluirUm abraço!
umdiaacadalivro.blogspot.com.br
Oi Isabel, assisti a esse filme há muitos anos, em uma aula no ensino médio - não consigo nem lembrar qual a disciplina.
ResponderExcluirAchei, na época, muito bom, apesar de não ter toda essa visão crítica que você teve, ou que teria agora.
Beijos