Passei mais ou menos metade do filme A outra história americana com um gosto amargo na boca, a vontade
de matar ou morrer, soltando suspiros de ódio contido. Sei que o ódio não cura
o ódio, mas é meio complicado amar (ou sequer tolerar) neonazistas. Se tenho
problemas com homofóbicos (abundantes na nossa sociedade), machistas (todos
nós, em um grau ou outro) e racistas enrustidos (produto em excesso número dois)
alguém que professa sua visão de mundo distorcida de forma tão intensa e
perigosa não poderia me inspirar lá muitos sentimentos positivos.
Graças a deus existe a arte para mudar isso.
Depois de matar dois rapazes negros (um deles com requintes
de crueldade) o brilhante líder de uma gangue de skinheads Derek é condenado a
três anos de prisão. No dia de sua saída, incidentalmente, o seu irmão mais
novo, Danny, é expulso permanentemente da aula de história por ter escrito uma
resenha literária de Mein Kampf (a
famosa obra na qual Hitler expôs seus ideais) exaltando o exposto no livro. O
paciente professor de inglês, o Dr.Sweeney, propõe uma troca: caso escrevesse
uma redação sobre seu irmão, ele não teria de repetir a matéria.
Danny tem vinte e quatro horas para fazer a redação, e sua
escrita é permeada pelas lembranças antes entupidas de ódio, mas vão se
tornando mais claras com o passar do filme e a realização de sua mudança
interna. É difícil conter a ânsia de vômito nas cenas em que Derek e sua gangue
destroem uma loja e humilham as suas funcionárias latinas; as lágrimas ácidas
durante uma briga familiar e o nó na garganta ao escutar seus discursos que
fazem lógica – mas só para uma classe dominante que se vitimiza de tal forma a
transgredir todos os valores de civilização e humanidade em prol do medo de
perder seus privilégios.
Mais do que isso: é angustiante detectar tal padrão
escondido em propagandas políticas, debates de Facebook e comentários de
portais de notícias – o tal do “não sou homofóbico/racista/machista, mas...”.
Vejo o futuro em grande perigo, e fico feliz toda vez que descubro que não vejo
sozinha.
Os primeiros meses na cadeia nada mudam Derek – depois de
encontrar um grupinho de neonazistas, a proteção e tranqüilidade lhe é
garantida. Depois de descobrir que seus novos amigos tatuam suásticas não por
ideal fervoroso como ele mesmo, mas por identificação, o isolamento é a única
saída, e seu colega de tarefas dentro da prisão seu único contato – Lamont, um
negro com o dobro do tempo de Derek para cumprir por ter roubado uma televisão.
Nem todos os Dereks terão um Lamont, mas o final do filme –
lógico, porém desconfortável – dá uma sensação agridoce de esperança misturada
com nilismo. Por mais contraditório que isso possa soar, se aplica à vida, e a
opção dependerá do espectador. Pessoalmente, fico com a primeira – que outro
jeito há?
Oi Isabel, tudo bom?
ResponderExcluirEsse filme parece ser tenso e ao mesmo tempo, muito bom!
Adoro filmes com um tema assim, e que tentem passar uma lição de uma modificação na sociedade sabe?
Como se desejassem mostrar que aquilo está errado.
Só pela sua resenha, percebo a crítica que o filme faz à sociedade como um todo, demonstrando que ela também é racista e preconceituosa (vide o tempo muito maior de Lamont por ter roubado uma televisão, um ato capitalista, quanto o de Derek, um ato mais social...)
Vou procurar agora mesmo!!
Tem post novo lá no blog!
Beijão
endless-poem.blogspot.com.br
Oi Isabel!
ResponderExcluirAinda não conhecia esse filme. Mas gostei da indicação.
Vou procurar assisti-lo.
BjO
http://the-sook.blogspot.com.br/
Nossa adorei a dica!!!
ResponderExcluirBeijos
Rizia - Livroterapias
http://livroterapias.blogspot.com.br/
Muito interessante a resenha. O filme parece bem tenso e até revoltante, mas precisamos ver pra compreender algumas manifestações no mundo. Fiquei com muita vontade de ver.
ResponderExcluirUm filme que tambem fala sobre o nazismo e outros regimes ocultos dentro de escolas é o A Onda, ja assistiu? muito bom, recomendo.
Ah, ja estou seguindo aqui :)
boa semana
;*
www.redbehavior.com
Já assisti A onda sim (em uma aula na escola, uns dois anos atrás)e é realmente muito bom!
ExcluirPela resenho eu acho que já vi esse filme! Mas com certeza vou conferir esse final de semana, gostei muito do que escreveu!
ResponderExcluirBeeijos!
http://primasxavier.blogspot.com.br/
Filme excelente, e ainda mais resenha ótima. Tá de parabéns. A pouco tempo também resenhei ele no blog, mas vejo que o fiz de maneira tão amadora perto da sua.
ResponderExcluirCom certeza, espero passar mais aqui, para aprender também.
http://sobrecafeelivros.blogspot.com.br/
Menina, esse tipo de filme de deixa totalmente desconfortável. Por mais que seja muito bom, eu fico desconfortável. Sempre fico com filmes mais lights como comédias românticas, animações.. é um meio de "entrar no meu mundo" kkkkkkk
ResponderExcluirMas você resenha muito bem mesmo!
Obrigado pelos elogios feitos no meu blog <3 fiquei super feliz.
http://www.valeuapenaesperar.com/
Morro de vontade de ver esse filme...
ResponderExcluirCuriosidade: às vezes (bem de vez em quando, é incomum, mas acontece) aparece alguém na livraria procurando esse livro do Hitler, aí a gente explica que a pessoa não vai encontrar isso em livraria nenhuma porque né. Mas uma vez eu expliquei isso pra um cara e ele achou "um absurdo que a censura tivesse chegado numa livraria como aquela". True story.
Pô, que tenso. Fico meio divida quanto a isso: ao mesmo tempo que pode influenciar negativamente muita gente (como influenciou o Danny) tem uma certa relevância histórica, né? Para ser estudado e tal... Não sabia que era de venda proibida, embora devesse ter imaginado hihi
ExcluirIsabel, assisti ao filme há alguns anos e gostei muito, apesar de ter me sentido incomodado em diversos momentos, apesar de a gente saber que muito daquilo ainda acontece, quando nos deparamos ficamos incomodados, não tem jeito.
ResponderExcluirDeu vontade de assistir novamente, acho que estou mais maduro pra encará-lo.
A sensação de incomodo, nesse caso, é até positiva: mostra que nos importamos...
ExcluirNossa, amei sua forma de escrever,
ResponderExcluira resenha ficou ótima, clara e culta ao mesmo tempo, quanto ao seu sentimento com relação ao filme apesar de não tê-lo assistido, pela sua descrição eu compartilho com você. Sou amplamente contra o movimento nazista e não aceito a saturação de preconceitos de todos os tipos em que a nossa sociedade está mergulhada.
http://soubibliofila.blogspot.com.br/
UAU..
ResponderExcluirNão conhecia este filme, mas confesso-te que me deixou sem ar.
Muito bom!
Beijos
Luizando
Oi, Isabel!
ResponderExcluirTudo bem?
Sua resenha, como sempre, excelente!
Não conheço este filme e, na verdade, prefiro nem ver pois fico revoltada com certas coisas.
Beijos, flor.
Nataly Nunes
http://critiquinha.com/
Eu não curto muito filmes assim. Sou uma boba e cega por filmes românticos e dramáticos, haha.
ResponderExcluirXx
www.likeparadise.com.br
Oi!!
ResponderExcluirEsse filme é fantástico (a sua mode claro) mas realmente o filme deixa esse gosto amargo em determinadas cenas, além de uma revolta momentânea, com uma vontade de entrar no filme e fazer alguma coisa por não entender o que levam as pessoas a pensarem dessa forma, a tratarem os outros com tamanha crueldade.
A atuação de Edward Norton é impressionante, passei a olhar o trabalho dele com outros olhos depois de ver esse filme e Clube da Luta no qual ele tb tem uma atuação fenomenal.
Esse é daqueles filmes que te dão dor de estômago, uma certa náusea mas que todos temos de assistir.
Abraços
Melissa Padilha
decoisasporai.blogspot.com.br
Nossa, esse filme surpreendeu, vi ontem, rsrs. Quanta coincidência, com certeza faz você pensar no que fez e no que faz. Adorei!
ResponderExcluirBeijos.
clicandolivros.blogspot.com.br