Hesito um pouco ao escrever sobre The Borgias. Não que este drama seja uma série ruim, mas porque os
requintes da crueldade dos personagens é tamanho que é impossível não se chocar
um pouco. Assim como qualquer pessoa que está no poder (e quer se manter nele)
os Bórgias mentem, roubam e matam pessoas como quem mata formigas ao pisar no
chão – e tudo isso tendo o Vaticano como pano de fundo.
Sim, é meio desagradável – mas continua sendo uma série
fantástica.
Em 1492, o cardeal Rodrigo Bórgia é escolhido como papa. Mas
é óbvio que toda a audiência de The
Borgias não se deve as infinitas demonstrações de amor do santo padre em
questão, e sim justamente pelo contrário – sua eleição, completamente forjada
no primeiro, dá uma ideia bem clara do que vem por aí.
Um espanhol mal-falado, cheio de filhos e que publicamente
admite manter uma “cocunbina” (que nos tempos modernos seria considerada
esposa) Rodrigo Bórgia obviamente não foi eleito por amor de seus irmãos
cardeais. Na complicada tarefa de introduzir tentativas de suborno para os
membros do conclave ele tem ajuda de seu primogênito, Cesare – um bispo de
índole tão duvidosa que foi a inspiração de Maquiavel no seu famoso livro O príncipe. Maquiavel que, aliás, se faz
presente no seriado em um dos seus melhores aspectos: o retrato de
personalidades históricas.
É bem comum em produções que retratam a História com h maiúsculo
a admissão de que os espectadores já a conhecem. Aqui, isso não é feito,
apresentando o panorama do Vaticano e do mundo na época de uma maneira tão
didática que você dificilmente diria que está aprendendo.
E esse tal panorama é bastante importante: o agora papa
Alexander Sixtus (não, não é spoiler – acontece no primeiro episódio) percebe
que seu cargo é muito mais político do que religioso, envolvendo-se em um
emaranhado de guerras, reis e príncipes. Problemas internos também representam
uma pedra no seu sapato – a maior delas é o honroso cardeal Della Rovere, que
crê ser Bórgia um homem vil demais para o papado. Usando como justificativa os
seus inúmeros filhos, mulher e uma amante bem nascida, o cardeal prova ser um
dos personagens mais corajosos que já vi ao sair pela Europa buscando apoio à
derrubada de Alexander Sixtus, arriscando-se cair nas perigosas mãos de Cesare.
Embora este último tenha sido imortalizado por Maquiavel, é
Lucrezia Bórgia que mais desperta a atenção de cineastas e escritores. No
início me perguntei por quê: a garota de catorze anos não passava de uma
princesa em uma torre, a ser resgatada por seu muito afetivo irmão e sem
grandes atrativos além de sua beleza. Depois de ser continuamente maltratada
por seu marido (um nobre com quem casou por necessidade de mais homens no
exército papal), é operada em Lucrezia uma mudança ímpar, que a torna tão sagaz
quanto Cesare e sedutora como seu pai.
Porque, como é insinuado, não é o Vaticano, e sim a família
Bórgia que ocupa um papel central no enredo. Embora Rodrigo Bórgia tenha tido
vários filhos, além dos supracitados, só acrescemos Juan, um rapaz desmiolado
destinado pelo pai à guerra assim como seu irmão foi destinado à igreja. Para a
carreira eclesiástica nenhum dos dois apresentava talento, mas para a militar
fica logo claro que Cesare tinha de estar no seu lugar – e, mais do que isso,
queria. Coloque na mistura a mãe, uma mulher com orgulho ferido ao ver o homem
por quem tudo abandonou (inclusive os princípios religiosos que, por incrível
que pareça, se fazem presentes de vez em quando) exibindo-se publicamente com a
amante: voilá, temos The Borgias.
A produção é impecável, com uma preocupação enorme e riqueza
de detalhes com caracterização e cenários. Embora o papa Alexander Sixtus dos
livros de História tenha me soado diferente, não reclamo, ao contrário de
muitos, da atuação de seu interprete – e nem de nenhum dos outros.
É impressionante a lista de obras ficcionais nas quais a
família Bórgia figura – e não é para menos: a “primeira família criminosa”
tinha bastante o que contar.
Oi Isabel
ResponderExcluirA série parece interessantíssima, mas acho que não foi feita para eu poder ver. Acabaria, discordando de um monte de coisa. De qualquer forma, bela resenha.
Olá, tudo bom?
ResponderExcluirBem, essa série é bem comentada na internet, inclusive, tem um pequeno livro com ilustrações da série que eu vi numa livraria, e me chamou bastante atenção.
Olha, você tem o poder de me convencer a assistir séries, e olha que não sou muito fã, mas essa eu já vi alguns pedaços e não curti. rs
Beijão.
clicandolivros.blogspot.com.br
Pois é, enquanto lia esse post ficava pensando em uma série de livros que também leva o nome da família. Os livros e a série televisiva têm algo em comum?
ResponderExcluirGosto desse tipo de história, que envolve fatos reais e o que a gente gosta da dramaturgia também.
Beijos
Até onde eu sei não, mas eles são bem "famosinhos", sabe? Qualquer uma das obras pode te mostrar a razão: a crueldade e a ambição da família Bórgia era sem limites...
ExcluirOi,
ResponderExcluirjá ouvi muito falar dessa série e tenho vontade de vê-la! Seu post me deixou com mais vontade ainda, vou procurá-la agora para baixar!
Bjs
Oi!
ResponderExcluirEu agora fiquei deveras curioso de conferir essa série. Gosto de séries que abordam fatos reais e históricos.
Já tinha ouvido falar sobre essa série, porém não tinha tido muita curiosidade e vontade de assisti-la.
Enfim, curti muito o post. (:
Abraço!
"Palavras ao Vento..."
www.leandro-de-lira.com
Isabel, ainda não assisti nada de Bórgia mas sempre acompanho as discussões que ela levanta - como se tivesse culpa de mostrar o que aconteceu. Gosto muito de séries históricas então fiquei com vontade de acompanhar, e como católico me é interessante conhecer capítulos não tão memoráveis da história da Igreja.
ResponderExcluirVou procurar assistir.
Oie Isa
ResponderExcluireu assisti aos primeiros episodios e adorei. Fiquei chocada com as falcatruas da familia hahaha, mas adorei os atores escolhidos. Assim como the Tudors, algumas cenas de morte são bem pesadinhas, e eu me amarrei ainda mais rs
bjos
Faz tempo que estou enrolando pra ver está série, mas agora acho que vou finalmente assisti-la.
ResponderExcluirQue interessante :)
ResponderExcluirVou procurar saber mais da série.
Beijos
http://caroleblablabla.blogspot.com.br/
Estou estudando o "estilo" Barroco, e essa série casou perfeitamente com esse meu tópico de estudo, não só pela suntuosidade da fotografia e dos aspectos visuais, como também pelos exageros e contradições existentes no roteiro e tão comum desse período da história e da arte. E eu já disse que você resenha maravilhosamente bem? Só pra reforçar a ideia.
ResponderExcluirBeijos =*
Nunca tinha ouvido falar da série, mas sem dúvida me chamou atenção, não só por ser de época quanto pelas imagens. A produção parece excelente e a personagem Lucrezia também me deixou curiosa, sem dúvidas a série entrou para minha lista.
ResponderExcluirEu já li vários elogios a série, mas nunca vi. Fiquei curiosa, vou procurar para assistir.
ResponderExcluirbjks
Ja vi varias pessoas falando, deve ser bom!
ResponderExcluirbeijos
www.barbaraalgazi.com
Já li sobre essa série, mas confesso que me deu preguiça quando vi o "sex" embutido. Já me saturo disso em Game of Thrones.
ResponderExcluirSou louca para assistir essa série. Adoro histórias nesse estilo! Como não tem taaaantos episódios assim, vou dar uma chance quando eu me organizar com minhas séries pendentes haha
ResponderExcluirMuito boa essa série mesmo, estava acompanhando pela TNT e gostei demais. As roupas são muito bem feitas, o clima antigo é perfeito. Gostei mesmo. Quem não gosta de ver uma intriga envolvendo a igreja? Coisas escandalosas todo mundo gosta né xD
ResponderExcluirE essa série de escândalo é que não falta...