02 janeiro 2012

F4: O fabuloso destino de Amélie Poulain



Amélie Poulain é uma daquelas pessoas irritantemente fofas e boazinhas que você quer abraçar e jogar pela janela ao mesmo tempo. Tudo nela é calculadamente fofo: os seus colegas de trabalho (que possuem defeitos irritantes como uma unha encravada: não doí muito, mas incomoda); seus pais (ambos rígidos e insossos: depois da morte inesperada e tragicômica da mãe, o pai se torna o velho viúvo recluso); seus amigos (a zeladora que ainda sonha com o marido há muito perdido; um velhinho que não sai de casa há anos por possuir os ossos "frágeis como cristal" e cujo único passatempo é reproduzir obras de Renoir e um funcionário da quitanda que sofre por causa de um chefe controlador) e seus pequenos prazeres (quebrar a crosta do creme brulée com a colher, afundar a mão no saco de sementes - ok, esse daqui é realmente legal - e jogar pedras no canal).

O roteirista usou um recurso literário que, apesar de batido, eu amo: a exposição de detalhes inúteis. Como nos lembrou Huxley em Admirável Mundo novo, "os detalhes, como se sabe, conduzem à virtude e à felicidade; as generalidades são males intelectualmente necessários. Não são os filósofos, mas sim os colecionadores de selos e os marceneiros amadores que constituem a espinha dorsal da sociedade" e tais detalhes aparentemente insignificantes enriquecem e mostram muito da personalidade de cada personagem.


A minha implicância com a fofura - que culmina com os seus "pequenos bons atos", que me fizeram dar boas risadas - parou completamente quando um defeito seu for apresentado: o medo da rejeição. Nas estações de trem, Amélie sempre cruza com um rapaz bonitinho, que procura por fotos debaixo daquelas cabines de foto expressa. Essa procura por fotos se mostra ser parte de um album, que Amélie acha depois de o tal rapaz o esquecer na estação. Visitando a loja de filmes pornô no qual ele trabalha, Amélie descobre que ambos possuem muito em comum e se apaixona.
A partir daí é um vai-e-vem estilo novela: Amélie, por medo, perde as várias oportunidades que tem de falar com Nino, deixando mensagens misteriosas para atiçar a sua curiosidade.

No geral, é um filme muito bom. Amélie por pouco não cansa, mas o seu 'modus operandi' me fez dar 
boas risadas. Ponto também para o roteiro, com diálogos e frases muito legais - além dos detalhes inúteis que já confessei adorar - e para a fotografia, que deixa tudo (não só a Amélie) fofo.

4 comentários:

  1. Ainda não vi o filme o que é uma pena, mas como a imagem dela e da colher é mega conhecido eu vou dar uma chance.

    Bjs

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  2. Oi Isabel,
    Não vi o filme até hoje, e isso é incrível já que uma de minhas melhores amigas AMA esse filme de paixão. Mas sabe aquela coisa de que para ver filme tem que ser na hora certa? Entçao, comigo é assim. Não sou cinéfilo e não aprecio muito a sétima arte, gosto mesmo é de seriados. Então nçao posso ter falar que vou ver o filme, mas quem sabe um dia né? hehehe

    Beijão
    WIll
    Vício de Cultura

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  3. Olá, tudo bem?
    Nunca assisti o filme
    E para falar a verdade nem tinha ouvido falar, uma vergonha eim
    Mas agora que conheço pretendo mudar isso

    Beijos
    @pocketlibro
    http://pocketlibro.blogspot.com

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  4. Estava fuçando aqui no seu blog e encontrei esse filme. Eu não poderia deixar de comentar. Claramente, sou obcecada pela França - até comecei um curso de línguas online. E nesse vai-e-vem eu acabei conhecendo o filme.
    Fofo é pouco. Eu o encaro como a minha entrada para os filmes franceses. Bom, faz um bom tempo que o vi. Agora já estou acostumada com a maneira francesa de fabricar filmes. Fantásticos, não?
    Adorei a resenha. Bateu uma saudade, acho que tenho um filme para ver esse fim de semana!

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