O que você faria, leitor, ao ser obrigado a escolher somente
uma dentre suas milhares de características de ser humano complexo e singular para
reger o resto de sua vida? Emprego, amigos, vizinhos, roupas, casa, hobbies,
família – tudo definido por só um pedacinho minúsculo de quem você é; sem volta
ou espaço para arrependimento?
Pois bem, em Divergent, a sociedade é dividida em cinco
facções, responsáveis pela educação, emprego e vida em comunidade de seus
membros: Amity, que são contra a violência e a agressividade; Candor, que nunca
mentem; Dauntless, que desprezam a covardia; Abnegation, os anjos que condenam
o egoísmo ou sequer pensar em si e finalmente, Erudite, os intelectuais.
Mesmo sendo nascida e criada em Abnegation, Beatrice não
sabe se lá é seu lugar: a ideia de viver até o fim de seus dias em função do
bem alheio soa opressora aos seus ouvidos – ao contrário do seu irmão e pais, a
solidariedade raramente lhe é natural, espontânea. Suas dúvidas só fazem
aumentar ao receber o resultado de seu teste de aptidão: Beatrice é Divergent,
ou seja, não se encaixa em nenhuma das facções. Dessa condição, porém, ela deve
guardar segredo: para as facções, ser Divergent é ser um perigo a sociedade.
Não sem dor por deixar a sua família, Beatrice – agora
chamada de Tris, já que seu nome de batismo é “Abnegation demais” – escolhe
deixar sua facção rumo a Dauntless. A dificuldade decorrente dessa decisão era
óbvia: afinal, não é tão fácil sair de trabalho voluntário e noites tranqüilas em
frente a uma lareira para combates corporais, pulos de trens em movimento e
aulas de tiro.
Mas sua nova facção esconde mais obstáculos do que ela
gostaria: dos 21 iniciandos, apenas dez se tornariam membros de Dauntless.
Falhar seria a concretização do maior medo de Tris: se tornar uma sem-facção,
sendo obrigada a fazer os trabalhos mais pesados e exaustivos em troca de
apenas um pouco de comida e abrigo em uma antiga estação de metrô.
Divergent é fantástico – se não contarmos Em Chamas, é
provavelmente o melhor livro de ficção distópica YA que já li. Assim como
Suzanne Collins, Veronica Roth não dá a seus leitores tempo para respirar,
comer ou viver entre as páginas do livro – todas essas coisas se tornam fúteis
em comparação a descobrir qual a próxima desventura de Tris. Os personagens são
construídos de uma maneira encantadora: é um defeito de muitos livros YA
produzir mocinhos e mocinhas excessivamente dramáticos e vilões estilo “encarnação
do mal” – mas salvo um momento ou dois, isso não é característico de Divergent.
A parte distópica é, talvez, melhor do que a de Jogos Vorazes:
a divisão de facções de Divergent parece o caminho perfeito para a paz até
determinado momento – mas quando as partes podres são reveladas, este toma ares
do sistema castas indiano, injusto, cruel e anacrônico.
Só tem um problema: o romance. Embora o par romântico da
mocinha seja “na medida” (como todos os personagens do livro) o envolvimento
dos dois se dá de um jeito meio meh. Depois de ler algumas cenas, não contive
um suspiro. Até tu, Veronica?
Nota: 5/5
OBS.: Li Divergent em inglês (o BookDepository vai me falir) mas segundo blogueiras parceiras da editora, a Rocco o lançará ainda esse ano. Bravo, bravo.
OBS2.: Achei a capa bem tosquinha quando recebi, mas faz todo o sentido depois de ler o livro.
Já tinha lido a sinopse desse livro e tinha ficado com vontade de ler, agora que li sua resenha a vontade só aumentou! Divergent parece ser um ótimo livro =) não consigo nem pensar viver algo parecido com isso, já pensou ter de escolher (o que por si só já é ridículo) e ainda se separar das pessoas que você ama? credo.
ResponderExcluirVai para minha listinha de futuras leituras, que só cresce a cada dia x_x hahahah
Eu não tinha ouvido falar desse livro ainda, mas entendi no fim da resenha que ele ainda não foi publicado no Brasil.
ResponderExcluirA sinopse me conquistou. Nunca tinha pensado/lido/ visto um enredo assim, onde a sociedade é dividida em facções. Parece ter uma história inovadora. Fiquei interessada em ler. Até que tenho me interessado ultimamente por ficções distópicas, já que o ponto crítico tem fundamento na realidade.
Quero ler; mas vou aguardar o lançamento.
Bjs ;)
Interessante. Tenho que admitir que a sinopse me fez lembrar de Admirável Mundo Novo - que eu adoro. A separação em 'castas'. Pessoas designadas a fazerem uma coisa pelo restante de suas vidas. Penso que esse livro nem deva ser comparado a obra de Aldous Huxley, mesmo parecendo bom.
ResponderExcluirAh, é um fardo quando o livro que você tanto quer não saiu ainda. Baixar no idioma original é a saída! O ruim é quando esse idioma não é inglês - ou francês, no meu caso.
Mas eu quero ler! O romance é assim tão... sem graça? Ah, se você comparou a escritora com Suzanne Collins, deve ser bom! Espero ler o livro assim que este sair.
Poxa, parece ser mó legal. Eu terei que esperar sair em português, porque eu realmente não posso esquecer minha língua-mãe. :c
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirComo sempre os romances deixam o enredo daquilo que gostamos com um certo ar duvidoso. Foi bom você ter frisado isso... no entanto, fico feliz por isso não ter atrapalhado a história, pois é evidente que quando o foco se torna somente essa, a história perde muito em termos de qualidade. Adorei a resenha, mas adorei ainda mais saber sobre o livro... muito bom.
Um abraço!
http://universoliterario.blogspot.com.br/
Que bom que você gostou desse livro, Isabel. Eu também adorei quando li e fiquei imaginado quando você leria, já que você gosta bastante de distópicos, né?
ResponderExcluirE, bom, só discordo na parte do romance. Eu gosto muito do romance desse livro. Apesar de ele ser meio esquisito. Quer dizer, aquela parte das facas...
Quero muito ler a continuação, mas ouvi dizer por aí que o negócio desanda um pouco. O que seria uma pena, porque o gancho pro segundo livro foi ótimo. Espero discordar de quem ficou desapontado.
Amei, amei mesmo o livro e a resenha, também adorei o fato de você ter comparado com o livro "Em Chamas", adoro esse estilo de livro que mostra uma sociedade do futuro e bem diferente!
ResponderExcluirAgente já postou outra resenha lá, quer ler? http://falleninme.blogspot.com/ desde já obrigada!
- Mica
Hmm, mais uma distopia pra listinha! haha! Ao contrário das várias que estão surgindo por aí, essa realmente me chamou a atenção! é um universo bem regrado e bem à lá Suzanne Collins, né? e saber que os personagens não são clichês demais já é um alívio. foi uma coisa que adorei em Jogos Vorazes, essa humanidade que torna todos os personagens plausíveis, ao invés de parecer que sairam de uma novela do Manoel Carlos! Vai pra wishlist :)
ResponderExcluirQue bom que vai ter versão brasileira, achei bem diferente a estória que envolve esse livro, e me descobri uma fã de distopia depois de ler Estilhaça-me e também sou super curiosa em ler Jogos Vorazes!
ResponderExcluirBeijos ><
Meu outro lado
Nunca tinha ouvido falar do livro (: Me pareceu interessante.
ResponderExcluirAmei a resenha.
Beijos,
Marinah | Blog Marinah Gattuso
Se eu não me engano, já li a resenha desse livro em algum lugar. Mas ele só me chamou atenção agora com sua resenha. Eu adoro muito distopias, tenho certeza que iria adorar esse livro. Pena que ainda não tem em português, mas vou ver se acho o e-book!
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