Sou sonhadora, mas de uma forma meio estranha. Sei (ou acho
que sei) exatamente até onde posso ir, então não perco meu tempo devaneando
sobre entrar em Harvard, ser uma cantora pop ou escalar o monte Everest. Caso
uma classificação seja necessária, nomear-me-ia de “sonhadora prática”. Não me
tome por limitada: reconhecer impossibilidades e fraquezas, sabendo medir as
chances que algo dê certo risca muitos alguns itens da minha lista, mas
as coisas restantes são tantas e tão fascinantes que prefiro não me incomodar
muito com isso.
Will, protagonista de Ruínas
de Gorlan (primeiro livro de Rangers:
ordem dos arqueiros) não compartilha dessa minha natureza de sonhadora
prática: ele é pequeno e frágil, mas ainda assim quer entrar na exigente escola
de Guerra do feudo onde mora (parte de um mundo que mistura o sistema social da
idade média com um pouco de fantasia, pobremente descrito no volume em
questão). O motivo? Ele crê que seu pai (morto há anos em um combate com as
tropas do maior inimigo do reino, Morgarath) ficaria feliz com isso. Criado
como protegido (ou seja, um órfão acolhido pelo Barão) no castelo, Will não tem
ninguém que possa lhe guiar nessa escolha, e as chacotas de outros protegidos
não são de grande ajuda.
Como esperado, o garotinho não é admitido como aprendiz de
guerreiro. Arrasado, ele vê para si somente uma vida de camponês, já que não
possui outras habilidades e não pensou em planos B, C ou D (coisa que nós,
sonhadores práticos, nunca deixamos de fazer).
Contudo Halt, da Ordem dos Arqueiros, intercede em seu
favor, aceitando-o como aprendiz. Will, afinal, não era tão sem habilidades
assim: ele consegue escalar os muros do castelo com bastante destreza, atributo
bastante útil para arqueiros. Dei um sorriso quando soube disso: lembrou-me
bastante de Bran, de Guerra dos Tronos – um dos meus personagens preferidos da
série. O destino de Will é então permeado de perguntas sem resposta, um mestre mal-humorado e muito trabalho.
Apreciei Rangers, mas de uma forma muito estranha. Detesto a
figura do “herói inesperado”: todos nós acabamos sendo (a nossa própria maneira)
heróis inesperados uma hora ou outra (ou pelo menos podemos nos ver como tal),
fazendo com que tal perfil acabe sempre me parecendo um recurso podre do autor para
criar identificação entre o leitor e o personagem.
Como é comum em livros do gênero, a linguagem é bastante
simples e limpa. Só encontro um grande defeito nesse ponto: a fim de não sofrer
da maior praga de livros narrados em terceira pessoa (a repetição excessiva dos
nomes dos protagonistas) Flanagan força um pouco a lógica a fim de encontrar
sinônimos para tais. Há um certo uso de deus ex machina, mas não é exagerado: é
perceptível que a prioridade do autor nesse livro em específico é apresentar a
nova vida de Will como um aprendiz de arqueiro, não criar grandes tramas, conspirações
e histórias. Gosto desse clima de tudo novo e fresco, de ser introduzida a todo
um novo mundo junto com o protagonista.
Mesmo com os erros listados acima, confesso: me diverti enquanto lia Ruínas de Gorlan. Não há nenhuma qualidade que possa fazê-lo grande como outros livros de fantasia (como as tramas de George Martin ou a magia de C.S. Lewis), mas não há nenhuma falha excepcional, e a fluidez da leitura o torna um bom presente para aqueles que não gostam de ler. É
nesse momento que meu eu “crítica” e meu eu “normal” entram em conflito: quando
não se pode ter as duas coisas (qualidade e diversão) qual é mais importante?
Tenho este livro aqui em casa, ganhei num amigo secreto só ainda não li ele, gosto da capa e tenho vontade de ler...
ResponderExcluirVanessa - Balaio
http://balaiodelivros.blogspot.com/
Oie Isa
ResponderExcluiro " mais de 1 milhão de cópias vendidas" destacado na capa do livro já era por si só, motivo que me levaria a ler o livro, embora leitura juvenil não sendo meu foco literário no momento.
Sua resenha então aguçou ainda mais minha curiosidade.
bjos
Eu não sou muito fã de livros narrados em terceira pessoa tbm não! Mas confesso que mesmo com tudo o que você disse, surgiu uma certa curiosidade de minha parte por este livro, deve ser o fato de eu adorar uma fantasia. Quem sabe um dia eu o pegue para ler.
ResponderExcluirxoxo
http://amigadaleitora.blogspot.com.br/
Olá, Isabel (: Gostei da "introdução" da resenha! Bem, eu sou a tal sonhadora sem limites haha Apesar de saber até onde posso ir. Mas sempre gosto de imaginar as coisas, por exemplo, entrar Cambridge etc. Apesar de não ser o meu gênero favorito de leitura, fiquei com vontade de ler o livro! Parece ser bom e divertido, como você falou. Resenha ótima, como sempre haha (: Beijos http://doceescrita.blogspot.com.br
ResponderExcluirOi Isabel, bela resenha esta. Eu não sei qual é o mais importante, mas acho que prefiro uma bela mistura dos dois ;D
ResponderExcluirTambém sou uma sonhadora prática, mas devo dizer que meus sonhos não são pequenos, nem perto disso. Até agora, tem funcionado bem dessa forma ;D
Tenho esse primeiro livro em casa, mas ainda não consegui ler.. Parece ser uma ótima história, apesar de algumas falhas, que até são comuns em livros mais juvenis.
Beijinhos
Olá Isabel!
ResponderExcluirSempre vejo este livro, mas não sei, ainda não tenho aquela vontade de lê-lo, entende?
Parece ter uma boa história, gostei da sua resenha, principalmente de como se deu o início dela.
Ah, que bom que está gostando de O sonho de Eva, eu realmente adorei. Quando terminar a leitura, diga-me o que achou. =D
Beijos, Leticia;
http://obsessionvalley.blogspot.com.br
Mudou o sistema de notas! Curti. Eu não ouvi falar do livro até chegar aqui, mas só pela capa eu torci o nariz e, antes de ler, imaginei que a nota seria ruim. Palpite, né. O que me chamou a atenção na sua resenha foi:
ResponderExcluir"Como é comum em livros do gênero, a linguagem é bastante simples e limpa. Só encontro um grande defeito nesse ponto: a fim de não sofrer da maior praga de livros narrados em terceira pessoa (a repetição excessiva dos nomes dos protagonistas) Flanagan força um pouco a lógica a fim de encontrar sinônimos para tais."
Isso é difícil, cara, é bem complicado de fazer. Tô escrevendo dois livros em terceira pessoa. Pra quem está acostumado a escrever em primeira, cara, que soco no estômago! Ainda mais quando temos muitas personagens (um tem 6 (3 protagonistas, 3 coadjuvantes importantes) o outro tem 3 - trindade também). Sua resenha não me animou a ler o livro, mas pelo detalhe técnico, poderia ser um bom objeto de estudo.
Voltei dos mortos.
Oie Isabel!
ResponderExcluirObrigadaa pelo comentário lá no bloguinho!
Eu já tinha visto esse livro (e a coleção inteira) nas milhares de vezes que eu vou nas livrarias, mas talvez seja a capa, ou o título que não me fazem ter interesse...! Gosto muito da Editora Fundamento, mas parece que os seus livros são mais para o público infantil, ou sei lá... Apesar de eu ter duas coleções deles!
Bjs,
Ariane;)
PS: Desculpe a imeeensa demora em responder seu comentário!
Gostei do jeito que começou esta resenha!
ResponderExcluirEu já quis ler esta série, mas desanimei porque me parece longa e já estou acompanhando várias sagas e de olho em outras sagas também:)
Respondendo a pergunta do final do post: Sou sempre a favor da diversão!
Meu irmão ADORA essa série. Ainda não li, mas ele já me indicou várias vezes. Acho que ele leu a maioria em e-book. Tenho certeza que será um livro que vou gostar muito!
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