03 setembro 2012

Starters



O mundo de Starters foi devastado pela guerra de esporos: um conflito a nível mundial, mortal para todos aqueles que não receberam a vacina contra as armas biológicas – ou seja, todos entre 20 e 60 anos que, por serem considerados menos vulneráveis que os pequenos ou os idosos, ficaram para um depois que não chegou.

Depois do falecimento de seus pais, Callie então foi tirada de uma vida segura e saudável para ser jogada na dura realidade das ruas, morando em prédios abandonados com outras crianças órfãs enquanto foge dos inspetores – ser um menor sem responsável é um crime que não se escolhe cometer, punível com trabalho semi-escravo em Instituições – e de gangues de adolescentes rebeldes, perigosos e assustados. O mundo então fica dividido: os jovens Starters (alguns sortudos, adotados por avós ou bisavôs; outros, assim como Callie, nem tanto) e os idosos Enders (ativos como nunca, já que a sociedade precisava continuar e a tecnologia evoluiu o suficiente para deixá-los saudáveis até os 200, 300 anos). Um grupo sente um medo mortal do outro, vendo-o como inimigo, como predador.



Callie é inteligente e, aos dezesseis anos, se viraria bem sozinha – mas há um grande porém: Tyler, seu irmão mais novo. O garotinho está doente, condição piorada a cada dia que passa pela comida incerta e morada insalubre. Callie então recorre ao único método fácil para que Starters (que são proibidos de trabalhar) ganhem dinheiro: a Prime Destinations.

Aparentemente uma clínica em Bervely Hills, a Prime Destinations oferece um serviço bem peculiar: aluguel de corpos de Starters a Enders endinheirados que querem “reviver a juventude”. Candidata forte por ser atlética, Callie “se aluga” por três vezes – o suficiente para comprar uma casa e subornar um Ender para que falsamente os adote, evitando problemas com as autoridades. Nos dois primeiros alugueis, a garota não sente nem lembra nada, acordando com somente uma leve sensação de ter dormido demais. No terceiro, algo dá muito errado: Callie acorda, ainda com a vida de sua inquilina.

O que mais gosto em distopias é a reflexão que essas proporcionam: querendo ou não, há um exagero de um aspecto qualquer da nossa sociedade nelas, com uma crítica feroz a tal. Em algumas, como Jogos Vorazes ou Caminhos de Sangue, o aspecto e sua crítica ficam na cara; já em outras, como Divergent ou The declaration, é mais sutil – o novo sistema geralmente apresenta algum tipo de vantagem, deixando o leitor tentado a no mínimo tolerá-la.

Bom, Starters não é nenhum dos “tipos de distopia” acima mencionados: fica bem claro que o tratamento dispensado aos Starters pelos Enders não é exatamente justo, e que o mundo em questão é um caos. A discussão do que creio ser o principal “tema distópico” do livro – a exploração da miséria e do desespero alheios – mal se insinua, ainda que Starters invista mais na reflexão do que na ação. Leitores pouco atentos podem até mesmo não notar esse viés “filosófico” do livro, tornando esse “meio termo” uma escorregada feia. Não que eu seja contra a literatura puramente por entretenimento (aliás, como é visível nesse blog, sou grande consumidora da mesma) mas forçar as engrenagens do cérebro do leitor nunca é ruim.

Gostei bastante de como o livro flui: não é de maneira meu-deus-preciso-ler-isso-agora como alguns livros do mesmo gênero, os quais devoramos sem dó; mas de uma forma mais cadenciada e compatível com a vida além da leitura.

Não sei se é porque por esses tempos estou prestando mais atenção, mas vejo as editoras investindo na propaganda de certos livros de forma maciça: foi assim com A culpa é das estrelas e também com Starters. Ainda não sei se é só impressão minha ou se isso realmente só começou nos últimos tempos, mas fico feliz de qualquer jeito. Se a propaganda já transformou quase todo o mundo ocidental em fumantes, porque não daria um empurrãozinho (grande e significativo) em tornar o Brasil um país de leitores?


16 comentários:

  1. Que coisa, eu to aqui querendo muito ler este livro mas tem taaanta coisa de parceria que chego a ficar triste. Concordo com a super propaganda que as editoras tem feito, acho que elas são super válidas, tenho visto um número muito maior de leitores no nosso país!!!

    Vanessa - http://balaiodelivros.blogspot.com/

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  2. Oi Isabel!
    Eu adorei o livro. Tava em um momento bom, o li super rapidinho. Gostei da narrativa, pela fluidez, pelas informações dosadas na medida. E o final achei bem inusitado. Só não sou muito fã da capa. A personagem é determinada. Como este é meu segundo distópico não tenho como fazer uma comparação mais ampla.

    Beijos :D
    Tenha uma ótima semana!

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  3. Bel, essa propaganda total na qual você mencionou ao fim da sua resenha, aos meus olhos, não satisfaz só a necessidade que as editoras tem em vender, mas em propagar a leitura, o que acaba sendo algo totalmente positivo. Bem colocado isso.
    Sobre a obra, embora eu curta distopias, Starters nunca foi uma opção de leitura para mim. Gostei bastante da resenha, mas ainda continuo sem interesse pela obra. Quem sabe um dia?

    Um abraço!
    http://universoliterario.blogspot.com/

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  4. Oie Isabel!
    Colocaram tanta propaganda e tanta ênfase nesse livro que talvez seja exatamente por isso que eu não tenho a mínima vontade de ler. A capa me dá medo (que olhos são esses???), e eu meio que me cansei de livros com "sociedades revoltadas". Tipo, aprece ser igual á "Destino", "Delírio", "Feios" (se bem que Feios eu tenho muita vontade de ler, sim), e etc.
    Sei lá. rsrsrs...
    Mas sua resenha ficou ótima. Pra quem gosta, maravilhoso!

    Bjs,
    Ariane;)

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  5. Oi Isa
    eu achava a história desse livro totalmente confusa, mas ainda assim instigante.
    Não posso deixar de ler por ser fã de distopias, e tmb pq recebi o livro de parceria rs, mas sei lá, pelas resenhas que tenho lido esperava mais dele.
    bjs

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  6. Estou louca para ler esse livro. Realmente, tem propaganda em tudo que é lugar, por isso que fiquei interessada pela história. Não gostei muito da capa, achei meio fraca, apesar de chamativa. Gostei da história da distopia e me faz lembrar um filme chamado Surrogates, só que em vez de usar o corpo de outra pessoa para "viver a juventude", eles usam robôs.

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  7. Amo/sou seu blog (sério, fico horas aqui vendo os posts antigos)
    Amo/sou suas resenhas, sempre com reflexões e tal
    Amei, já quero ler Starters, essa capa é muito bonita e a estoria parece ser bem legal e minha estante precisa de um livro da Novo Conceito, será que terá promoção aqui no blog sorteando o livro? Bem que deveria rsrsrsrsrsrrs #brinks!

    Enfim
    Beijos
    www.verumlivronatv.blogspot.com.br

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  8. Tenho o livro aqui já faz um tempinho, mas não tenho vontade de ler agora.
    Essa questão da reflexão que as distopias acarretam, realmente é muito interessante. Fico pensando nisso enquanto leio e tal...
    Mas ainda não é um gênero com o qual me acostumei.

    Bjs ;)

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  9. Gostei do ultimo comentário que você fez na resenha, sobre a propaganda, sobre os fumantes. Mas parece que mesmo com muita propaganda, os livros ainda não são vistos como de extrema importância para muita gente. Muitos ainda estão alheios do divertimento que a leitura proporciona.

    Beijos. Tudo Tem Refrão

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  10. As distopias estão vindo com tudo. Acho que cada vez os autores estão usando esse artifício de uma coisa futurística para relatar problemas que já estão acontecendo, e isso é bem legal. Acaba nos fazendo refletir como você disse.
    Gostei desse seu último comentário. Mas pessoas estão comprando cada vez mais livros. A propaganda é uma arma e tanto! Nunca vi tanta gente comprando um livro como vi em A Culpa é das Estrelas e Cinquenta Tons de Cinza. Estou adorando isso!

    Um beijo,
    Luara - Estante Vertical

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  11. Eu vi toda uma euforia para com Startes e lendo ele, olha não vi tudo aquilo que disseram não, esse marketing todo meio exagerado das editoras em certos livros tá me assustando um pouco viu, mas olhando pelo seu ponto de vista, até que é bom mesmo, pode trazer mais leitores assíduos pro clube o/

    Beijos ><
    Meu outro lado

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  12. Tô sem grandes expectativas pra Starters, mas quero ler ainda esse mês. E até gostei da ideia dele ser o "meio-termo" que você mencionou!

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  13. O que posso dizer de Starters é que ele me causa uma estranha sensação de que é um livro ruim. Porém, algumas resenhas alegam que seja um bom livro. Porém, já é um ponto forte, saber que a leitura tem uma boa fluência.
    Mesmo com uma certa relutância, pretendo ler Starters e quem sabe posso me surpreender.

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  14. Adorei tua resenha, e me interessei absurdamente pelo livro. Aliás, creio que grande parte desse interesse seja pela lembrança de FEIOS, PERFEITOS e ESPECIAIS, resgatada em minha pessoa pelo livro, mas que não pode ser justificada visto que Starters possuí algo mais profundo do que a série que ele me lembrou. Embora eu considere FEIOS, PERFEITOS e ESPECIAIS uma grande obra. Não sei se é impressão minha, mas esse tipo de ficção futurista pessimista veem sendo tão explorada ultimamente, que parece mais um aviso, uma aposta que milhares de escritores fazem sobre os tempos futuros rodeados pelo avanço assustador da tecnologia e da desigualdade social. Espero que eles estejam errados. Beijos, bom fim de semana!

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  15. Pois é. Também percebi a publicidade em volta dos livros ultimamente. Espero realmente que isso funcione e que as pessoas leiam mais.
    Quanto ao Starters, vi a pulicidade no skoob e fiquei muito curiosa para lê-lo, afinal, é ficção distópica *--* Mas, por enquanto, ele não é minha prioridade de leitura. Quem sabe daqui a um tempo eu não vá lê-lo? Bem, parece ser um bom livro. Só BOM. Para distrair... pelo que você disse, não é tão incrível como Jogos Vorazes ou Divergente, mas acho que ainda vale a pena ler. Vou tentar.

    Beijos,
    Ana Alice N.
    carnesecacomcheddar.blogspot.com

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  16. Não tinha a menor pretensão de ler Starters e diferentemente da maioria, achei a capa bem feiosa e não me atraiu, mas depois que li a sinopse (por pura curiosidade devido a tanta propaganda) acabei lendo em e-book. Não vou dizer que não gostei, mas sabe quando você termina um livro e fica pensando "Por que falam tanto dele se ele nem é tudo isso?", foi assim que me senti.
    De modo geral fico bem feliz com as propagandas que as editoras tem feito, mas ainda acho que não atingem grandes proporpões e sem contar que tem tantos livros legais não divulgados, isso me irrita muito.

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