24 dezembro 2012

As vantagens de ser invisível (filme)




O primeiro livro que lembro de ter me emocionado com foi  A marca de uma lágrima, de Pedro Bandeira. Peguei-o pela primeira vez aos nove anos na biblioteca da escola e nos anos seguintes foram mais cinco ou seis empréstimos – cada releitura como a primeira. O enredo parece trivial, sobretudo quando se fala de um livro para adolescentes: Isabel conhece Cristiano em uma festa e, em pouco tempo, acredita que ele é seu grande amor. Mas Rosana, sua prima bonitona, pensa o mesmo – e eu não respeitaria Pedro Bandeira caso minha xará fosse escolhida ao invés de Rosana. Virando então agente dupla, Isabel escreve poemas para ambos os pombinhos, ajudando (com bondade e paciência estilo Jesus Cristo) um relacionamento que no fundo no fundo ela quer avacalhar.



Depois de A marca de uma lágrima, muitos livros vieram, e, fora Meu pé de laranja lima e um poema de outro Bandeira (esse aqui- quem rir ganha um olhar Isabel with lasers) nada me emocionou tanto quanto. Pelo menos não até As vantagens de ser invisível.



Quase tudo que eu tinha para dizer sobre esse assunto já foi dito na minha resenha (aqui) e como toda fã, tive bastante medo da adaptação cinematográfica – ainda que a mesma, no caso de As vantagens de ser invisível, tenha sido feita pelo próprio autor, Stephen Chbosky. Injustificado, esse meu medo: o roteirista de Jericho e escritor do melhor livro das galáxias sabe bem como transmitir sentimento nas telas.




Depois de um verão bastante complicado – seu melhor e basicamente único amigo se suicidara um tempo antes – Charlie inicia seu primeiro ano no ensino médio, amedrontado e ansioso por todas as novidades que essa mudança traz. Após algumas semanas de solidão (nada nunca é tão legal quanto esperamos) ele então faz amizade com Patrick e Sam, dois meio-irmãos divertidos e inteligentes.



Falando assim As vantagens de ser invisível (assim como A marca de uma lágrima) até parece filme de sessão da tarde. Não sei exatamente descrever o que faz as duas obras (e As vantagens em especial) tão diferentes assim de algo raso e superficial. É simplesmente inexplicável: as situações comuns da adolescência não são subestimadas ou dramatizadas ao extremo, somente contadas, com uma calma que arrebata exatamente por assim sê-la. Assuntos mais sérios, como homofobia, depressão e abuso sexual são colocados de forma leve (leia-se leve, não leviana), mas ainda assim sensível – incontáveis nós na garganta.



De forma geral, a adaptação foi tão fiel quanto se esperava, inclusive no ritmo – algo que eu achava bastante difícil, dado ao amor holywoodiano pela adrenalina. O corte de uma situação importante na vida do nosso protagonista, porém, me fez torcer o nariz – com uma hora e meia de longa, falta de tempo não pode ser usada como desculpa.



Minha maior – e quase única – crítica ao filme é levíssima, algo que só um ser humano tão chato com esse tipo de coisa como eu perceberia. Sabe aquela coisa “somos-tão-diferentes-e-excluidos-e-legais”? Pois é, As vantagens de ser invisível força levemente em alguns poucos momentos em direção a isso – coisa inexistente no livro: lá, Charlie e seus amigos são eles mesmos, são fantásticos e ponto. Sei que de dez filmes e livros acho esse defeito em pelo menos três, mas já basta conviver com gente assim na vida real, não é mesmo? Não quero que meus personagens favoritos sejam assim, não quero não quero não quero.



As vantagens de ser invisível não seria nem um terço do ótimo filme que é se não fosse por Logan Lermann, o ator que faz Charlie. No único filme que assisti com ele, Percy Jackson e os olimpianos, Lermann não alcançou todo seu potencial, mas ele encarnou Charlie de uma maneira tão perfeita e sensível que acho que nem mesmo o leitor mais imaginativo pode reclamar. Ezra Miller não foi nenhuma surpresa: ele está fabuloso em Precisamos falar sobre o Kevin, e sua encarnação de Patrick estava à altura disto e do personagem.  Emma Watson também estava ótima, mas não me convence muito como uma menina de dezoito anos. Ela foi de criança à mulher na saga Harry Potter, e agora não a vejo de maneira outra do que como uma adulta.



Chorei loucamente durante e depois de As vantagens de ser invisível – o filme e o livro – chorei escrevendo essa resenha, e não só porque sou uma manteiga derretida convicta. Obrigada por existir, Stephen Chbosky. Obrigada por criar Charlie, Patrick, Sam, fazendo-os infinitos, e, por conseqüência, fazendo-me infinita também.
[Eu, durante o filme (spoilers)]
(duh)

18 comentários:

  1. Adorei a resenha! Eu vi o filme essa semana e simplesmente amei. Foi exatamente como eu esperava, e Charlie não poderia ter sido interpretado por um ator melhor. Logan realmente entrou no personagem e não me decepcionou. Um grande livro virou um grande filme. Apenas maravilhoso ^^
    Beijos
    http://spaceindaze.blogspot.com

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  2. Ah Isabel, que máximo que a adaptação não decepcionou. Eu fico muitíssimo frustrada quando não agrada, acho que a essência precisa ser mantida.
    Eu ainda não li o livro, não o tenho em casa - e não posso comprar no momento - então não sei quando terei oportunidade, mas sei que será lido, ainda mais por ter tantos comentários positivos a seu favor. Adorei essa resenha, assim como a do livro.

    Beijos

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  3. É difícil encontrar uma adaptação tão fiel ao livro quanto essa parece ser. Gostei muito do seu post. A cada palavra, fico me perguntando o motivo de ainda não ter assistido/lido As Vantagens de Ser Invisível. Parece ser uma trama bem simples, mas com lições maravilhosas nas entrelinhas.
    É tanta gente falando bem... Sempre bem... Mal posso esperar para conferir por mim mesma!

    Beijinhos!

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  4. Eu não vi o filme ainda mas quero muito ver.
    Eu li o livro e adorei.
    ^^

    http://livronasmaos.blogspot.com.br/

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  5. Imaginei que você ia amar o filme, né? Vou fazer o caminho inverso. Estou com o livro aqui, e vou ler em breve.
    Enfim, o que eu queria dizer é: eu juro que não enxergo o motivo dessa sua crítica. Eu não enxergo nenhum dos personagens como diferentes-excluídos-legais de uma maneira forçada. Eles *são* diferentes porque pessoas são diferentes mesmo, e é isso que deixa elas interessantes. E não acho que sejam excluídos: quer dizer, eles são um grupo, afinal, né? Enxerguei pertencimento ali. Não achei, de verdade, forçado. Enfim, opiniões diferentes.

    Beijo!

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  6. Adorei a resenha e os pontos que vc colocou! Quero muito ler o livro (mas só vou ler qdo achar o da capa antiga pois detesto capa de filme) e não sei se vou esperar.. Talvez assista o filme antes.

    Bjokas
    Flavia - Livros e Chocolate

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    1. Já tentou no Estante virtual? Lá sempre tem! Ou se vc ler em inglês, as capas de paperback dos EUA tão lindas (tanto a verdinha qnt essa da foto).

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  7. tanta gente fala desse filme que eu quero muuuito ver, mas primeiro vou ler o livro pra depois ver o filme. Adorei sua opinião.

    Bjs
    http://turnthepag.blogspot.com/

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  8. Oi Isabel! Eu andava me perguntando o que eu encontraria no filme e no livro, e ao ler sua resenha percebo que humanidade e realidade, pelo jeito de maneira bem natural. Pelo visto as situações não foram forçadas e o melhor é que tanto um, quanto o outro cumpriram seu papel. Eu quero mesmo é ler o livro primeiro, mas acredito que se inverter a ordem não irei me decepcionar.Bjos!!
    Cida
    Moonlight Books

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  9. Hey moça!
    Amei sua resenha do filme, na verdade, eu não estava com muita vontade, mas depois de lê-la, fiquei completamente ansiosa para ler sobre o Charlie, totalmente! E com vontade de ver o filme também (Logan <3 Emma <3) Eu ainda não me decidi se quero a capa do filme (com bloco de notas) ou a original rsrs
    Ah isso é verdade, muitas pessoas não gostam de ler HP ou livros grandes. Aí é outro caso, né? Mas é sempre um coringa escolher livros pequenos e cheio de figuras que dão alguma lição de moral (tenho alguns da época de criança que nossa! rsrs) Acho que nao vai marcar a proxima geração, né? Agora vão surgindo outras coisas, mas não custa tentar, né?
    Um grande beijo!
    Feliz natal C:
    Pâm
    http://interruptedreamer.blogspot.com.br/

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    1. Prefiro a original, mas acho que pararam de produzir :( Ao menos só vejo a do filme nas livrarias... Enfim, obrigada pelo comentário!

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  10. Já vi muita gente falando de A marca de uma lágrima, nunca li, mas pretendo conferir um dia.
    ESTOU DOIDA pra ver este filme. Estou esperando ficar disponível pra download em qualidade de DVD. Ainda não vi um filme de Ezra Miller, mas gosto dele por causa dos gifs do tumblr!
    E eu amo a música do trailer: "It's Time" do Imagine Dragons

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    1. vale muitomuito a pena ler a marca de uma lágrima, e é facinho de encontrar em bibliotecas :3

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  11. ei Bels...
    Eu tinha visto o trailer no cinema, achei que seria lgal, mas nao dei muita atençao
    So depois que vi vc falando sobre o filme, resolvi assistir. De fato, gostei demais e concordo com cada coisa que vc colocou nesse post.
    Me identifiquei pra caramba(exceto a parte de chorar... sou meio coraçao de pedra pra filmes HAHAHA)
    vou procurar o livro pra ler tambem...

    Beijo grande!

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  12. Awn, quase chorando só com o final do post.
    Comprei As Vantagens de Ser Invisível estes dias, pq quero ler antes de assistir ao filme.
    Eu sou outra manteiga derretida, então já estou me preparando para muitas e muitas lágrimas por aí...

    Beijos!

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  13. Ah, eu também achei que fez falta certo acontecimento. Ainda assim eu gostei bastante do filme, mas prefiro o livro.
    Quanto aos personagens, eu imaginei uma Sam diferente :/
    Como assim você relia esse livro do Pedro Bandeira todo ano? heheh Acho que eu nunca reli um livro =o

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  14. Juro, acabei de assistir o filme e vim correndo aqui. Precisava saber se mais alguém viu o que eu vi enquanto assistia. Estou arrepiada. Só não chorei porque às vezes sou meio insensível, mas senti cada dor do personagem em mim. Estou absolutamente louca para ler o livro. O filme é muito diferente do que eu pensava, o que deixou tudo mais surpreendente.

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  15. Ah, li Marca de uma Lágrima e acredita que não gostei muito? Nem chorei haha Tenho um coração de pedra. Mas quanto ao Pé de Laranja Lima, pqp, aquele livro acabou comigo. O primeiro livro que chorei foi O Estudante.

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