Por melhor que uma adaptação para o cinema seja, não tem
jeito: livros ainda têm uma magia especial. Já assisti algumas muito boas
(provavelmente a melhor delas foi Jane Eyre), mas nenhuma que superasse seu
original. Há algo que se perde na passagem de uma linguagem para outra – isso
descontando eventuais mancadas do diretor – algo especial que só um livro pode
trazer. A falta de rédeas das nossas imaginações, talvez?
Pois bem: assisti ao filme Clube da Luta (resenha aqui) no início do ano e agora me aventurei
com o livro (do maravilhoso Chuck Palahniuk, de quem já li e resenhei Sobrevivente). Como adaptação, o filme é
muito bom: nenhum aspecto principal é mudado e o enredo não é “mutilado” para
se tornar mais palatável – admirável, principalmente com uma obra que traz violência como carro chefe: a classificação "somente maiores de 17 anos" (16, no Brasil) assusta e diminui a bilheteria. Contudo, mesmo que tudo (com tudo leia-se a
tudo) aquilo fosse brutalmente
familiar, o livro me pareceu mais reflexivo, profundo, com mais significados e
críticas – não sei se fui eu que mudei nesse curto período de tempo ou se a
diferença existe de fato, mas foi essa a impressão que ficou.
O nosso protagonista não tem nome, e é um homem comum, que
procura diariamente maneiras de se “completar”. Primeiro, foram as compras para
a casa: aparentemente, redecorações são uma fonte abundante de paz de espírito.
Como se aquilo não mais funcionasse – com a insônia zumbindo em seus ouvidos e
olhos em cada segundo do dia – ele começou com uma prática bastante curiosa:
freqüentar, sete dias por semana, grupos de apoio a pessoas com doenças fatais.
Mas como tudo que é bom dura pouco, Marla, outra “falsária”,
aparece, estragando todo o efeito calmante e sonífero que ouvir histórias de
pessoas a beira da morte causa em nosso personagem. Essa situação complicada,
porém, se resolve, com uma solução bastante inusitada, conveniente e mágica:
Tyler Durden.
Tyler é provavelmente um dos personagens mais interessantes
que já li: ele entende um punhado de coisas de química (incluindo como fazer
explosivos e cosméticos de banha humana), tem dois trabalhos completamente
não-relacionados (fazendo tudo que há de errado neles) e é um líder brilhante –
tudo que nosso protagonista, preso no seu emprego chato e vida metódica,
gostaria de ser. Talvez por essa parte de ser alguém “admirável” – embora de um
jeito bem não-convencional – retire de Tyler aquela aura da qual já falei (e
falarei muito ainda) de singularidade forçada, daquela impressão que estou
diante de um pré-adolescente que quer descobrir uma banda desconhecida não pela
música, e sim pela vontade de se sentir “diferente”.
Começou com uma luta – Tyler não queria morrer sem uma
cicatriz de verdade – mas aquilo era simplesmente atraente demais: é fundado então
o primeiro clube da luta, que vem rapidamente a se tornar uma rede de homens
frustrados e entediados tentando encontrar algo no qual investir sua energia. O
clube da luta não é só uma maneira de escapar: é se sentir Deus por alguns
minutos, mandar ao invés de obedecer, substituir com dor física e berros de
incentivo todos os problemas – na maior parte, imbecis e completamente
evitáveis – que se tem.
Quando o livro estourou (graças a sua adaptação
cinematográfica) a caixa de entrada de Chuck Palahniuk foi inundada de emails
de vários homens perguntando: onde eu encontro um clube da luta? Clube da Luta é um manifesto contra a noção
de “macho” (de forma bastante irônica – afinal, o tema central é algo que
canaliza isso), as regras e convenções sociais.
Falando em Chuck Palahniuk, sua escrita de novo me
anestesiou. Não há ordem cronológica no livro – é como se ele houvesse
recortado tudo, parágrafo por parágrafo, e depois montado de volta
aleatoriamente – mas nenhuma ponta fica solta, nada é deixado sem resolução. A
linguagem, o ritmo, tudo é perfeito, tudo se encaixa.
Não consigo, aliás, saber o que é melhor no autor: suas
idéias ácidas, inusitadas e críticas, seus personagens únicos ou a supracitada
forma de se escrever. É assim que você
sabe que achou um autor extremamente especial.
Nota: 5/5
Não sabia do filme nem do livro, já super me recomendaram o livro, mas não sabia do que se tratava, confesso. Achei bem interessante o livro, claro que vou dar prioridade a ele do que ao filme, mas quero ter a experiência dos dois.
ResponderExcluirBeijos ><
Já assisti o filme e gostei muito! Sou louca para ler o livro, falam tão bem desse escritor. Eu também acho essa capa muito legal :D
ResponderExcluirBel, eu não vou saber opinar muito sobre, pois não vi o filme, e nem o livro eu li. Ainda! Porém, a adaptação é minha opção mais próxima... estava até ontem mesmo procurando um download bacana. Tô muito ansiosa para conferir esse enredo, e pelo que eu tô vendo vou amar. Enfim, a única coisa que eu sei mesmo é que você arrebentou na resenha. Excelente!
ResponderExcluirUm abraço!
http://universoliterario.blogspot.com.br/
Eu escuto vários elogios a esse livro e também ao filme - é mais comum ouvir elogios do filme do que do livro, pois o filme é mais conhecido - mas ainda não li o livro e nem assisti ao filme, o que preciso fazer urgentemente!
ResponderExcluirBeijos, Milena.
Livros na Cabeça
Oie!
ResponderExcluirNão sabia que o filme tinha sido adaptado de um livro, mesmo já tendo ouvido falar muito a respeito dele (filme). Apesar do enredo parecer bem diferente e até mesmo intrigante, não sei se eu encararia a ler o livro, assistir ao filme talvez porque, no caso, seria mais fácil de acompanhar. Vou procurar assistir ao filme da próxima vez, assim quem sabe eu até possa me interessar.
Bjins
www.dicasoutravessuras.blogspot.com
Oi Isabel!
ResponderExcluirEu não me interessei em ler esse livro muito menos em ver o filme. :(
Não é nada que faça meu estilo, então mesmo que você tenha gostado muito, não vou ler esse livro ou ver o filme.
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Ai que vergonha, não conhecia o livro nem o filme! As cenas de luta devem ser bem fortes no filme, né? Achei bacana isso do personagem querer se "encontrar"... Mas não sei, não estou animada pra ler o livro ainda. Talvez isso mude, vai saber... =P
ResponderExcluirÓtima resenha! Com certeza, os livros são mil vezes melhores que as adaptações cinematográficas, hahahaha
Olá.
ResponderExcluirEu não assisti o filme, mas também não me interesso em vê-lo ou ler o livro. Mas enfim, vai que um dia, né? Enfim, boa resenha e que bom que tenha gostado tanto assim :)
Beijos, Vanessa.
This Adorable Thing
Assisti ao filme muito por acaso, pois minhas primas alugaram e sempre que eu ia na casa delas eu assistia a filmes que provavelmente eu nunca veria por conta própria e até que me surpreendi, pois gostei do filme. Agora ler o livro, isso eu já não me imagino fazer, mas me conta uma coisa: é verdade que as regras do clube do livro são diferentes das do filme? Li alguns blogueiros falando sobre isso e achei estranho.
ResponderExcluirAh, outra coisa: como assim você não tem um banner pra te linkar? hahahah
ExcluirDaqui a pouco me darei a liberdade de fazer um :p
Tive a oportunidade de ver somente o filme, mas não troco o livro pelo filme nunca!
ResponderExcluirPela resenha deve ser super show, participei de uma promoção com esse livro, mas não ganhei.
Novo post lá no blog.
Passa lá!
manuscritodecabeceira.blogspot.com
Bjs.
Oi Isabel!
ResponderExcluirNem sei o que pensar desse livro, mesmo vc tendo falado tão bem dele, acho que não o leria. Acho que pelo enredo e temática. Cosmético com banha humana,eca! O filme eu nunca vi também e não sabia que tinha o livro antes desse post.
beijos :D
Oi, Isabel :) Desde fiquei sabendo do relançamento do livro fiquei com vontade de ler.
ResponderExcluirO filme não assisti ainda, mas li muitas críticas positivas e lembro de comentários excelentes sobre o mesmo. Eu também admiro muito as atuações do Brad Pitt.
Mas, em geral, eu prefiro ler o livro antes.
Bjs ;)
Oi Isabel ^.^ Não sabia que esse livro tinha ganhado uma adaptação cinematográfica, sempre tive curiosidade por saber do que se tratava mas nunca cheguei a ler nem ao menos a sinopse, depois de ler a sua resenha fiquei animada com a leitura, parece um livro muito bem escrito em que você se envolve completamente com tudo nele! Com certeza irei lê-lo e só depois ver o filme, porque com certeza os livros são melhores do que os filmes, SEMPRE!
ResponderExcluirAgente já postou outra resenha lá, quer ler? http://falleninme.blogspot.com/ desde já obrigada!
- Mica
Realmente, livros tem uma magia especial. Como diz o nome de um blog "quem lê faz seu filme".
ResponderExcluirLi a resenha e uau! Excelente. Eu não sei se leria o livro, como já conheço a história, perco a vontade de ler.
Tou loooouca pra ler Clube da Luta! Mas na biblioteca sempre tá emprestado, hauhua. Li Snuff e fiquei apaixonada pelo Chuck. Isso que dizem que Snuff não é tão bom assim, hein? Mas o livro não me deixou dormir antes de terminar a leitura! Estava morrendo de dor de cabeça, mas não conseguia ler "só mais um capítulo" sempre terminava com grandes promessas, haha.
ResponderExcluirE quanto ao comentário no blog, acredita que eu já perguntei à Rocco o motivo dos livros serem tão caros e me responderam que NÃO SABEM? Pois é, aconteceu...
Beijos!
Sobre Café e Livros
Opa!
ResponderExcluirOlha.. eu me sinto tão out quando vejo gente elogiando (muito!) o Pallaniuk.. Acho que falta na minha percepção algo mais, e talvez se eu renovar a leitura do Clube da Luta, depois de ter lido mais resenhas, me faça acordar pra outros detalhes... mas enfim, fica minha humilde e não tão cult resenha hehe Um grande abraço.. achei vc por meio do LITERATORTURA!
http://companhiadepapel.blogspot.com.br/#!/2013/05/clube-da-luta-de-chuck-palahniuk.html
Cami