Sempre quis ler algo de Stephen King, mas me faltava
coragem. Mesmo sendo bastante cética, nem um poço de racionalidade me
convenceria (durante cerca de três segundos patéticos e longos) que o monstro da
mente de algum autor não está me espiando por detrás do cabide ou naquele
cantinho escuro. Idiota, eu sei, mas meu juízo me agradece por ter aberto mão
dos livros e filmes de terror – eles nunca me foram caros de qualquer jeito.
Isso então fazia minha vontade de ler Stephen King difícil
de se satisfazer – afinal, não era ele o mestre do gênero? Não pude conter um
sorrisinho quando vi que não era só de terror que o autor vivia: sob o
pseudônimo de Richard Bachman, King também se dedicou aos terríveis e
fascinantes mundos distópicos – o fazendo bem o bastante para constar nesta lista de 12 melhores distopias (que, ao menos pelos poucos dela que li, parece
ser bem seletiva).
O ano é 2025, e a economia dos Estados Unidos está
completamente arruinada, aumentando o já gigante abismo entre ricos e pobres.
Para completar, a poluição do ar atingiu níveis estratosféricos, a ponto de dar
câncer de pulmão em uma garotinha de cinco anos, pertencente a maioria – ou seja,
os pobres – que não pode custear um purificador de ar.
Ben Richards pertence ao segundo grupo, e entre uma vida de
pílulas de nutrientes, violência e o barulho permanente da televisão (que não
pode ser desligada), sua filhinha adoece. Desempregado e sem poder pagar sequer
uma consulta médica, Ben se volta para sua única solução: virar um
participantes nos famosos e infames Jogos, que levam seus astros (homens
desesperados por dinheiro) ao limite da humilhação – e bem freqüentemente
(afinal, as pessoas gostam de sangue, não é mesmo) da vida.
Por ser considerado problemático (gostar de ler, detestar a
TV e deixar seu trabalho – que envolvia radiação – pelo fútil desejo de ter um
filho não são atributos apreciados) Richards é escalado para o programa O
Foragido, onde o participante é caçado por um grupo de profissionais
(auxiliados por toda uma nação, que anseiam pela “honra” de denunciá-lo).
Número de sobreviventes: zero. Audiência: quase todos americanos.
Não consegui sentir empatia por Richards. Mesmo que ele
tenha passado por bastante em sua vida, sua arrogância e insinuações de racismo
são difíceis de engolir. Me impressionei, porém, ao descobrir que não
importava: o ritmo é tão acelerado que eu lia não para torcer para os “mocinhos”
ou vilões”, e sim para saber o que acontece. Nunca havia percebido isso, mas um
herói (ou anti-herói simpático) são totalmente desnecessários quando se tem uma
mensagem a passar, uma reflexão a se incitar – e, claro, uma escrita sufocante.
De certa forma, O Concorrente
lembra Jogos Vorazes: além de ter
como tema principal um programa de entretenimento que brinca com a vida humana,
o poder da mídia em “fabricar” a realidade e os limites entre o certo e o
errado também são abordados e criticados duramente – embora a crítica em O Concorrente seja mais explícita e
sofisticada.
As semelhanças, porém, param por aí. Ainda que Jogos Vorazes seja doloroso em alguns
pontos, há uma tentativa por parte da autora de tornar a leitura palatável – o que
não acontece com O concorrente.
Stephen King não nos poupa, não enfeita, floreia ou mesmo tenta alternar
passagens mais “leves” com aquelas passíveis de ânsias de vômito. O livro todo
se processa em um só ritmo – o frenético e intenso. Não é um defeito – ao menos
para mim – mas creio que tal estilo literário não caia nas graças de todo
mundo.
Stephen King, mesmo escrevendo outro gênero e com um
pseudônimo, não deixou seus hábitos para trás: ainda que sem fantasmas,
espíritos ou monstros, O Concorrente
acelerou meu coração tanto quanto um bom filme de terror.
Nota: 5/5
Inacreditável a escrita do Stephen né? De tirar o fôlego mesmo. Adorei sua resenha/opinião sobre esse livro. Eu nunca tinha ouvido falar nele :O
ResponderExcluirEspero poder ler hehehe *-*
Gosto de livros que nos tira do ar. E provoca até reações estranhas kkk É aí que está o verdadeiro prazer de ler :3
Lindo post diva, beeijão ;*
Ewerton Lenildo - @Papeldeumlivro
papeldeumlivro.blogspot.com
Oi!
ResponderExcluirNossa, se você se sente idiota por ter um pouquinho de medo por causa de um livro, imagine eu que sou medrosa demais, que quando estou lendo um livro com um pouquinho de suspense já estou cheia de medo, hahahaha. Pior é que fico remoendo esse medo por dias, deixo até a luz do quarto ligada quando vou dormir. Não tô dizendo que é loucura? hahahaha. Parece que o personagem do livro está me observando, credo, é uma sensação horrível!
É por essas e outras que eu não leio Stephen King, porque ele é o "king" (perceba meu trocadilho besta) de escrever livros com personagens que dão medo. Então quer dizer que o bonito escreveu coisas mais leves, mas com um pseudônimo para não tirar a aquela imagem dele? Hm, espertinho! HAHAHAHA.
Gostei bastante das suas impressões sobre o livro, dá pra ver realmente como é bem diferente do que ele escreve.
Bjins
www.dicasoutravessuras.blogspot.com
Eu sempre encontro livros no seu blog que eu não conheci
ResponderExcluirE que não tem nos outros blogs
Mas essa variedade é bastante interessante
Beijos
@pocketlibro
http://pocketlibro.blogspot.com.br
Oi.
ResponderExcluirPassando aqui pra dizer que eu indiquei um Meme pra você lá no blog.
http://somos-adolecentes.blogspot.com.br/2012/07/meme-seu-blog-e-divo.html
Oi Isabel!
ResponderExcluirAaah você leu Stephen King <3
Eu já li esse livro e amei! Sua resenha está perfeita! Gostei da análise que você fez de herói X anti-herói.
Você já viu o filme desse livro? Se não viu, nem assista... não tem nada a ver.
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Hey Isa!
ResponderExcluirSalvei a lista aqui, pois irei pesquisar os livros depois.
Ah preciso ler algo do tio SK.. assisto várias adaptações dele, mas ler.. ainda não peguei.
Fiquei curiosa, adoro os livros resenhados aqui! Conheço um bocado novos.. para minha listinha.
beijos
Nana - Obsession Valley
É puro mito achar que Stephen King só escreve terror. Ele escreve livros belíssimos, com pouquíssimo terror, ou muito longe disso. Recomendo-lhe a obra "Sob a Redoma" e o brilhante livro "Duma Key", ambos não tem nada de horror, nem terror, no máximo um suspense, mas as histórias são encantadoras e chocantes. Vale a pena conhecer as obras do rei Stephen. Ah, recomendo também a série "A Torre Negra", que, para mim, é a melhor série épica lançada atualmente, e acredite, o terror passa longe por aqui.
ResponderExcluirSó achei errado que ele lembra Jogos vorazes... O correto seria Jogos vorazes lembra ele...
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