Quero conhecer – e não falo no sentido turístico superficial,
embora este seja o caminho mais fácil – muitos lugares (talvez seja isso a
razão pela qual eu leia tanto: que maneira melhor de desbravar novos mundos sem
sair de debaixo do meu edredom?). Todo lugar onde eu possa encontrar algo
diferente do que tenho no meu quintal (o que pode ser, às vezes, meu próprio quintal)
– não importa se a um ou dez mil quilômetros de distância – me encanta.
Outros, porém, exercem um fascínio maior, como se sua
personificação me chamasse com uma voz atraente, me ditando uma lista de coisas
que perco a cada segundo que passo sem ir para lá.
No topo dessa seleta lista, está a China.
Infelizmente, meu fascínio por esse país é tão grande quanto
minha ignorância sobre ele – coisa que venho tentando mudar. Uma surpresa boa
é, portanto, encontrar entre os DVDs comprados por minha mãe o filme chinês Nenhum a menos – que me encantou assim como
seu país de origem.
Gao é professor de uma escola primária em um povoado isolado
na China, onde giz é luxo. Mesmo com todas as dificuldades, Gao ama sua
profissão, tentando ao máximo manter seus alunos – na maioria, filhos de
camponeses pobres – na escola e aprendendo. Quando sua mãe adoece, ele precisa viajar
por um mês – mas com quem deixar seus pupilos?
A única pessoa disposta a aceitar a dura tarefa de substituí-lo
é Wei Minzhi, uma camponesa de treze anos que cursou apenas o primário. Gao
então faz uma promessa a Wei: caso o índice de evasão fosse zero, ele lhe daria
um extra do seu próprio parco salário. Nenhum
a menos.
É claro que não é fácil: só para começar, Wei não sabe fazer
mais nada além de copiar lições e cantar uma única cantiga popular. Seus alunos
– trinta crianças de diversas idades cheias de energia – logo se cansam dessa
mesmice. Para completar, uma das garotinhas – que corre dez quilômetros por dia
– é levada até a cidade para puder treinar corrida em uma escola maior – a excelência
nos esportes é bastante importante na China desde Mao.
Acaba acontecendo a mesma coisa com Zhang – o “problemático”
da classe – só que por um motivo diferente: por ser muito pobre (seu pai morreu
jovem e sua mãe é bastante doente) ele precisa se mudar para a cidade para
procurar emprego. Decidida a entregar a escola com o máximo de alunos possível,
a garota então parte para a cidade grande – com alguma ajuda de seus estudantes
– a fim de achar Zhang.
Para aqueles que preferem filmes de ação de Holywood, Nenhum a menos é um ótimo sonífero,
seguindo o ritmo quase documental do cinema não-mainstream. Pensei que o filme
fosse se propor a discussões maiores (sobre evasão escolar, por exemplo) mas
não é isso que acontece: o enredo é bastante simples. Como filme, Nenhum a menos é o que é: uma garota de
treze anos, tentando encontrar um dos meninos de quem deveria “tomar conta” em
uma cidade gigante – todas as outras abstrações e debates ficam por conta do
espectador.
Aliás, é a simplicidade que torna o filme fantástico. Os
diálogos são somente o absolutamente necessário, sem floreios ou pretensões –
não que eu não goste desse último, mas o diferente muitas vezes é bom. Os
cenários são bem simples: o vilarejo calmo e isolado nas montanhas e a cidade,
lotada e fervilhante – dois dos milhares de contrastes dessa misteriosa e
fascinante terra chamada China.
Nenhum a menos é
um filme lindo. Destruiu todas as expectativas, e as construiu de volta com
algo bem melhor – e todo cinéfilo sabe como é bom quando isso acontece.
Nota: 5/5
Quando assisti a este filme, me emocionei muito- especialmente por ser professora e não ter a mínima coragem de fazer tudo o que a protagonista faz. E comecei a olhar com mais carinho para uma caixa de giz...
ResponderExcluirVc falou sobre conhecer a China: tá aí um dos países que MENOS gostaria de conhecer. Acho que tudo piorou depois que li o livro: " As boas mulheres da China" Mas acho que muito da minha aversão vem de preconceitos antigos. Uma vergonha da minha parte, enfim...rs
Oi Isabel!
ResponderExcluirTem um monte de filmes que eu nunca ouviria falar, se não lesse as resenhas no seu blog. Esse é um deles!
Mas eu não tenho vontade de ver não. Eu fiquei um mês na China e não curti. Fiquei trabalhando, então foi uma experiência totalmente diferente de alguém que vai para lá só para turismo. Mas eu não volto mais pra lá não!
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Nunca tinha ouvido falar desse filme, e sobre a China piorou rs.
ResponderExcluirNão curto muito esse gênero e tals.
Nova resenha - Delírio.
Passa lá!
manuscritodecabeceira.blogspot.com
Bjs.
Nunca tinha ouvido falar e nõ sei se é um filme que eu assistiria mas... Parece ser interessante, e eu lembro que uma vez baixei um filme "Ao Mestre Com Carinho" que é incrível... Eu deveria dar uma chance, rsrs
ResponderExcluirestilhaça-me é amável demais ,rsrs *-* eu ameeei!
não gostou do fim de THG? ))):
anna e o beijo francês,céus! Eu quero um Étienne pra mim até agora :3 não ligo dele ser baixinho u.u rsrs
Um beeeijo pra você,amei seu blog *o*
http://interruptedreamer.blogspot.com.br/
Bel, tenho buscado muitos filmes para baixar e assistir ultimamente, por isso, é sempre maravilhoso ler o que você tem a dizer sobre o que tem visto. Devo dizer ainda que muitas indicações eu pego aqui mesmo, em seu blog. Tenho procurado filmes diferentes... alguns mais antigos, outros considerados ‘cults’, enfim, tudo para dar uma balançada aí na minha lista de assistidos. Sei que tudo isso posso encontrar aqui...
ResponderExcluirBem, gostei bastante desse e pretendo vê-lo, sim. Não o conhecia, é verdade, mas dá para ter boas impressões sobre ele graças as suas descrições e comentários. Muito bom!
Um abraço!
http://universoliterario.blogspot.com.br
Sempre trazendo resenhas cinematográficas de filmes que não conhecemos né? HAHAHA, sua visão critica é maravilhosa Isa *-* Ótima resenha, meus parabéns! Quero ver esse filme agora :Ç
ResponderExcluirLindo post, palavras perfeitas. Sucesso SEMPRE, beeijão ;*
Ewerton Lenildo - @Papeldeumlivro
papeldeumlivro.blogspot.com
Adorei essa dica, Isabel! Mas não é um filme que eu assistiria, não é um filme que eu tenha ficado doida para ver. Mas tenho certeza que meu pai iria amar, é super o estilo dele.
ResponderExcluirJá anotei a dica para ele. :)
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Oi Isabel, confesso que nunca tinha ouvido falar deste filme, mas eu fiquei bem curiosa, o filme realmente parece ser bem simples, mas mesmo assim ou até mesmo por causa disso, parece ser muito bom. Amei a dica.
ResponderExcluirBeijos.
http://palavrasdeumlivro.blogspot.com.br/
Hey Isa
ResponderExcluirNão conhecia esse filme :(
Acho ótimo conhecer a cultura de outros países pelos filmes, ou leituras..
Um cumulo que até no filme o rapaz precisa de um outro lugar para trabalhar.. não muito diferente da situação de muitos .. onde moro está difícil.. to quase mudando HAHAHAHA
beijos e um bom domingo!
Nana - Obsession Valley
Também tenho essa vontade de conhecer outros países e talvez essa também seja a resposta para passar horas em frente ao computador pesquisando sobre vários deles, rs
ResponderExcluirA Índia e o Egito, são países que me fascinam muito! Se pudesse conhecer de perto mesmo, com certeza o faria...
Enfim, ainda não conhecia esse filme. Apesar de não ter tanta curiosidade na China, fiquei interessada em assistir para conhecer um pouco mais...
A exploração infantil é alarmante lá também, né? Fico chocada com alguns documentários que vejo. E isso de "giz ser luxo" para a nossa sociedade, é meio que impossível de acreditar... Vou procurá-lo na locadora! Ótima dica! :]
Oie Isa
ResponderExcluirNão conhecia o filme, mas gosto de filmes mais "simples" com ar de documentário.
Adorei a dica
bjos
Bel! Você ganhou uma promoção lá no Universo. Corre lá... http://tinyurl.com/d8q4jpz
ResponderExcluirUm abraço!
http://universoliterario.blogspot.com.br/
Não conhecia esse filme e adorei a história! Sou apaixonada pela Ásia, meu sonho é fazer um tour por lá. Se você quer conhecer um pouco mais da China, indico o livro A Boa Terra. É muito bom e fala bastante sobre a cultura chinesa. Só li o primeiro livro, mas sei que tem continuação.
ResponderExcluirOi Bel,
ResponderExcluirO filme é muito bom, sim. Assisti pela 1a vez a partir de uma discussão com uma professora na UFBA que teimava em me dizer que era possível ensinar algo sem saber fazer. A professora Wei faz isso quando leva os meninos a calcularem os valor necessário para ela ir à cidade grande.
Os diálogos são poucos mas são duros. Quase realistas. A fotografia é simples também. Lembraria o realismo soviético não fosse o fato de que é um estilo quase extinto.
bj,
Aruã