01 julho 2012

Insurgent


Tenho alguns problemas com séries literárias. Não que estes me impeçam de lê-las; não, não é isso, mas sei que evitar as que estão inacabadas seria bastante ajuizado da minha parte. Obviamente, há a parte da ansiedade: não posso olhar para minha estante com um apertozinho no coração por não ter disponível ou não poder comprar (graças a minha maravilhosa desorganização e compulsividade na hora de gastar a maior do que deveria parcela da minha mesada reservada para livros) várias continuações de séries que adoro.

Mas falando daquelas cuja continuação ainda não foi publicada, tenho problemas por causa do autor: ainda com séries que marcaram minha infância (tipo Harry Potter ou Desventuras em Série) eu me preocupava com a saúde dos mesmos. O que seria da minha existência se JK Rowling ou Lemony Snicket se acidentassem, não podendo amarrar as pontas soltas de suas sagas? Por mais dramático que isso possa parecer, é um medo real, que qualquer bookaholic entende: depois de passar horas e mais horas divertindo-se graças à trajetória de um personagem não saber seu fim é trágico. A única vez que meu medo de infância se concretizou não sofri muito (por só conhecer a série depois): Stieg Larsson, autor de Millenium, havia planejado-a para cinco ao invés de três livros, projeto interrompido por um ataque cardíaco fatal. É uma pena: Lisbeth Salander, sua anti-heroína, é digna de centenas de obras.

Algo também aumenta minha desconfiança quanto a séries: a qualidade. Não é raro que alguns livros depois (até mesmo no segundo) o autor perca o fôlego, a magia e a noção, enrolando seus fãs com finais meia-boca e extremamente comerciais. São poucas as exceções que posso destacar (entre elas está Jogos Vorazes) mas geralmente o melhor livro de uma saga é o primeiro.

Só que às vezes as coisas não são bem assim. Às vezes, a continuação de uma série não é melhor ou pior do que seu primeiro livro, apenas diferente. E foi isso que senti com Insurgent, livro precedido por Divergent (resenha aqui) da escritora Veronica Roth.  [Observação: a partir daqui, teremos spoilers de Divergent.]

O mundo aparentemente perfeito de Tris Prior está caindo aos pedaços: o sistema de facções, que funcionava antes como um relógio, foi desmantelado graças a ambição dos Erudite, os intelectuais da cidade. As facções então começam a se dividir, tomando lados em uma guerra que já matou quase todos os Abnegation, onde Tris nasceu e foi criada.

No meio dessa confusão, Tris tem seus próprios problemas: como lidar com ter matado um de seus amigos – e namorado de Christina, sua melhor amiga em Dauntless – em auto defesa? Como honrar a morte dos pais, que morreram para proteger a ela? E o mais importante de tudo: o que há de tão especial nela e nos outros Divergent para que eles mereçam a morte e a atenção de Jeanine, a cruel líder dos Erudite?

Isso é o que diferencia Insurgent de Divergent: enquanto o primeiro livro se preocupa em desenrolar as questões “filosóficas” inseridas no sistema de facções, o segundo foca-se em Tris e suas dificuldades durante a guerra – sem esquecer, claro, de várias cenas de ação, descritas brilhantemente pela autora. Não é muito raro YAs distópicos não parecerem de fato YAs, o que não ocorre em Insurgent: do começo ao fim vemos as dúvidas, as escolhas e as inseguranças de Tris, característica presente nos livros desse gênero. Se você gosta de protagonistas perfeitas com namorados perfeitos, nem considere ler este livro: as "pisadas na bola" de Tris e de Four são gigantescas.

Veronica Roth agora encontra-se finalizando sua trilogia, com um último livro (ainda sem nome) que provavelmente será lançado em agosto ou setembro do ano que vem. Por favor, Ms.Roth, cuide de sua saúde: o final de Insurgent foi misterioso demais para que continuemos sem respostas.

Nota: 5/5

7 comentários:

  1. Oie...
    Gostei da sua resenha bem diferente de tudo que eu já li em outros blogs.
    Harry Potter tbm foi um livro que marcou minha infância =]]]
    E concordo com vc quando disse que apos o primeiro ou o segundo o autor comesse a enrolar os leitores com finais nada emocionantes...
    Sobre Insurgent a capa é linda! e a estória parece ser boa...
    Tem resenha nova lá no blog, quer ler?
    http://falleninme.blogspot.com/ Desde já obrigada!

    -Rê

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  2. Oi, Isabel :)
    Eu li sua resenha de Divergent e lembro de ter ficado muito interessada.
    Eu tenho problema parecido com séries. Geralmente, evito comprar porque sempre fico naquela ansiedade de comprar o volume que falta.
    Além do mais, já li séries que vão perdendo o ritmo até ficar quase impossível de ler.
    Por isso, prefiro ler as séries que existem na biblioteca.
    Mas, uma em particular eu comprei: a trilogia Millenium. É simplesmente apaixonante e vale a pena ter na estante. *_____*

    Bjs ;)

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  3. Amei o começo do post, me identifiquei muito! Não li o post inteiro pois ainda não li Divergente e pretendo, então não quero ler algum spoiler! hahaah
    Eu também tenho problema com séries, não é que eu não goste delas, porque eu gosto, mas é que geralmente as editoras demoram para lançar todos os livros ou os próximos livros são pura enrolação do autor e claro, o que você falou é uma coisa que dá medo mesmo, vai que a série nunca seja terminada por algo mais trágico, tal como a morte do autor? Credo.
    Mas eu nunca resisto e sempre me vejo comprando algum livro que faz parte de uma série ou trilogia hehehehh

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  4. Sua introdução sobre série literária, olha, nota dez. É meu grande medo, esse de montar séries. Quando comecei a Série Literária Lado B, cara, eu tinha 15 anos! Não entendia o peso disso ainda! Hoje, com 19, escrevo o 4º e último livro da série e entendo que terei de reescrever a série inteira se quiser publicá-la fisicamente. A evolução, de ano a ano, foi feita a passos muito largos, que as duas primeiras obras não chegam perto. Eu, autor, mudei. Na série, se passam dois anos, enquanto em minha vida se foram 4! A diferença ressoa e magoa. Sem falar na cronologia. Que zona, eu fiz! Os erros que tive de rebolar pra acertar... infernal. Enfim: vou reescrever a série. Toda. Mudar algumas coisas, torná-la (infelizmente) um pouco mais comercial, mais YA, pra tentar publicá-la no plano físico, na dimensão do dinheiro. Mas vou ter chances de acertar tudo sem perder a essência, sem fazer com o pessoal que já leu se sinta revoltado (assim penso). Fui aprender a amarrar os tênis com doze anos. Vou apanhar muito até escrever uma série decente.

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  5. Eu já parei para pensar sobre isso, do escritor morrer antes de terminar uma série. Mas acho que nunca tive esse medo. Meu medo maior é da história ir piorando conforma vai saindo os livros. Uma série de livros que gosto bastante é Poderosa. Comecei a ler quando tinha uns treze anos e conforme fui crescendo, continuei lendo as continuações. O problema é que o escritor dela morreu de repente. Ou seja, nunca vou poder ler as próximas aventuras ):
    Sou louca para ler esse livro que você indicou. Por acaso você comprou o livro ou leu o e-book? Caso tenha lido o e-book, poderia me passar? :D

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  6. Também tenho muita ansiedade a respeito de séries, principalmente se aquele determinado volume que falta já saiu e ainda não tive din din para comprar rs. Mas acabo tendo que esperar e aguentar he he.Agora se preocupar com o autor não é o meu caso,porém tenho medo da série sair da linha e ficar ruim, sabe?
    Amei a sua dica do livro, vou ver se o leio.
    Beijus.

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  7. GIANELEAL:

    VOCÊ TRANSMITIU EM PALAVRAS TUDO AQUILO QUE ACONTECE COMIGO QUANDO COMPRO UM LIVRO DE SÉRIE. AINDA NÃO LI O SEGUNDO, POR ENQUANTO, MAS COM CERTEZA ASSIM Q CHEGAR(JÁ TÁ RESERVADO NA PRÁ-VENDA) VOU DEMORÁ-LO. SUA RESENHA ESTÁ ÓTIMA, E O CASAL É SIMPLESMENTE APAIXONANTE. AMOOOO.

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