30 setembro 2012

Cidade das cinzas




Ei você, fã de literatura para jovens, tenho uma pergunta a lhe fazer.

Procurando nas caixas mais empoeiradas nas esquinas de seu cérebro – bem lá no fundo mesmo – quantos livros únicos não contemporâneos (ou seja, que não se focam nos problemas do dia-a-dia) desse gênero você consegue achar? Quantos livros que não fazem parte de séries – sem continuação ou problemas complexos demais a se resolver?

Depois de ver uma lista no blog Amount of words, onde Giu Fernandes lista onze séries que ela ainda não terminou de ler, constatei que estou em uma situação levemente mais desesperadora: por amar distopias e ter recentemente “feito as pazes” com livros do gênero fantástico, mais de 60% das minhas leituras no ano de 2012 foram partes de séries.

Talvez as editoras pressionem demais. Talvez um número elevado de páginas assustasse os leitores mais jovens. Talvez sejam os próprios autores que tenham preguicinha de desenvolver a história inteira em um só volume. Não sei – as razões são infinitas.

Mas daí a não poder comprar um livro sequer sem arriscar minhas unhas na ansiedade pela continuação (não rôo as unhas, mas vocês entenderam a metáfora) é bem diferente.



Não posso dizer que farei greve; que não começarei séries novas – me conheço e sei que me segurar quanto a determinados livros é impossível. Estava tentando me limitar a trilogias, mas consegui uma troca muito boa no skoob e me vi com a série Os instrumentos mortais (que já está no quinto livro) para ler.

Embora ainda prefira a prequel, As peças infernais (escrita anteriormente por uma Cassandra Clare mais madura e treinada, tendo a Inglaterra vitoriana como pano de fundo) o primeiro livro da série, Cidade dos Ossos, me agradou bastante. A leitura de Cidade das Cinzas, o segundo volume, apesar de não ter sido seguida, não pôde ser postergada por muito tempo (a partir daqui, a resenha conterá spoilers de Cidade dos Ossos - a resenha dele está aqui).

Ah, se voltar no tempo fosse possível... Clary só queria que sua mãe não estivesse em um coma mágico, não queria ver todo o tipo de criatura mágica na rua, não queria que Jace fosse seu irmão e não queria estar se afastando cada vez mais e mais de Simon, seu melhor-amigo-para-sempre – enfim, ela não queria nunca ter descoberto ser uma Caçadora das sombras, vivendo para sempre na mais feliz e cor-de-rosa felicidade mundana, cheia de probleminhas ordinários.

Mas não tem jeito – tudo que a garota pode fazer é ajudar seus novos amigos, Isabelle e Alec, e seu irmão, Jace, a encontrar seu pai biológico – o maligno Valentine, responsável pelo coma de sua mãe e pelo caos no mundo mágico – que, caso não contido, transformar-se-á em guerra.

Todas essas experiências fizeram Clary crescer bastante, e o que eu disse sobre ela na minha resenha de Cidade dos Ossos não se aplica aqui: mais madura, ela passa de “tanto faz” para “levemente legal”. Criar uma mocinha kickass como Saba, por exemplo, é uma arte complicadissima – mas continue tentando, Clary, você está no caminho certo.

Jace também: algumas revelações a mais sobre seu passado o tornaram mais interessante e complexo. Juntos, porém, os dois não funcionam: a descoberta de serem do mesmo sangue deveria funcionar como um repelente, mas o romance entre os dois só faz se fortalecer – não graças aos dois, que resistem como podem, mas ah, as circunstâncias... É tão e tão constrangedor! Raramente sinto vergonha alheia lendo um livro, mas Cidade das cinzas despertou isso. Espero que, em algum livro futuro, Cassandra Clare diga que um dos dois foi trocado na maternidade ou que ambos se acostumem com a ideia de serem irmãos; seria a única alternativa cabível.

A evolução da autora em todos os termos é bastante perceptível. Antes eu acreditava que somente os primeiros volumes de séries prestavam; agora estou com uma quedinha pelos segundos – só o tempo dirá qual das duas teorias está correta. E, bom, se o mercado de livros continuar assim, tão cheio de séries, terei muitas oportunidades de testar.


12 comentários:

  1. Você falou sobre o Gustavo Ioschpe no meu blog e quando eu li um dos textos em que ele reclama que no segundo grau só se dá literatura brasileira e que ele se deu mal qdo foi para Havard pois não tinha lido nada da literatura mundial, lembre-me de vc, que lê muito mais que qualquer professor indica, e que, acredito, se precisar saber outras literaturas além do Brasil, vai detonar. Autonomia é isto.
    Isabel, vc é um milagre!

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  2. Eu mesmo fico me prendendo a só ler séries quando elas estão ou completas (como por exemplo, li os sete de narnia nesse mês) que leio logo tudo de uma vez ou quando tenho tempo (o que não to tendo ultimamente).. mas comecei bastantes séries esse ano, espero ler suas devidas continuações ano que vem.
    Adorei a resenha, volto a repetir, estou louquissimo pra ler os livros da Cassandra *---* ja ouvi falar que o terceiro livro é muito muito bom. Espero lê-lo em breve
    Que bom que gostou da minha nova fase: Lisztomania <3
    até.. beijos

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  3. Gostei bastante de Cidade das Cinzas e não tenho problemas com séries, ainda que odeie a espera. Só me incomodo com séries muito longas. O ideal, pra mim, é trilogia.

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  4. Também fico tentando me limitar a não pegar séries para ler, mas parece impossível hoje em dia, é difícil encontrar um livro que não venham com continuação hahha Mas, não li nenhum livro ainda dessa série de: Instrumentos Mortais, apesar de ser bem comentada por aí, espero ler um dia, pois todo mundo fala muito bem dela. Parabéns pela resenha!
    Dá uma passadinha lá no blog? Tem post novo.
    Beijos,
    http://comaliterario.blogspot.com.br

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  5. Eu tenho problemas com séries, tenho algumas aqui que não terminei ainda e fico angustiada com isso :/ Tô fugindo de ler séries, ainda mais grandes, fora os primeiros livros de trilogia que recebi de parcerias, não tô lendo novas séries e não acho tão bom assim essa onda de livros que se tornam séries sendo que podiam se resumir a uma trilogia ou a um livro só --' As séries da Cassandra me interessam e MUITO, mas é mais uma na lista de espera.

    Beijos
    Meu outro lado

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  6. ;-; to maluca já pra ler esse livro, li o primeiro logo que saiu e depois não continuei

    http://himi-tsu.blogspot.com.br

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  7. Estou acompanhando algumas sagas e já de olho em outras séries literárias. São poucos livros "volume único" que me interessa. Quase todos que me interessam fazem parte de trilogia, quadrilogia etc.

    Cidade das Cinzas é estilo quebra coração. A situação entre Clary e Jace é triste, tensa e me faz pensar que Cassie é má, mas eu adoro ela. Gosto do jeito que ela escreve, dos personagens e do mundo dos caçadores de sombras.
    Excelente resenha.

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  8. Procurei bem lá no fundo e não achei nenhuma :x a grande maioria dos livros que li esse ano são series e ainda não terminei quase nenhuma, umas ainda não foi lançadas aqui, outras ainda estão sendo escritas e por ai vai ...
    Eu já li cidade de cinza e também acho que a Clary amadureceu em relação a Cidade dos Ossos e como já li Cidade de Vidro não vou falar muito para não soltar spoiler, porque para você ter uma ideia estou me segurando para não falar nada haha
    Como eu gosto do gênero fantasia, sou meio suspeita para falar qualquer coisa, eu gosto bastante dessa serie *-*

    Beijos Bruna.
    Doce Timidez

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  9. Senhor me mantenha longe das Sagas!
    amei o primeiro livro, mas não tive coragem nesse :(
    acabei trocando.
    adorei o post.
    bjs
    www.amodernpinup.com

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  10. Eu adoro séries e distopia também ... hehe ... eu sou louca por 'Os Instrumentos Imortais', mas ando tão acumulada ultimamente que não posso comprar enquanto eu não terminar alguns livros da minha estante. Isa você escreve muito bem, eu adoro esse seu jeito!!

    xoxo
    http://amigadaleitora.blogspot.com.br

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  11. Ahhhhhhh preciso ler esse livro. Tenho os dois volumes aqui em casa, mas quero reler Cidade dos Ossos antes de dar continuidade. Eu gosto dessa série, não é incrível, mas é bastante agradável.

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  12. E a cada livro vai ficando muito melhor... Vai por mim. Estou lendo o quinto, City of lost souls ((: Sou apaixonada por essa série, ah, e pela prequel The Infernal Devices também! Tanto que nem me aguentei e li Clockwork Prince em inglês e no celular. Era caso de vida ou morte! rs
    A Cassandra está no meu TOP 5 best authors. EVER.

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