06 novembro 2012

A rainha do castelo de ar




Tenho protelado a leitura de A rainha do castelo de ar por um motivo bem simples: eu não quero que a série Millenium, uma das minhas preferidas, acabe - ao menos não para mim como leitora, já que, tecnicamente, não há como haver uma continuação.

Comecei a ler as aventuras de Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander em 2011, por influência da mídia: muito se falava da adaptação americana para os cinemas, estrelada por Daniel Craig (falei dessa versão de Os homens que não amavam as mulheres aqui e da filmada por suecos aqui). Além disso, pipocavam notícias sobre a morte do autor, Stieg Larsson, ocorrida nas escadas do prédio onde ele morava – sessenta cigarros e litros de café por dia durante anos cobraram seu preço.

Embora essa não seja a impressão que fique (toques do editor, talvez?) Millenium estava programada para ter cinco, e não três livros. Aos leitores, só resta imaginar o que Stieg Larsson planejava e aproveitar o máximo possível os livros existentes. [A partir daqui, contém spoilers do segundo livro, A menina que brincava com fogo.]



No início de A rainha do castelo de ar, Lisbeth Salander (uma das personagens mais admiráveis e tenazes com quem já me deparei) encontra-se no hospital, recuperando-se de ter levado uma bala no ombro e outra na cabeça. No quarto ao lado, seu pai e algoz, Zalachenko, envolvido em uma das maiores conspirações da história da Suécia, recupera-se da segunda tentativa de assasinato por parte de uma de suas filhas. Do lado de fora, a imprensa, ansiosa para uma foto da que foi dita ser uma “assassina lésbica satânica psicopata” nas últimas semanas.

Mesmo com sua atitude anti-social, Lisbeth, para sua própria sorte, tem amigos: o jornalista Mikael Blomkwist, o diretor da Milton Security, Dragan Armanjisk e seu ex-tutor Holger Palmgrem. Todos eles se empenham para provar a inocência da hacker nos assassinatos dos quais ela foi acusada, esclarecendo os abusos judiciários, médicos e sexuais do qual ela foi vítima.

No início, a leitura me deu um pouco de preguiça. Eram muitos nomes e fatos envolvidos na investigação dos assassinatos supostamente feitos por Lisbeth Salander, e mais ainda dos conspiradores que ajudavam a esconder seu pai – eu não lembrava de muita coisa daquilo, e o fato de serem nomes suecos não ajudava muito. Com o tempo a leitura fluiu melhor, mas se os futuros leitores de Millenium me permitem lhes dar um conselho, não dêem uma pausa tão grande quanto a minha entre o segundo e o terceiro volume.

Falando em fluidez, a escrita de Larsson é a de sempre, jornalística, limpa e bem-feita. Por alguma razão, detalhes que não me incomodavam antes passaram a fazê-lo, como, principalmente, a mania de descrever perfeitamente o curso de ação dos personagens que Stieg Larsson tem. Sei que isso é um hábito em geral daqueles que escrevem literatura policial, mas eu não vejo lá muita utilidade de saber o que Mikael comeu no almoço.

A série é, como um todo, feminista, mas isso fica bem mais claro nesse terceiro livro. Choco-me com o machismo todos os dias, mas saber que a Suécia (que está num patamar de igualdade de gênero que o Brasil ainda demorará a alcançar) também enfrenta barreiras tão primitivas na hora de garantir os direitos femininos me deixa meio desesperançosa. Nesse livro, outras três personagens sofrem com o machismo: Erika Berger, que não é levada a sério no seu novo emprego; Susanne Linden, ex-policial que não agüentava mais lidar com casos de mulheres agredidas que perdoavam seus maridos e Rosa Figueirola, agente da polícia secreta descriminada por ser bodybuilder.

Os erros existem, e Os homens que não amavam as mulheres ainda é meu favorito da série. Mas mesmo que não tenha sido isso o planejado, A rainha do castelo de ar foi uma ótima maneira de fechar com chave de ouro a série Millenium.




18 comentários:

  1. Hey, Isa!
    Parabéns pela resenha!
    Faz tempos que eu quero ler esta trilogia, sério. Mas não tenho dinheiro e estou fazendo uma promessa para não comprar livro, então...
    Desde que houve o lançamento dos livros fiquei bastante ansiosa por eles, além de capas muito bonitas a sinopse me atraiu bastante e não desistirei tão cedo de ter esses livros na minha estante!

    Beijos :*
    Natalia.

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  2. Olá!
    Gostei bastante da sua resenha! Se tem uma trilogia que quero urgentemente começar a ler, essa é Millenium. Até agora ainda não terminei minha lista de livros - e apesar da minha relutância, metade deles é YA - de modo que queria algo um pouco mais adulto pra dissolver o açúcar. Romances policiais parecem nunca sair de moda nesse meio cheio de modinhas adolescentes e com certeza vou comprar quando tiver tempo (graças a Deus a saraiva da minha cidade tem os três DVDs da versão sueca, que com certeza comprarei também).

    Beijos!
    http://labsandtags.blogspot.com.br/

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  3. Tenho bastante vontade de ler esta trilogia, ela parece muito interessante!
    E como eu acho o máximo vc escrevendo estas resenhas por pura diversão e hobby! Estou louca pra ler a sua resenha sincera dos contos de Tchecov, pelo menos o " Angústia" ( que faz parte dos 100 melhores contos do mundo, segundo especialistas) e " Brincadeira"
    E parabéns pelo crescimento do blog!

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  4. Eu já ouvi falar MUITO nessa série
    nunca vi o filme, mas me interessa muito, quem sabe um dia,
    então, fiquei meio perdido, porque esse é o terceiro e nem vi as resenhas dos outros, mas como faz tempo que não olho aqui no blog, vou ali comentar na resenha de o herói perdido.. Beijos

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  5. Gostei bastante da sua resenha, e também já ouvi falar bastante dessa série, apesar de nunca ter lido nenhum livro e nem visto o filme, parece ser bastante complexa, além de interessante, por tratar de temas como o preconceito que muitas mulheres sofrem na nossa sociedade.

    Thoughts-little-princess.blogspot.com

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  6. Eu me jogo em coisas feministas sempre. É algo que eu aprecio pessoalmente, talvez por me sentir identificada, talvez por estar simplesmente estafada das mocinhas estilo Disney... Odeio Mary Sues.
    Eu comecei a ler o primeiro livro (tô bloqueada ultimamente) e já vi as duas versões do filme, e sinceramente gostei muito. Lisbeth é uma guerreira, que faz por merecer e luta contra as injustiças, o que eu admiro muito.
    Beijos.

    http://quemprecisaviver.blogspot.com.br/

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  7. Cara ameeeei o titulo daqui, adoro Pulp Fiction

    http://mustachesandcats.blogspot.com.br

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  8. Bel, taí uma trilogia que quero muito ter a oportunidade de ler um dia. Acho interessantíssimo o desenrolar no enredo e as personalidades marcantes que ele possui. Espero ter a chance de conferir tudo nos mínimos detalhes em breve... só os filmes não são o bastante.

    Um abraço!
    http://universoliterario.blogspot.com.br

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  9. Lendo a sua resenha, criei curiosidade pela série, que antes eu não tinha a mínima vontade de ler, mas agora estou realmente considerando comprar o primeiro volume e dar uma chance para me apaixonar assim como você.

    Muito boa suas resenhas, são sempre muito mais que uma simples resenha.

    Beijos. Tudo Tem Refrão

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  10. Já tinha ouvido falar desses livros, mas nunca me interessei muito em ler, sua resenha me fez ficar com vontade de ler, assim que tiver uma oportunidade compro *-*
    Beijos!

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  11. Oie Isabel!

    Eu já vi esses livros várias vezes, mas eles nunca me chamaram muito a atenção.

    Só que percebi através da sua resenha que ele é bem diferente do que eu estava imaginando, e agora fiquei um pouco curiosa.

    Adorei!

    bjus;****

    anereis.
    mydearlibrary | bookreviews • music • culture
    @mydearlibrary

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  12. Eu comecei a ler o primeiro livro da trilogia e cheguei na metade, mas não consegui terminar ainda, eu sinceramente não sei o porque, sendo que eu adorei a história. Mas enfim, tenho fé que vou consegui terminar HAHAHA saudades daki ;)

    Beijos,
    Marinah | Blog Marinah Gattuso e @blogmarinah_g

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  13. Hey Isa!
    Ah ainda vou começar essa série... quando tiver meu querido emprego, comprarei logo o box HAHAHAHA

    Eu assisti a versão americana [meu sogro lindo e sueco está no filme HAHAHA] e adorei, a Lisbeth é uma personagem maravilhosa, tive essa opinião assistindo o filme e creio que nos livros ela seja tudo que falam e um pouco mais.

    Nomes suecos são doidos né? Acho que vou finalizar meu curso de sueco no livemocha antes de começar a ler essa série HAHAHAHA

    Tenha um ótimo fim de semana
    Nana - Obsession Valley

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  14. Não li nenhum da série ainda, mas quero muito já que é tanto elogiada!

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  15. Oi Isabel!
    Eu não li nenhum livro da série, mas também não tenho muita vontade... Talvez assista o filme.
    Achei legal essa parte feminista que você falou. Pior que quando ouço falar dos países árabes, acho que o Brasil está bem...

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  16. "Os homens que não amavam as mulheres" é um filme tive curiosidade de assistir desde o dia que vi o trailer no cinema. Mas assim como todos os filmes e livros que prometi ler o ano passado, ele cedeu lugar as apostilas e exercícios de física )': . Mas nessas férias vou por tudo de literário e cinematográfico que venho adiando em dia, ah se vou!

    Beijos ;*

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  17. Sou apaixonada por séries, acho que ler a sua resenha do último livro foi um erro rsrs, amei sua escrita, o problema é que devo pego pelo menos um pouquinho de spoiler,não? rs
    Sério, sua resenha ficou ótima, lá vou eu procurar no buscapé.
    Bjokas!

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  18. Eu sempre fui curioso por essa série. Agora após sua resenha é impossivel não querer ler.

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