16 janeiro 2015

Stalker (série)


A invasão da privacidade alheia é um tema muito difícil de ser discutido em tempos de internet. Ninguém gosta de ter sua vida fuçada por outra pessoa, mas ao mesmo tempo, expomos tudo que há de possível nas nossas redes sociais. O termo stalker, então se popularizou não como um louco perseguidor que segue cada passo de seu objeto de atenção, mas sim como um homem ou mulher normal que destrincha os perfis online de determinada pessoa e até mesmo – Deus nos salve disso – joga o nome dela no Google (técnica conhecida pelos resultados infames que traz).

Em Stalker, como há de se esperar, falamos do primeiro caso.

Me fascina o jeito como as investigações criminais parecem caminhar na terra do tio Sam. Não falo pela organização nem nada do tipo, mas se há sequer uma gota de verdade (e minhas pesquisas me mostram que está mais para três ou quatro) em CSI ou Criminal Minds, os EUA parecem ser o lar de um número assombroso de psicopatas, sociopatas e portadores de doenças mentais em geral. Não que não tenhamos nossos maníacos do parque ou Champinhas, mas a escala não me parece proporcional, principalmente se levamos em conta não só os serial killers e assassinos violentos, mas também os massacres em escolas e universidades.


No universo de Stalker, o número de perseguidores em Los Angeles (aumentado graças a concentração de celebridades na área) levou a polícia a criar um departamento especializado no assunto, o TAU. Beth Davis, ex-vítima de um stalker, é chefe do grupo, que conta com um novo detetive, Jack.

Torci um pouquinho meu nariz frente à aparição de Jack – já não temos homens com passados obscuros e gostos duvidosos demais como protagonistas? Eu estava errada, porém: ele divide muito bem a cena com Beth, e, em episódios posteriores, com os outros dois detetives do departamento, Janice e Ben. Recém chegado de Nova York, Jack esconde alguns segredos – por que, por exemplo, ele deixou seu posto como bem sucedido investigador de homicídios na Big Apple para ir trabalhar lá?

Enquanto mostra as histórias pessoais de Beth e Jack, Stalker também segue a estrutura clássica de uma série do gênero: cada episódio, um caso. Entro constantemente em discussões em grupos feministas sobre a necessidade da representação da realidade feminina na ficção – algumas meninas, por exemplo,acham a excessiva violência contra a mulher em Game of Thrones desnecessária, do que discordo inteiramente. A função da ficção é, de forma secundária, espelhar a realidade, mas principalmente criar empatia. É por isso que só a literatura e o cinema poderão salvar o mundo – por que criam empatia, essa coisinha poderosa e tão necessária para o convívio humano e para a paz.

Stalker, portanto, foi chamada de misógina por retratar, na maioria de seus episódios, crimes contra mulheres – mas por que a série deveria se retrair disso se, na vida real, a maior parte das vítimas de stalkers são mulheres? Mais do que isso, eu diria: Stalker se apresenta, em muitos momentos, feminista, mostrando um companherismo e força entre as mulheres que passam pela série que é mais necessário na televisão.

A série, porém, apresenta alguns pontos fracos. Comecemos pelo óbvio: se você é do tipo medroso, que olha por cima do ombro de cinco em cinco segundos enquanto andando à noite, não assista Stalker. A trama é muito bem construída e verossímil, não sendo ideal para essas pessoas.

Falando agora da qualidade da série em si, faltou um pouquinho mais de cuidado dos produtores na construção da história de Jack. Muitas vezes clichê, ele poderia ter sido melhor aproveitado e desenvolvido. A atuação de seu interprete, Dylan McDermott, não ajuda muito: embora boa em alguns episódios, ela é cheia de falhas para cenas mais emocionais, o que também ocorre em interações com os colegas, Janice e Ben.

Até o momento em que escrevo esta resenha, Stalker não teve sua segunda temporada confirmada. Meus dedos estão cruzados: junto com CSI e Law and Order, esta pode se tornar uma longa e aclamada série policial.


4 comentários:

  1. Haha postei sobre essa série ontem mesmo! Eu aaamo essa série, e aliás hoje saiu episódio novo :v os atores interpretam maravilhosamente bem, principalmente a Maggie Q, adorei ela!
    Achei que o ator do Jack falhou um pouco naquela parte em que ele conversa com o filho, sabe, no sofá, jogando videogame? Mas sei lá... As vezes as pessoas mesmo não demonstram totalmente os sentimentos, então..

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br
    Tem post novo sobre séries no blog, vem ver!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nossa, eu achei aquela parte super mal feita! Acho que dificilmente alguém que tá conversando com o filho depois de anos teria uma reação assim...

      Excluir
  2. Oi, Isabel! Tudo bem? Ainda não conhecia "Stalker", mas curti bastante a premissa da série e fiquei com vontade de vê-la! Obrigado pela dica! :)

    PS:Qual o nome dessa atriz que aparece em duas fotos ao lado do personagem que parece ser o principal da série? Acho que conheço ela, mas não estou conseguindo lembrar o nome dela! rs

    Abraço

    http://tonylucasblog.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir