Essa coisa de ficção que fala de gente rica demais me irrita
um pouquinho. É algo tão fora da realidade que as vezes é preferível ler um
livro de fantasia bem viajado, como As
crônicas de Nárnia, a algo cujo protagonistas, contrariando a tendência de
quase todos os mortais, não precisam perder seu sono graças ao vil metal.
Esse foi o único defeito que encontrei em Selvagens, porque, de resto, o livro é
basicamente impecável. Chon, Ben e Ophelia (doravante chamada de O. – ela detesta
o fato de ser xará de uma personagem que se matou afogada) são amigos de vinte e
poucos anos curtindo a vida no sul da Califórnia. Chon é ex-fuzileiro naval e
uma máquina de matar; Ben é formado em botânica e administração por Berkeley e
tem mais projetos sociais que Angelina Jolie e O., bem, ela é muito boa em fazer
compras.
Além da grana de família, Ben e Chon sobrevivem com um
negócio bem pouco ortodoxo entreos bem-nascidos: venda de maconha. Graças ao
maravilhoso “paladar” de ambos e a habilidade de Ben com as plantas, a
combinação das espécies sativa e indica de Ben&Chonny’s faz um sucesso
estrondoso entre a nata dos mauricinhos, artistas e festeiros do sul da
Califórnia.
A vida é linda até o Cartel de Baja entrar na jogada: os
poderosos traficantes, que já controlam boa parte do México, querem expandir
seus negócios para El Norte – e é bem mais fácil comprar o negócio de Ben e
Chon do que montar um do nada.
Com seu estilo de escrita, Selvagens me lembrou muito um
filme holywoodiano (dos bons): avassalador e sufocante. Os períodos são curtos
e a ironia cavalar, explorando de forma profunda a relação conturbada dos
americanos com seus vizinhos do sul.
Fiquei pensando por algum tempo se O. seguiria o estereótipo
da Manic Pixie Dream Girl – sabe, aquele ser descerebrado, sem trajetória ou
personalidade próprias, cuja única função na história é mostrar ao personagem
masculino como a vida é legal e divertida.
E durante algum tempo ela foi sim, mas lá pelo meio da
história – ergam as mãos ao céu – esse erro do escritor é corrigido, e sabemos
mais sobre O. Sim, ela não deixa de ser meio que uma patricinha inútil – mas é
uma patricinha inútil com uma vida e razões para ser assim. Considerando o quão
preconceituosa a produção cultural mainstream é, só isso já é um alívio – Don Winslow
ficou a um milímetro de estragar o livro inteiro graças a um tropozinho.
Não assisti a adaptação cinematográfica ainda (a capa acima
é igual ao pôster de divulgação do cinema) mas pelos trailers, promete. Alguns
livros, a primeira lida, soam inadaptáveis, mas Selvagens foi o contrário: é como se ele estivesse gritando para
ganhar as telas.
E eis o resultado do sorteio do exemplar de Feita de fumaça e osso:
Parabéns Cinthia! Você tem 48 h para responder minha mensagem via Facebook. O envio do exemplar será feito diretamente pela editora.
Concordo plenamente com o seu primeiro parágrafo... Ok, no começo eu não entendi direito fiquei meio: qual o problema com os ricos?
ResponderExcluirMas a questão é que são super ricos, vida fácil, dinheiro fácil, fazem o que querem... Beeem surreal, pelo menos se formos comparar à vida de mais de 2/3 da população mundial. Confesso que esse tipo de livro/filme me irrita um pouco, sempre me parecem dispensáveis com tramas fúteis que não acrescentarão nada na vida de ninguém.
Não sei bem se o livro traz alguma mensagem além de uma vida de luxo e venda de maconha, espero que sim. Caso não traga, espero que o autor compense isso com a escrita leve e sarcástica.
Se ainda assim isso não acontecer então rezo para que compense com cenas divertidas.
\o/ graças a Deus que a patricinha tem seus motivos pra ser... é... tipo alguns manequins de loja: sem cabeça.
Ótima resenha, aliás, todas as que você escreve são assim! Sou completamente apaixonada pelo seu vocabulário.
Dá uma passadinha lá no blog?
Beijos.
Caroline.
http://comaliterario.blogspot.com.br
Comentei agorinha sobre minha ansiedade pro filme, que foi como conheci o livro. Parece ser, tipo assim, incrível.
ResponderExcluir@enriquecoimbra da Terra do Nunca.
www.discipulosdepeterpan.com.br
Ei Isabel, este não é um livro que chama muito minha atenção, principalmente pelas características que você cita no primeiro parágrafo. Uma coisa irreal até tudo bem, mas uma coisa irreal que querem colocar como real é bem diferente.
ResponderExcluirO livro parece ser mesmo cheio de reviravoltas e ironia, dá para reparar nisso só pelo tom da resenha. Eu gosto de histórias assim, e isso me anima um pouco para a leitura.
Beijos
Só li a crítica do filme- do livro, não sabia nada. Mais u item pra minha lista do " futuro"....rs
ResponderExcluirBj
oie Isa
ResponderExcluirtmb senti as mesmas sensações durante a leitura. Eu gostei especialmente da forma eloquente com a qual ele apresenta cada personagem,sem confundir a mente do leitor entre tantos.
Não assisti a adaptação,mas pelo trailler senti que mudaram muito a história do livro, então é certo que eu irei preferir o livro.
bjs
Oi Isa!
ResponderExcluirNão sei se esse é o tipo de livro que eu leria, mas ele parece ser ótimo com todos esses personagens cativantes. Talvez entre para a minha wish list :)
Beijos!
http://thebooksthief.blogspot.com/
Olá,
ResponderExcluirEsse é um livro que me despertou curiosidade com o lançamento do filme. Toda a premissa do livro me chama atenção.
Concordo totalmente com seu primeiro parágrafo. E preciso ler esse livro urgentemente.
Confesso, gosto de livros fúteis. Gossip Girl, It Girl, Blue Bloods, Vamps, entre outros. Não fazia ideia da história desse livro. Tombei com eles esses dias, fiquei curiosa, mas não tanto a ponto de procurar sobre. Parece interessante a história e bem diferente de tudo que li.
ResponderExcluirAhhh não ganhei o livro ):
Oi Isabel!
ResponderExcluirAchei a estória bem interessante, parecia realmente que você estava resenhando um filme. E eu adorei essa capa... mas eu pensava que era só um filme mesmo, não sabia que tinha livro.
Beijos,
Marcelle
bestherapy.blogspot.com
Adorei a resenha
ResponderExcluiro livro parece mesmo um filme, pela forma que vc falou dá pra perceber ^^
não faz muito o tipo de livro que me interessaria, maaaaaaass, quem sabe
Beijos
Vi um breve comentário sobre Selvagens na Capricho deste mês (pois é), mas este estava tão resumido que nem chamou muito minha atenção, e eu o pré-julguei o filme como mais uma super produção com muita aventura, sedução, ação e um conteúdo um tanto quanto superficial. Não que eu não goste desses romances superficiais da high society... Poxa, mal posso esperar por tempo o suficiente para botar Gossip Girl em dia! Contudo, um quê mais dramático e psicológico pode deixar qualquer personagem, e filme, mais interessantes. Falando em ficção do gênero, tomo a liberdade de te indicar Bubble Gum. Me impressionei demais com a narrativa da autora, o roteiro e o quê psicológico melodramático desse livro, e acho que você também pode se encantar. Acho.
ResponderExcluirBeijos, boa semana!
Bah, o livro pede mesmo uma adaptação, não me incomodo com personagens ricos, às vezes sim, mas isso não é geral. Enfim, achei o livro no geral bom, muito bom.
ResponderExcluirBeijos ><
Olá!
ResponderExcluirAdorei a sua resenha, mas eu ainda não me sinto atraída pelo livro, não é muito o tipo de leitura que chama a minha atenção.
Essa foi a primeira resenha que li desse livro, talvez eu dê uma chance ao livro em breve.
Beijos;
Leticia - ObsessionValley
Isabel, eu adorei o "Selvagens" muito bem escrito, rápido e rasteiro, como dizem, com personagens mais do que interessantes, enfim, super recomendo.
ResponderExcluirVim conhecer o blog e fiquei muito feliz com o que encontrei, muito obrigado por participar da leitura de Anna Akhmátova.
Grande abraço.
Olá, vi meu nome de que eu ganhei, não recebi nenhuma mensagem no facebook.
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