Pais e professores devem passar por um mau bocado. Não falo
só sobre a responsabilidade geral de ambas as categorias de educar, mas também
de perceber alguns sinais – difíceis de se detectar quando se trata de um
adolescente. Como saber quem só está passando por uma fase difícil ou quem é uma
futura Amanda Todd? As fotos de pulsos cortados no Tumblr são frescura ou um
grito de socorro? É bullying ou brincadeiras entre amigos? A diferença pode
parecer gritante, mas a supracitada garota (menina canadense de 15 anos que se
suicidou graças ao que sofria na escola – com o detalhe que ela havia postado
um vídeo-ajuda algum tempo antes, zoado pela maioria e só levado a sério por
alguns) é uma das muitas que prova que não.
Bom, The art of
getting by me fez refletir sobre isso e mais algumas coisinhas. Começando
porque durante todo seu último ano de escola, George, o protagonista, não fez
um dever de casa sequer.
Não é por falta de capacidade – na verdade, ele é bastante
inteligente e um artista brilhante – mas sim por um fatalismo que atinge todo adolescente
em algum ponto: qual a razão de fórmulas trigonométricas e fatos históricos se
todos vamos morrer sozinhos, infelizes e sem atingirmos nossos sonhos e metas?
Deficit de atenção, depressão e todos os distúrbios possíveis já foram
investigados e descartados por vários psicólogos e psiquiatras; George tem,
provavelmente, uma má combinação de hormônios adolescentes com personalidade
sensível.
Embora soe meio repetitivo demais, George me convence – provavelmente
pela qualidade do ator. O resultado é que ele corre grande risco de não se
formar – e, considerando o quanto ele não gosta da escola, um ano a mais não é
exatamente uma situação agradável.
Em meio a isso tudo ele conhece Sally – a primeira amiga do
garoto misantropo em anos – que o faz perceber que há razão nas coisas – bom,
pelo menos há razão nela. Dustin também entra em sua vida: ex aluno da escola
de George artista em ascensão, começa a funcionar não só como um amigo, mas
também como um mentor para o garoto-desenhista.
The art of getting by
tem mais ou menos uma hora e vinte, e na primeira meia hora, acreditei estar
diante de algo tão bonito e sensível como As vantagens de ser invisível. Infelizmente, errei feio: no seu início, o
filme caminha sim nessa direção, coisa estragada em prol de fazer um típico
teenage movie americano.
Não falo especificamente pelo fato de George se apaixonar
por Sally – é esperado, mas não um erro fatal – e sim pela falta de
personalidade dessa mocinha. No início, somos introduzidos a sua mãe meio
amalucada e baladeira que troca de namorado como troca de roupa, e acreditei
que fosse surgir algo disso. Mas não, Sally é somente mais uma Bella Swan, sem
sal nem habilidades, sem passado e capacidade de fazer escolhas decentes para o
futuro.
A crise existencial de George se perde em meio ao seu
romance, terminando com o que chamam de Deus ex machina, ou seja, uma solução
milagrosa. Uma pena: George é um protagonista tão bom e sensível que já tive
que voltar algumas vezes na escrita dessa resenha – sempre o chamo de Charlie,
um dos personagens mais legais e bem-feito com o qual me deparei nessa vida de
leitora e espectadora .
Esse filme teve uma tradução do seu título em português (A arte da conquista) e me recuso em chamá-lo assim graças ao seu
magnífico começo – mas, se fosse pela metade final, ele bem que poderia se
chamar Reunião master de clichês
americanos e arquétipos sobrecarregados 5.
Eu realmente fiquei comparando esse filme com As Vantagens de Ser Invisível. Ainda não assisti esse segundo, mas posso dizer que realmente não se parecem!! Eu ameeeei The Art of Getting By, típico filme que mexe contigo!!! Adorei o review *-*
ResponderExcluirBeijos
http://spaceindaze.blogspot.com
O protagonista estava parecendo meio genérico, mas um tipo de genérico do qual eu gosto. E a história pareceu interessante no começo do seu post. Pelo jeito, ela desandou e se tornou justamente o tipo de história que eu sempre imaginei que esse filme fosse contar (acho que é esse pôster). Mas também não me incomodo muito com clichês... Talvez um dia, quando estiver passando na TV.
ResponderExcluir(Ah, e vamos falar sobre o Freddie Highmore crescido e interpretando um ~senior do ensino médio~, MEU DEUS, tempo pare de voar)
Isabel, acho muito preocupante estas postagens do Tumblr, por, se não forem um grito de socorro, é de um exibicionismo doentio, o que nos eixa, então, duas categorias de pessoas com sérios problemas, e nem consigo me imaginar como pai - professor nem tanto, pra eles um aluno quietinho, mesmo que pelos motivos errados, é lucro - tendo de lidar com a situação.
ResponderExcluirQuanto ao filme, bom, não sou o maior fã das produções que narram a rotina escolar americana, todo mundo já tá de pé inchado de saber que o colegial é difícil, tem a divisã opor castas e grupos, a gostosona líder de otrcida que mora com uma mãe abusiva e não é tão feliz quanto parece, enfim...
Adorei o post. Grande abraço.
Gostei muito da sua resenha, você soube avaliar muito bem os prós e contras da história desse filme. E quanto à temática acredito que não é só porque uma pessoa é desmotivada em relação à escola, vai ser em relação à outras. Eu pensou que uma pessoa é assim justamente porque seus interesses principais não se aprende na escola, ou algo do tipo. Nunca vi esse filme, mas agora me despertou a curiosidade.
ResponderExcluirThoughts-little-princess.blogspot.com
Antes de chegar ao meio da resenha, estava exatamente pensando que o filme deveria ser parecido com "As vantagens de ser invisivel".
ResponderExcluirGosto muito de sua forma de avaliar livros e filmes, é bem legal!
Ainda não assisti a esse filme, mas quem sabe numa proxíma sessão pipoca. rs
Oie Isa
ResponderExcluirnão tem como ler o início da resenha e pensar em As vantagens de ser invisível (espero que tenham feito uma boa adaptação), mas que pena que o romance vazio e os clichês estragaram o filme. Ainda assim vou assistir pelo início.
bjos
Eu não vi As Vantagens de Ser Invisível, por tanto não poderei comentar o mesmo que a maioria aqui.. Porém, no início da resenha pensei que fosse me deparar com um filme profundo e não cheio de clichês com mais uma Bella Swan. Uma pena que um filme que tinha tudo para dar certo não passou disso. E eu conheço o título brasileiro e nunca quis assistir porque sempre achei que não combinava comigo... Agora apenas confirmei isso.
ResponderExcluirGislaine,
atualizado, comenta?
http://jeito-inedito.blogspot.com
Sabia que conhecia esse rostinho! É o menininho fofo de A Fantástica Fábrica de Chocolates!! Tão fofo!! rsrs Voltando a resenha do filme, eu adorei! Adorei a resenha! E acho que o filme deve ser bem legal. Gosto de coisas assim, parecem mais reais, tipo, quando ele se apaixona pela garota sem sal, e não por uma garota incrível, linda, rica, que esnoba todo mundo. Acredito que seja mesmo o tipo de livro que te coloca pra pensar.
ResponderExcluirBeijos,
Marcelle
bestherapy.blogspot.com
Oi Isabel!
ResponderExcluirNossa, como o Freddie Highmore está grande / eu estou velha O_o
Pena que o filme não foi tão bom quanto você pensava... Mas ainda assim, quero assistir.
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Achei que você fosse dar uma nota boa pra esse filme. Na verdade, sua análise está maravilhosa, pegou bem o embalo dos questionamentos e, sem puxar seu saco, chegou a ir além do que o filme realmente é - mesmo no começo. Foi uma decepção absurda quando assisti, mas não pude deixar de admirar os cenários, a iluminação e os enquadramentos, que são ótimos. E os vômitos na rua. De resto, nem ouso deixar tocar minha estante.
ResponderExcluirAh, que triste, eu baixei esse filme há meses e ainda não parei para assistir e fiquei desanimada ao saber que você não gostou. Adoro as dicas de filmes que você dá, e eu achei que esse filme fosse bom =/ Mesmo assim ainda irei assistir, mas sem esperar grande coisa heheh
ResponderExcluirNão sabia sobre essa Amanda Todd. Fiquei chocada com o que aconteceu com ela. E o pior é que nós acabamos julgando pessoas sem conhecê-las. Quanto ao filme, faz tempo que quero assisti-lo e fiquei decepcionada em saber que não é tão bom assim. Mesmo assim, acho que devo dar uma chance ao ator, que também acho incrível!
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