Capas de livros são importantes para mim. Mais do que algo
que somente protege o miolo, capas são uma amostra grátis uma ideia geral do
livro e (porque não?) uma espécie de objeto decorativo.
Já comprei e deixei de comprar uma quantidade ridiculamente
grande de livros graças a sua arte de capa. Algumas editoras (muitas grandes,
aliás, anulando a desculpa da falta de dinheiro para capistas decentes)
escorregam feio nesse aspecto, me fazendo crer num problema de visão coletivo
dos envolvidos com a produção; outras me deixam boquiaberta, admirando suas
capas por minutos e minutos como uma obra de arte em um museu.
Comprei Aprisionada pela
capa (que é ainda melhor ao vivo graças a textura) e apesar deste ter me
oferecido uma leitura mediana, servirá muito bem para enfeitar minha estante.
Para quase todos nós, a data da morte é algo incerto. Por um
lado é extremamente positivo, já que a suposição de longevidade nos faz
construir coisas, e não somente usufruir
delas – mas a dor de quem perde um ente querido repentinamente e o medo de que
não cheguemos vivos em casa a noite é bem real.
Em Aprisionada, a
ciência moderna criou uma geração forte, saudável e quase imortal, mas com
filhos de, digamos assim, menos sorte. Não há a exclusão de um acidente
repentino, mas há a existência de um prazo de validade para a tal “segunda
geração”: 20 anos para as mulheres e 25 para os homens
Com só a América do Norte sobrevivente ao cenário-base de distopias
(guerra, fome etc) as coisas estão uma bagunça, a escassez do povo em contraste
com a opulência das grandes casas – uma espécie de nova aristocracia, com os
governadores de casa comandando um batalhão de empregados (em sua maioria,
órfãos literalmente leiloados para a labuta).
Não é só essa “nova aristocracia” que relembra uma retomada
dos velhos costumes (ou atuais, se considerarmos outras partes do mundo):
garotas são seqüestradas e vendidas para casamentos forçados com os
governadores de casa. Para algumas meninas – crianças órfãs e prostitutas, por
exemplo – ser escolhida é uma benção; para outras, uma maldição.
A sempre cuidadosa Rhine se torna uma dessas garotas,
escolhida pelo Senhorio Vaughn para casar-se com seu filho, o governador Linden,
graças a heterocromia de seus olhos – um é verde e o outro castanho. Aos
dezesseis anos, ela é a “esposa do meio”: Cecily, de treze e Jenna, de dezoito,
também se casam com Linden.
A casa é bastante confortável, suas esposas-irmãs são quase
sempre uma boa companhia e Linden realmente a ama – mas Rhine quer sua
liberdade, e quer voltar para Rowan, seu irmão gêmeo e única família que lhe
resta no mundo. Completando com a excentricidade de seu sogro (que passa os
dias dissecando cadáveres, a fim de encontrar uma cura que faça Linden
ultrapassar a data mortal do aniversário de vinte e cinco anos), a fuga é a
coisa mais lógica a se fazer.
Aprisionada é tão
morno que nem sei exatamente o que não gostei nele. O desenvolvimento é um
pouco lento, mas isso geralmente não é um problema (adorei Delírio, por exemplo, que compartilha dessa característica). A
escrita da autora é bastante bonita e poética, mas estruturalmente ela cometeu
o erro de colocar poucos “problemas de percurso”, mistérios e subtramas –
graças a isso eu não ficava curiosa como o usual entre uma sessão de leitura e
outra.
Rhine crê ser bastante calejada – e de fato é, mas detesto
quando personagens reafirmam quaisquer características sobre si mesmos. Isso revela
uma certa insegurança do autor: talvez Lauren DeStefano tenha tido dificuldades
de enxergar Rhine como uma pessoa real, e viu a auto-declaração como a única
maneira de expressar sua personalidade. Erro, erro, erro.
Linden é um pouco ingênuo demais, e tomar uma menininha de
treze anos como esposa não me inspira simpatia. A única personagem que de fato
me apeguei foi Jenna – seu escudo em forma de introversão me pareceu o mais
crível e bem desenvolvido dentre todas as personalidades no livro.
Aprisionada é uma
trilogia e, mesmo tendo classificado o livro como mediano, provavelmente lerei
seus outros volumes – minha curiosidade e a aparência da minha estante
agradecem.
Oie Isa
ResponderExcluireu comprei esse livro exatamente pela capa - que é linda pessoalmente - mas ainda não o li. Imaginava uma distopia, mas totalmente diferente, jurava que tinha um forte romance, mas pelo visto me enganei. Mas ainda assim sua nota foi satisfatória, o que me leva a ficar curiosa sobre o livro.
bjos
Já ouvi falar desse livro, principalmente por causa da capa. Vários blogueiros e bookaholic acharam-na linda e eu concordo. Não julgo muito livro pela capa, na verdade, quanto mais simples e estranha, mais eu gosto (acho que isso é julgar, não é? haha). De qualquer forma, apesar de ter achado morno, fiquei com vontade de ler.
ResponderExcluirJá deixei de ler muito livro por causa da capa: o que não é lá uma boa ideia. Especialmente pq esteticamente cada um tem um gosto, esta capa deste livro por exemplo, eu não compraria nem morta...rs
ResponderExcluirEu adoro comprar livros pela capa, e essa tá realmente lindíssima. Não o compraria pq é de uma série e estou fugindo delas no momento, haha. Mas assim como você se eu tivesse comprado ele, também compraria os outros volumes. E a estante agradece 2!!
ResponderExcluirBeijo!!
Compartilho da sua opinião em tudo, inclusive o comentário sobre capas. Só que eu não pretendo ler as sequências. Só me importei mesmo com a Jenna, e como a autora já "resolveu" a personagem logo, não ligo pro que acontece com os outros.
ResponderExcluirObrigada pela visita la no blog!
ResponderExcluirEu tb vejo muito a capa do livro e 99% das vezes eu compro ou rejeito um livro por causa dela.
Esse livro tem a capa muito bacana, mas nao sei se leria... Pela resenha parece muito agua com açucar e nao despertou minha curiosidade. EU li Delirio, mas por ser floreado eu nao curti muito.
Gostei da sua resenha. Ajudou a saber mais desse livro
Bjokas
Flavia - Livros e Chocolate
"Já comprei e deixei de comprar uma quantidade ridiculamente grande de livros graças a sua arte de capa." ----> Parece eu falando. Claro, meu vocabulário não é tão bonito, então eu provavelmente falaria: "Já comprei um caralhão de livros por causa das capas." Mas acredito que compartilhamos desse amor pelo design de capa, sinceramente, é a coisa que eu mais aprecio em um livro, antes mesmo da história! Se um livro tem uma capa bonita pra mim, então eu dou muito mais chances à ele, perdoando eventuais deslizes só pela ótima direção gráfica. Contudo, se tiver uma capa não tão boa (com exceção dos livros da Richelle Mead), eu já começo a apontar cada defeitinho. CLARO que uma capa não define em todo minha opinião sobre a obra, mas influência.
ResponderExcluirAcho, assim como você, a capa de Aprisionada um colírio para os olhos, mas compreendo que talvez a estória não tenha sido tão bem desenvolvida como poderia, confesso que só não comprei ele até hoje porque sua avaliação no skoob estava abaixo de 4 estrelas e acredito agora que não comprarei mesmo, nada contra especificamente, acho que talvez eu até fosse gostar da trama mesmo sendo mediana. Mas ando precisando de livros arrebatadores, inesquecíveis, sabe?
OBS: ultimamente, ando percebendo algo em relação a Underworld: capas lindas, histórias nem tanto.
Ótima resenha!
Dá uma passadinha lá no blog?
Beijos.
Caroline.
http://comaliterario.blogspot.com.br/
Pronto, me convenceu mais ainda a ler esse livro, você não tem noção de como o quero, desde que li sobre ele nos blogs do exterior eu tenho uma vontade de imensa de ler a estória de perto. Tenho duas distopias aqui para ler e ainda não li nenhuma, mas assim que ler, tenho certeza, vou correr pra comprar mais essa.
ResponderExcluirBeijos e parabéns pela resenha, como sempre, você escreve maravilhosamente bem. Tudo Tem Refrão
Sou apaixonada pelas capas da saga "Desventuras em Série", do livro "A Imitação da Rosa" (minha preferida até agora) e de "Orgulho, Preconceito e Zumbis" (cuja capa compensa o conteúdo deplorável do livro). Julgo o livro pela capa mesmo, e atire a primeira pedra quem nunca fez isso. Aliás, como quero ser designer, uma de minhas fantasias é justamente elaborar uma capa para um livro... Delirinho *-* ! Aprisionada me pareceu interessante, algo como uma neo-rapuzel sem longas tranças e aprisionada por um casamento, mas pelas suas críticas, suponho que a autora teve muitas ideias mas não soube encaixá-las e organiza-las no livro, deixando-o um pouco vago. Mas quem sou eu pra julgar? Abandonei vários projetos "literários de ficção" por não saber o que colocar no próximo capítulo. Isso, é dom de fortes.
ResponderExcluirBeijos ;*
Realmente a capa de um livro vai além de proteger seu conteúdo interno. Eu sou o tipo de leitora que me sinto atraída por alguns livros, principalmente por causa de suas capas.
ResponderExcluirJá vi algumas resenhas deste livro, e cheguei a ficar curiosa, mas sua resenha hoje me deu um outro ponto de vista para essa história. Se um dia surgir a oportunidade estarei lendo com certeza, porém não é nada tão urgente, isso de tomar uma menininha de treze anos como esposa também não me agradou muito.
xoxo
http://amigadaleitora.blogspot.com.br
Bel, isso de comprar livros pela capa é algo que afeta a todo bom leitor pela menos uma vez na vida, ahahaha. Acontece mesmo, e nem sempre a expectativa é superada. Pelo menos você achou a história mediana... eu, no meu caso, acho que não teria vontade de continuar. Ou, sei lá... também sou tããoo curiosa. AHAHAHA
ResponderExcluirAdorei a resenha!
Um abraço!
http://universoliterario.blogspot.com.br
Ai que merda, escrevi um comentário enorme e deu erro na hora de enviar! mimimi
ResponderExcluirEnfim, eu tinha falado que também sou assim, compro ou deixo de comprar certos livros apenas pela capa. Além de ler a continuação de muitas séries/trilogias que não gostei tanto por pura curiosidade :p hahahahahah
Faz tempo que estou com vontade de ler Aprisionada, só não sei quando terei oportunidade. Ando lerda nas leituras, ou melhor, nem estou lendo =(