Tem gente que vê o “preconceito” contra livros Young Adult e
Chick-lit como algo injustificável.
Eu não vou tão longe. Não, eu não concordo com as afirmações
de que os supracitados gêneros são lixo e não ensinam nada a seus leitores. Mas
há de se admitir que livros nesse estilo são mais comerciáveis, e o sendo, tem
de ser feitos com linguagem mais acessível e trama mais simples.
O que não quer dizer que eles tenham pouco a oferecer em
termos de reflexões aos seus leitores. As
vantagens de ser invisível, por exemplo: como abordar temas complicados
tipo relações familiares, drogas e preconceito atingindo tão bem o público
jovem?
Mas ao contrário dos livros tido como “sérios”, infelizmente
há como dissociar a parte reflexiva do enredo, compreendendo mesmo sem precisar
pensar muito. Deixe-me pegar um exemplo recente: no lançamento da adaptação
cinematográfica do sucesso Jogos Vorazes,
vários fãs se mostraram revoltadissimos quanto a mesma. A razão? O fato dos
tributos do distrito 11, Rue e Thresh, serem encarnados por atores negros.
Jogos Vorazes fala
sobre opressão, diferenças sociais e o poder da mídia. Sendo o racismo uma
expressão da primeira, tendo a segunda como conseqüência e a terceira como
auxiliadora, está intimamente envolvido em todas essas questões. Alguém que diz
que não conseguiu sentir pena em uma cena de morte porque a atriz em questão era
negra certamente não entendeu a mensagem.
O contrário também acontece – alguns leitores de YA e
chick-lit torcem o nariz para livros mais “sérios”. Às vezes estou entre essas
leitoras, fugindo de obras que pareçam ser mais complicadas, as vezes não. Fiquei
louca por Cosmópolis ao ler a resenha
do mesmo aqui, e já pela taciturna citação de início pude perceber a
complexidade que estava diante de meus olhos.
Eric Parcker é extremamente rico e bem sucedido; a imagem do
self-made men da geração Y que, graças a uma compania de internet, construiu
bilhões e bilhões. Em uma manhã pós insônia – a sensação de não estar nesse
mundo depois de uma noite sem dormir é perfeitamente descrita – Eric decide:
quer cortar o cabelo.
Não haveria dia mais inconveniente, já que o presidente está
na cidade, engarrafando tudo com sua escolta; um estranho protesto
anti-globalização ocorre na Times Square e o iene cai, deixando a fortuna de
Eric em perigo.
Mas seu chefe de segurança não consegue dissuadi-lo,
lançando numa jornada de um dia inteiro em sua limusine luxuosa e moderna. No
caminho, Eric perde bilhões, tem encontros amorosos e reuniões de negócios.
Seria estupidez tentar capturar a essência de Cosmópolis: cada parágrafo é uma aula,
uma reflexão extensa. Em pouco mais de duzentas páginas, DeLilo nos apresenta
uma perspectiva niilista sobe a globalização, a modernização e o ritmo
estupidamente acelerado de nossas vidas. Não é um livro para se ler com
qualquer estado de espírito. Cosmópolis demanda
atenção, demanda fôlego.
OBS.: Promoção ainda rolando!
Esse preconceito existe mesmo, na verdade, mesmo que a maioria dos leitores neguem, provavelmente já se encontraram na situação de rejeitar um livro por ele ser sério ou 'infantil' dms. Esse livro parece ótimo e uma leitura para arriscar, quanto ao que vc citou [ As vantagens..] estou louca para lê-lo, uma amiga minha leu e disse que é maravilhoso, enfim, né? rs
ResponderExcluirBeijo!
obrigada por comentar no meu blog
ResponderExcluirah mana isso acontece mesmo, o pessoal tem preconceito com diversas coisas, ainda mais com livros que tem um pouco do lado infantil.
adorei tudo :)
estou seguindo seu blog
Oi, Isabel! Já fui do time que não aceita o preconceito com young adult e chick-lit. Depois que entrei pra Letras comecei a entender por que algumas pessoas têm essa visão super negativa dos gêneros - dos livros, e não das pessoas que leem -(e, não, não foi porque virei uma leitora de nariz empinado, mas porque comecei a estudar literatura e a gente passa a ver livros com outros olhos, a buscar outras coisas neles e não só histórinhas legais, mesmo não querendo). Só o que não me desce é o arzinho de superioridade de algumas pessoas que "não leem livros comerciais" como se isso fosse um crime, julgando quem lê como "inferior".
ResponderExcluirEu particularmente nunca tive preconceito com livros ditos "sérios", só não sentia muita vontade de ler (até porque é bem mais difícil escolher algum). Isso está mudando aos poucos, ainda bem. Cosmópolis, por exemplo, é um livro que eu não leria de jeito nenhum há uns dois anos, mesmo com a sua resenha falando tão bem.
Eu ouvi falar bastante do filme (mais falar mal do que bem, na verdade), mas acabei não assistindo por conta de tantas críticas negativas. Pelo que você falou do livro, parece o tipo de coisa que não dá tão certo no cinema mesmo (talvez esteja errada, mas foi a impressão que fiquei). Já imagino que o livro seja muito melhor, e penso que deveria fazer uma tentativa de ler quando tiver um tempo.
Ah, para mim também não desce muito bem. Não assisti o filme, mas ao terminar de ler o livro, me perguntei como o roteirista conseguiu ahaha É basicamente um livro reflexivo, a ação fica completamente em segundo plano - então ou se é muito bom com adaptações do tipo ou se falha.
ExcluirGENTE! Nunca fosse imaginar que Cosmópolis tinha essa história (acho que nunca parei para ler a sinopse) nem mesmo que fosse ser tão bom como vc disse (esperava algo mais ação, hm, não sei). Mas vc me deixou com muita vontade de ler o livro!
ResponderExcluirTb chorei com o fim de As Vantagens de ser Invisível. Um livro tão fininho, mas tão emotivo e bem escrito <3
Beijos!
Ei Isabel, eu morro de vontade de ler essa obra desde que li os comentários da Luara também, parece ser rica, interessante e muito boa.
ResponderExcluirTambém sou daquelas que não se pode classificar como leitora disso ou daquilo. Eu leio de tudo, só existem momentos que eu me apego mais a um ou outros estilo, e adoro ser assim. Acho que qualquer pensamento crítico só vem do conhecimento de muitas áreas (quiçá um pouco de cada).
Beijos
Oi
ResponderExcluirFiquei com muita vontade de ler o livro! Adorei a resenha
Oie Isabel!
ResponderExcluirNão sabia que era livro! Aliás, esse livro é aquele que tem o filme e como astro principal Robert Pattinson? porque se for, minha prima fica dizendo toda hora que quer assistir, me chamando pra ir com ela... Mas não senti muita vontade.
"Cosmo" significa "mundo, universo" em... Grego, certo? E "polis"?
Bem, gostei da resenha!
Bjs,
Ariane;)
Nossa, amei a resenha!!! O filme de Cosmópolis não instigou a minha curiosidade, mas acho que lendo o livro vou gostar, sim!!! Me pareceu muito bom, e também ameeeei As Vantagens de Ser Invisível :)
ResponderExcluirBeijos, e obrigada pela visita no meu blog! ^^
http://spaceindaze.blogspot.com
Livros YA e Chick-lit são mais entretenimento puro e as reflexões, aprendizados, etc. são meio que um "extra", caso exista. São divertidos e me fazem feliz então O.K. HAHAHAHA, mas concordo, essa coisa de torcer o nariz para livros mais complexos... Nunca tinha ouvido falar do livro ou do filme (pois é), vou pesquisar.
ResponderExcluir