Depois que abri o blog, o número de livros que comprei
aumentou substancialmente – até chegar no atual absurdo de cinqüenta e uma
obras na estante não-lidas.
Mas com o aumento no número de livros veio um aumento de
experiência: agora raramente compro ou começo a ler livros que me desagradam
por completo – é só ver a média das notas que dou para os mesmos em minhas
resenhas, raramente mais baixa do que B+. Não é porque sou pouco crítica (acho
que o caso é até o contrário); só escolho bem o que vou ler.
De vez em quando, acontece desse meu “olho clínico” falhar e
algum livro em especial me oferecer uma experiência totalmente o contrário do
esperado – não da forma fascinante e maravilhosa, e sim negativa. Foi assim com
Todas as coisas que eu já fiz.
Nova Iorque, 2083. O mundo está um caos (existe uma
perspectiva de futuro no qual ele não esteja?), dominado por catástrofes ambientais
e guerras. Como é comum em situações como esta, símbolos são escolhidos como
inimigos públicos, culpados por todo aquele desespero – nesse caso, não os
judeus, negros ou homossexuais, e sim o café e o chocolate.
Dá-me dor de cabeça só em pensar em um mundo sem café, mas o
que Anya Balanchine sente quanto a isso é muito pior: sua família composta de
mafiosos russos é dona de uma das maiores fábricas de chocolate do mundo,
tornando bem difícil para a estudante de dezesseis anos se manter longe de
confusão. Seu pai e sua mãe foram assassinados anos atrás por inimigos da
família; o mesmo acidente que vitimou seu irmão Leo, deixando-o com leves
problemas mentais – que, apesar de não inviabilizarem a vida em sociedade, o
tornam um péssimo candidato a guardião legal de Anya e sua irmã, Naty.
A única solução para este núcleo da família Balanchine é
manter a matriarca e avó de Anya viva o maior tempo possível, ligando-a a
máquinas. Com os problemas de saúde de Leo, a pouca idade de Naty e o fato da
avó não poder deixar o quarto, sobra para Anya a resolução dos problemas –
tanto os simples e cotidianos de uma família e os advindos da condição de
nascença de ser filha de um dos maiores mafiosos de todos os tempos.
Algumas distopias são frenéticas, como Jogos Vorazes, e outras, como Delírio,
são lentas e reflexivas. Todas as coisas
que já fiz pertence a essa última categoria – na verdade, é discutível até
mesmo o rótulo de “distopia”: embora o mundo em que ele se passe seja bem
diferente e com menos esperanças que o nosso, as relações familiares de Anya
roubam a cena.
Anya é, ao mesmo tempo, o ponto mais forte e mais fraco do
livro: aprecio a maturidade com que ela cuida de sua família e o fato de que
ela faria tudo por ela; mas as lamentações por ter que fazê-lo são excessivas
em alguns pontos. Também acredito que o
meio influencia de forma muito pesada na personalidade, e é impressionante que
ela resista tanto em tomar parte nos negócios dos Balanchine.
Alguns personagens secundários, como Scarlet, melhor amiga
de Anya, e Naty, sua irmãzinha, merecem um grande destaque – ambas são bastante
divertidas, o tipo de pessoa que você convidaria para vir em sua casa num
sábado a tarde para comer e falar besteira. Win, par romântico de Anya, não me
agradou muito, assim como o romance em si: desde o início, é óbvio que a filha
da máfia vai se atrair pelo filho do chefe da promotoria. Dá para ficar mais
clichê?
Não sei se leria os próximos volumes da série, já que o
enredo desse volume foi meio meh. Acontecem várias coisas empolgantes, mas
creio que faltou a Gabrielle Zevin a habilidade necessária para costurá-los.
Uma pena: dramas familiares são bem subestimados quando se trata de YA e sendo
família (não só a tradicional, mas a baseada em carinho e proteção) uma quase
constante humana, é um grande problema que há de se resolver.
Isabel, não sei se entendi bem, mas achei o enredo do livro bem viajadão né? Não conhecia o livro, mas estou meio que saturado de distopias - acho que o mercado como um todo está - então se lerei será bem depois.
ResponderExcluirE tenho que dizer: gosto da forma como disseca suas resenhas, esse tom cai muito bem em quem fala com propriedade.
Eu tbm depois qe criei o blog minha lista de leitura aumentou bastante - não estou reclamando rsrrs.
ResponderExcluirAdoro distopias, mas as vezes fico até em dúvida se um livro é distópico ou não - como por exemplo O Clã dos Magos que estou lendo - Todas as coisas que eu já fiz parece ser chato, não curti o enredo, achei meio infantil #mejulgue.
Gostei da resenha, como sempre gosto..
Beijos =*
O livro me parece bem "zen". Talvez seja o tipo de leitura que faria depois de sair de um livro muito tenso.
ResponderExcluirDificilmente eu acabo avaliando um livro com nota baixa, eu escolho bem antes de comprar. Resenha excelente ;D
Oie Isa
ResponderExcluiresse bicho de comprar livros tmb me pegou depois que criei o blog rs
eu tenho pra mais de 100 livros não lidos, e sempre surge algo de parceria, e eu acabo deixando os que compro de lado :(
tmb costumo escolher muito bem minhas leituras,e por isso raramente desgosto de algum livro totalmente.
Adoro distopias, ainda mais quando envolve drama familiar.
BJos
Nossa, estou na mesma que você, devo ter uns 50 livros para ler e alguns nem são meus haha
ResponderExcluirQuanto a história, achei ela beeeeem viajada O_O Por que diabos proibir chocolate e café?
Mas achei interessante, é diferente e clichê ao mesmo tempo, talvez valha a pena ler.
De onde veio essa ideia louca do café e do chocolate? A autora dá pelo menos uma explicada básica de como a situação foi parar aí? Pelos deuses!
ResponderExcluirAcho que esse distúrbio louco de comprar e acumular livros tem em todas as blogueiras literárias, hahahaha. Eu também tenho um monte na lista, e vários são emprestados! D:
Beijos.
Amor, Ana.
http://quemprecisaviver.blogspot.com.br/
Adorei a sua resenha! Não é bem o meu estilo de livro, mas achei interessante..
ResponderExcluirBeijinhos ;)
Ann
http://www.vinteepoucos.com.br/
Acho que os distópicos correm os mesmos riscos daqueles de vampiros - ficarem tão "na moda" que perdem a graça, na maioria dos casos.
ResponderExcluirNão me interessou essa história, ainda mais querendo colocar a culpa no chocolate, pobrezinho! rsrs
Beijos
Oi!
ResponderExcluirParabéns pela resenha!
Até o momento ainda não li nada relacionado a distopia, mas interesse é o que não me falta. Logo pela capa, pude imaginar outra temática relacionada a esse livro, mas creio que passei longe ._.
Beijos :*
http://musicaselivros.blogspot.com.br/
Oi Isabel!
ResponderExcluirEu gosto de distopias, mas pelo jeito esse livro não é dos melhores.
Eu também comecei a ler e comprar mais depois que comecei o blog, antes não lia tanto :)
Também tento escolher os melhores livros pra ler, mas nem sempre a gente acerta, né!
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Ainda não entrou na minha lista: VOU LER.
ResponderExcluirachei a sinopse um pouco confusa.
mas sua resenha ta ótima.
adorei
bjs
www.amodernpinup.com
Vi esse livro quando ainda estava em inglês e imediatamente fiquei louca para comprar. Mas agora sei que preciso baixar um pouco as minhas expectativas.
ResponderExcluirBeijos!
http://thebooksthief.blogspot.com/
Não conhecia o livro e ao ver a capa imaginei uma história completamente diferente heheh
ResponderExcluirMuito chato quando não gostamos de um livro que pensávamos que iriamos gostar =/
Eu geralmente leio a continuação dos livros, só não se for realmente ruim :p